UFSC incentiva Trote Solidário

14/03/2007 18:59

No dia 19 desse mês, novos calouros ingressarão na UFSC. O medo do trote sujo se renovará e a ansiedade dos recém-chegados ficará evidente na primeira semana de aula. Proibido desde o ano de 2000, através da Resolução N°10 do Conselho Universitário (Cun), o “trote sujo” ainda acontece na UFSC. Tanto veteranos como alguns calouros não aceitam deixar de lado a “inauguração acadêmica” que sem uma coordenação pode passar dos limites.

Na Resolução N° 10 emitida pelo CUn em 25 de julho de 2000, ficou determinado que a participação de alunos da UFSC em ações de trote que causem a qualquer pessoa coação, agressão física e moral, qualquer forma de constrangimento ou resulte em atos lesivos à propriedade, implicará na eliminação da universidade ou na aplicação da pena de suspensão de até 30 dias, com a conseqüente proibição de reposição de avaliações e aulas no período correspondente.

Segundo Corina Martins Espínola, pró-reitora de assuntos estudantis da UFSC, a expressão “trote sujo” se refere normalmente às atividades de trote sem coordenação adequada, que podem provocar algum tipo de coação. Corina ressalta que desde 2004 a pró-reitoria busca formas alternativas para começar a acolher os recém-chegados. “Foi constatado que muitos alunos na primeira semana de aula, que é decisiva, faltam com medo de que o “trote sujo” aconteça”, conta.

Assim, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) conversou com os Centros Acadêmicos (CAS) e em parceria com o Banco do Brasil lançou, em 2005, o programa “Trote Solidário”. A proposta é substituir a “brincadeira” tradicionalmente descoordenada por atividades educativas, sociais e de lazer, que despertem o espírito voluntário e a consciência cidadã. Arrecadação de livros, roupas, material de limpeza, doação de sangue e visita a entidades sociais são algumas das atividades já realizadas.

Após a realização do “trote coordenado e solidário” e a avaliação geral dos eventos ocorridos, os CAs que se destacam são premiados em dinheiro: R$1.500 para o primeiro lugar, R$750 para o segundo e R$500 para o terceiro. Também faz parte da premiação um passeio a ser definido pela PRAE. A inscrição dos CAs para participar do “trote solidário” começa no dia 19 de março, vai até o dia 13 de abril e é feita através de uma ficha que pode ser adquirida na PRAE.

O “trote violento” é proibido na UFSC desde 1997, pelos artigos 127 e 128 dos cursos de graduação da universidade. Agora, a Resolução N°10 altera esses artigos acrescentando certas determinações a respeito da coordenação da atividade de trote. O artigo 127, por exemplo, passou a determinar também que “cada unidade de ensino deverá organizar semestralmente um Comitê de Recepção aos Calouros, indicado pelo respectivo Conselho, com a participação da Direção da Unidade, de professores e alunos”.

Assim, os Centros Acadêmicos só podem organizar as atividades de recepção, que devem possuir alguma atividade social paralela, se a diretoria do respectivo curso estiver ciente. Como existem calouros que fazem questão de serem pintados e sujos, algumas coordenadorias de cursos permitem um tipo moderado dessa atividade dentro do campus.

“Em uma atividade de recepção o principal é não obrigar alguém a fazer o que não quer e não levar as pessoas a acreditarem que serão excluídas da turma se não forem submetidas às atividades de trote. Isso seria um autoritarismo. Devemos mostrar que a pessoa possui liberdade de escolha”, conta Corina Espíndola. Segundo a pró-reitora, se alguém sentir-se ofendido de alguma forma durante qualquer atividade de trote deverá recorrer imediatamente ao coordenador do curso, que vai apurar os fatos e dar o encaminhamento necessário.

Mais informações: 3721- 9419 (PRAE)

Por Lívia Helena Freitas / Bolsista de jornalismo na Agecom.