Universidade capacita procuradores e promotes de justiça
A convite do Ministério Público de Santa Catarina, a UFSC oferece nesta sexta-feira, 30/3, um curso para procuradores e promotores de ]justiça do estado que trabalham na área ambiental. A capacitação será realizada durante todo o dia, no prédio da Procuradoria-Geral de Justiça, Centro da Capital, pela equipe do Laboratório de Ecologia Florestal, ligado ao Departamento de Botânica do Centro de Ciências Biológicas (CCB). Cerca de 70 procuradores devem participar.
Há vários anos o laboratório da UFSC trabalha no desenvolvimento de tecnologias para recuperação de áreas degradas. Com a transferência de conhecimentos a partir do curso, a fundamentação científica poderá subsidiar a elaboração dos Termos de Ajustamento de Conduta (TAC). No caso de Santa Catarina, a principal preocupação está voltada à regeneração de locais comprometidos pelas atividades de rizicultura, suinocultura, silvicultura e fruticultura. “A universidade desenvolveu tecnologias ecológicas e baratas que podem ajudar, com respaldo técnico, a melhorar a qualidade ambiental do estado”, explica o coordenador do Laboratório de Ecologia Florestal, professor Ademir Reis.
De acordo com o professor, o princípio básico da equipe é priorizar estratégias de restauração que facilitem os processos naturais dos ecossistemas. Entre as técnicas estão os poleiros artificiais, os refúgios para a fauna, a transposição de solo e a chuva de sementes. Os poleiros artificiais são usados para atrair pássaros e morcegos, que assim reencontram na área degrada local de repouso e caça. Ao mesmo tempo, essa fauna deixa sementes no local que precisa ter a vegetação restaurada. A equipe também cria refúgios, mantendo montes de galhos e pedras, que se tornam locais para alimentação e reprodução da fauna. A transposição de solo permite que pequenas parcelas de terra de áreas visinhas sejam levadas para a região degradada, trazendo microorganismos e sementes de volta.
Outra técnica prevê que estruturas para coleta de sementes sejam distribuídas nas imediações. Depois estas sementes são levadas para a área degradada. A tradicional plantação de mudas também adotada, mas não é uma prioridade para a equipe. De acordo com o professor, em conjunto, todas as tecnologias não devem ocupar mais de 5% da área a ser restaurada, para que o restante seja propício às “eventualidades da natureza”. “Todas estas tecnologias são apenas gatilhos para que aos processos naturais sejam recuperados”, explica o professor, ressaltando que usar apenas a plantação de mudas ( o que geralmente é feito) impede a expressão das dinâmicas da natureza, fundamentais para recuperação da vegetação em áreas tropicais, onde a principal característica é a biodiversidade (grande número de espécies animais e vegetais).
Conhecimentos sobre os chamados “processos de sucessão” da vegetação nativa e sobre as tecnologias de regeneração fazem parte da programação do curso. Além do professor, três pós-graduandos (Alexandre Siminski, Deisy Regina Três e Karina Vanessa Hmeljevski), integrados do laboratório, ministram a capacitação.
Mais informações na UFSC com o professor Ademir Reis, fone 48 3721 8539, e-mail: areis@ccb.ufsc.br
Por Arley Reis / Agecom