Galeria de Arte da UFSC mostra “Sentir o Sentido”, exposição individual da artista Helga Tytlik
Abre nesta terça-feira, dia 3 de abril, na Galeria de Arte da UFSC, a exposição individual “Sentir o Sentido”, da artista plástica Helga Tytlik. A partir das 18h30 será realizado o Encontro com a Artista, em que Helga falará do processo criativo das suas obras e da sua trajetória, num bate-papo aberto a artistas, estudantes, professores e público em geral. O Encontro com o Artista é uma atividade da galeria em parceria com o projeto Arte na Escola – Pólo UFSC, aberto a professores e estudiosos de arte. Ao fim do ano, haverá certificado de participação. A abertura da exposição acontece logo em seguida, às 19h30.
Artista plástica atuante desde 2001, Helga Tytlik nesta exposição individual reflete pesquisas realizadas durante os últimos dois anos. Natural de São Paulo, Capital, mudou para Joinville em 2001, para dedicar-se à pesquisa artística. Em 1998, após os primeiros contatos com a encáustica, iniciou pesquisa de materiais e técnica objetivando trazê-la para uma linguagem contemporânea.
“Sentir o Sentido” quebra a visitação convencional de uma exposição, propondo
senti-la
antes de
vê-la
através da passagem do público por entre as obras expostas, que são peças de diversos tamanhos e formas trabalhadas com cera de abelhas. Nesta exposição é permitido ao público tocar as obras, explorando as texturas resultantes do trabalho executado, apropriando-se do material em suas diversas temperaturas. A exposição tem curadoria de Alena Marmo. e conta com apoio cultural de Quimidrol.
Sobre as obras
Duas grandes instalações executadas em 2006 farão parte desta exposição. Uma delas é uma instalação de pinturas, contendo 15 painéis em suporte não rígido, de cerca de 2 metros altura, por 60 cm de largura e 10 cm de espessura, confeccionados em cera-de-abelhas e parafina (às vezes um ou outro, outras vezes a mistura dos dois). Os painéis são executados com a técnica tradicional da encáustica, explorando as diversas texturas resultantes do processo de esfriamento. A outra é uma instalação perceptiva, contendo 15 peças de cera de abelha de diversos tamanhos, formas e texturas, tridimensionais, executados com a técnica tradicional de encáustica, voltados ao exercício da percepção pelo publico.
Segundo a artista, dentro do conceito, explora-se a cera de abelha como o material puro, da natureza, cheiroso, atóxico, milenar e, a parafina como o material industrial, tóxico, recente, fedido etc., relacionando ambos com o ser humano que nasce puro e é corrompido pelo seu meio.
A exposição propõe valor agregado na inclusão social do deficiente visual que poderá “sentir
a exposição. A proposta desta mostra é baseada na experiência vivida com apresentação do mesmo material no Museu de Arte de Joinville em maio de 2006.
Sobre a artista
Desde a exposição em 1988 na Galeria Finarte, em São Paulo, vem realizando diversas exposições individuais em Santa Catarina e participando de outras mostras coletivas no Estado, como a 34ª. Coletiva de Artistas de Joinville, em Joinville, e a Exposição Mostra AAPLAJ, na Fundação Cultural de Itajaí, ambas em 2004. Em 2006, participou da exposição Pretexto, na Galeria Victor Kursancew, em Joinville, através de Projeto do SESC e, no Museu de Arte de Joinville, realizou esta exposição individual “Sentir o Sentido”, que agora apresenta em Florianópolis.
Com participações em vários cursos e atividades de formação, principalmente com pesquisas sobre encáustica, ministra workshops para divulgar essa técnica e tem atuado em instituições culturais de Joinville como o MAC – Luiz Henrique Schwanke, onde é sócia-fundadora, a AAPLAJ – Associação dos Artistas Plásticos de Joinville, onde faz parte da diretoria, e o Instituto Schwanke, onde é membro do Conselho Consultivo.
Depoimento da artista sobre o processo da sua obra
Pesquiso sobre encáustica desde 1998, objetivando trazer esta técnica milenar para uma linguagem contemporânea.
Inicialmente ative-me a técnica original utilizada no Egito Antigo, utilizando cera de abelhas com pigmentos (naturais e industrializados) de forma figurativa. Ampliei o campo de pesquisa incluindo estudo sobre encáustica dentro da história da arte (em compilação) e estudo sobre pigmentos.
A partir de experimentações feitas em 2001 até 2003, observei que o público resistia para não tocar no trabalho, segurando muitas vezes as mãos às costas para não cair em tentação (provavelmente, por estar impregnado pelas normas que regem uma visitação de museu). Passei a pensar o trabalho de forma mais interativa com o público.
Trazer o trabalho para um suporte não rígido, apropriar-se das rachaduras como parte do desenho e a montagem sugerindo a instalação são os pontos da discussão proposta na exposição.
A continuidade deste processo de observação registrou o
despertar
dos registros de memória de algumas pessoas acionado pelo cheiro da cera de abelhas. A partir daí
coleciono
as impressões do público.
