Um dos fundadores da UFSC recebe homenagem
As comemorações do centenário de George Agostinho da Silva começaram em 2006 e continuam este ano em diversos países, incluindo Portugal continental e ilhas, Timor, Galiza, Macau, Goa, Brasil, Canadá, África do Sul, Bélgica e França.
Para reverenciar a vida e a obra do ex-professor da UFSC de Literatura Portuguesa, filósofo, poeta e escritor, a diretora do Centro de Comunicação e Expressão, Viviane Heberle, os professores Lauro Junker, presidente da Academia Catarinense de Letras, e Sílvio Coelho dos Santos, ex-pró-reitor de Ensino, e Amândio Silva, secretário executivo da Fundação Agostinho da Silva, de Portugal, organizaram quatro dias de evento.
Hoje, dia 27, será inaugurada a exposição foto-bibliográfica “Agostinho da Silva: Pensamento e Ação”, incluindo um painel com documentos da UFSC que marcaram sua trajetória. A mostra fica em cartaz até sexta-feira, dia 30, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC, 2º andar, nas salas Aroeira e Pitangueira.
Na quinta-feira, dia 29, das 10h às 12h, serão realizadas duas palestras sobre os 100 anos do professor. A primeira,“Lembrança de Agostinho em Santa Catarina”, com Pedro Agostinho da Silva, professor de Antropologia da UFBA. A segunda, “Reviver Agostinho no Brasil”, com Amândio Silva, seguida da exibição do documentário “Presença de Agostinho da Silva no Brasil”.
À tarde, das 14h às 16h será exibido o filme “Agostinho da Silva – Um Pensamento Vivo”, com apresentação de João Rodrigo Mattos.
A entrada é franca. Outras informações pelo telefone 3721-9351.
Biografia
O mestre Agostinho da Silva, nascido no Porto em 13 de fevereiro de 1906, correu o mundo procurando aproximar as antigas colônias portuguesas com Portugal e o Brasil, através da criação de centros de estudos e de intercâmbio cultural. Exonerado pela ditadura de Salazar nos primeiros anos de sua vida profissional, o mestre circulou por alguns países europeus, pela África e pela Ásia, acabando por chegar ao Brasil nos finais dos anos quarenta. Atuou em diferentes instituições e em particular em universidades.
Na Bahia, onde viveu algum tempo, criou um Centro de Estudos Afro-asiáticos. Aqui em Florianópolis, na antiga Faculdade Catarinense de Filosofia, fundou um Núcleo de Estudos Africanos. Em Santa Catarina, durante o governo Jorge Lacerda sugeriu a criação do Departamento de Cultura, que conseguiu instalar junto com o professor Walter Piazza.
Criada a Universidade Federal de Santa Catarina, Agostinho da Silva transformou-se numa fonte de consultas para o grupo liderado pelo professor Ferreira Lima, responsável pela instalação da nova instituição e seu primeiro reitor. Logo em seguida, em 1962, foi atraído por Darcy Ribeiro, então ministro da Educação, para colaborar na implantação da Universidade de Brasília. Deixou Florianópolis, entretanto, sem se desligar da UFSC e de seus amigos. Em Brasília, foi um dos baluartes da UNB, até ocorrer à intervenção dos militares, nos idos de 1968. Com a queda de Salazar, regressou a Portugal, onde se radicou, refazendo velhas amizades e articulando política e diplomaticamente diversos projetos envolvendo tanto os países de língua portuguesa, como seus inumeráveis ex-alunos, amigos e admiradores.
O mestre tinha trânsito fácil entre intelectuais, políticos, poetas e cientistas. Era amigo de Mário Soares, seu ex-aluno, como de tantos outros. Sua extensa obra, bastante dispersa, felizmente está sendo reeditada e não poucos têm sido os esforços no Brasil em Portugal para recuperar sua fértil trajetória intelectual. O professor George Agostinho da Silva foi um excepcional disseminador de idéias, de ensinamentos, de instituições e de vivências democráticas.




