Na mostra do Sentir o Sentido, apresentada no Museu de Arte de Joinville em 2006, apresentou-se mais uma possibilidade a ser aliada ao trabalho tratando sobre a inclusão social dos deficientes visuais, enriquecendo ainda mais meu universo de observações. Assim sendo também quanto a visitação dos portadores com síndrome de down. Este universo deverá estar presente também nos próximos trabalhos e espero estar contribuindo para que este público específico também tenha acesso participativo à arte contemporânea
A arte da encáustica
(Texto disponível no site da artista e pesquisadora Helga Tytlik em www.encaustica.com.br)
Encáustica – do grego egkaustiké, significa queimado, preparado com fogo.
A pintura em encáustica é uma das técnicas mais antigas que se tem conhecimento. Originalmente, misturava-se cera de abelhas em estado líquido (aquecida) com pigmentos minerais e executava-se a pintura sobre paredes e estátuas e suportes como madeira, pedras.
Extremamente resistente pois a cera não sofre ação de fundos ou bactérias podendo permanecer intacta por milênios. Existem várias teorias sobre a originem da técnica: uns a atribuem a Polignoto, pintor grego de origem jônica, outros, a Aristides e Praxiteles (IV A.C.), mas os registros mais antigos ainda existentes datam do século III A.C. em tumbas do Egito Antigo. A arte egípcia era conservadora, mantendo-se os princípios artísticos por milênios, notando-se alterações em sua figuração sómente quando houve maior miscigenação com a cultura grega no período ptolomaico (século I A.C.).
Neste período, os gregos passaram a elaborar estátuas de grande porte (conhecimento importado do Egito) e a decorá-las com a mistura de cera. Do outro lado, os egípcios passaram a uma pintura mais realista.
No século V encontramos a pintura encáustica também na iconografia cristã.
A pintura encáustica persistiu até por volta do século VIII e caiu em desuso com a introdução da têmpera e da pintura a óleo – materiais com manuseio mais fácil e que poderiam ser levados a campo. O trabalho em encáustica exige condições adequadas para manuseio (local arejado, cuidados com fogo, ferramentas específicas) mas tem um resultado incomparável.
Durante a história da arte temos alguns registros de revitalização desta forma de pintura. Leonardo da Vinci chegou a iniciar um mural, mas abandonou-o por não ficar safisfeito com os resultados e em alguns museus encontramos pinturas anônimas do século XVII e XVIII (possivelmente, alguns estudos). No século 20, vários artistas passaram a reutilizá-la. Nos anos 1900 podemos citar o mexicano Diego Rivera, que em 1922 pintou o nicho e o muro de fundo do Anfiteatro Bolivar da Escola Nacional Preparatória na Cidade do México, e o americano Jasper Jons-1958.
Atribui-se a João José Rescala a introdução da encáustica no Brasil, técnica por ele pesquisada para fins de restauro. Descendente de imigrantes árabes, nasceu no Rio de Janeiro, em 1910. Estudou arte no Liceu de Artes e Ofícios e na Escola Nacional de Belas Artes. Em 1943, conquistou o prêmio de Viagem ao Exterior no Salão Nacional de Belas Artes, viajando para os Estados Unidos onde expôs individualmente em Nova Iorque e Chicago. Rescala participou do Grupo Bernadelli, no Rio de Janeiro, ao lado de Pancetti, Bustamente de Sá, Milton Dacosta, Sigaud, Malagoli entre outros. Catedrático de teoria, conservação e restauração de pintura na Escola de Belas Artes da Bahia, onde foi diretor entre 1963 e 1967.
Inscrições para expor na Galeria da UFSC
Estão abertas na Galeria de Arte da UFSC, de 27 de março a 27 de abril, as inscrições de propostas de exposições individuais ou coletivas, de artistas brasileiros ou estrangeiros, para o segundo semestre de 2007. Veja o regulamento em www.dac.ufsc.br.
A Galeria de Arte da UFSC faz parte do Departamento Artístico Cultural, vinculado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade Federal de Santa Catarina.
SERVIÇO
O QUE: Abertura da exposição “Sentir o Sentido” e Encontro com a Artista Helga Tytlik
QUANDO: Encontro com a Artista: Dia 03 de abril de 2007, terça-feira, às 18h30. Abertura da exposição, logo em seguida, às 19h30.
VISITAÇÃO: De segunda a sexta-feira, das 10 às 18h30
ONDE: Galeria de Arte da UFSC, prédio do Centro de Convivência, campus Trindade
QUANTO: Gratuito e aberto á comunidade.
CONTATO: Galeria de Arte (48) 3721-9683 e galeriadearte@dac.ufsc.br – www.dac.ufsc.br
CONTATO: Artista: (47) 3025-6713 ou 9162-0922 – E-mail: helgatytlik@hotmail.com ou www.encaustica.com.br
Fonte: [CW] DAC-PRCE-UFSC, com material da artista.
(*) Imagens incluídas após a data da publicação desta notícia.
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