Hospital Universitário vai prestar serviços de alta complexidade em saúde auditiva
O Hospital Universitário (HU) vai se tornar um dos dois Centros de Referência em Saúde Auditiva em Alta Complexidade de Santa Catarina. Através do Laboratório de Estudos da Voz e Audição (LEVA), o HU será o responsável pelo tratamento auditivo em alta complexidade de 294 municípios em 29 regionais. A cerimônia de inauguração do laboratório, que está localizado no 2º andar do hospital, vai acontecer nesta quinta-feira, 14 de dezembro, às 10h. O outro centro de alta complexidade na área está localizado em Joinville.
Inicialmente, o Laboratório de Estudos da Voz e Audição do HU vai dividir os seus trabalhos em duas frentes: a Triagem Auditiva Neonatal e a Alta Complexidade em Próteses Auditivas.
A principal inovação será o caráter multidisciplinar. O trabalho de fonoaudiologia do HU iniciou em 1999, mas as avaliações auditivas só iniciaram em setembro de 2002, com a chegada do primeiro audiômetro. De acordo com o coordenador do laboratório, o otorrinolaringologista e professor Waldir Carreirão Filho, o tempo mostrou que a melhor forma de se tratar os problemas auditivos é através de uma abordagem multidisciplinar e multiprofissional. “Em função desses melhores resultados obtidos é que se resolveu criar um local onde pudéssemos concentrar diferentes profissionais”, explica.
Teste da orelhinha
A Triagem Auditiva Neonatal, também conhecida como “teste da orelhinha”, é um exame feito em recém-nascidos com mais de 24 horas de vida. Através de emissões eletroacústicas, ele avalia as células ciliares de dentro da cóclia, que é o órgão sensorial da audição. Resultados negativos em um primeiro teste, no entanto, não precisam preocupar os pais, pois o acúmulo de líquidos no ouvido após o parto é comum e interfere no resultado do exame.
A criança deve, então, repetir o exame em um prazo de 15 a 20 dias. Apenas se o resultado negativo se repetir, a criança deve ser submetida a uma timpanometria e conduzida a um otorrinolaringologista. O médico se encarregará de encaminhar a criança ao exame de Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (BERA), responsável por avaliar o nervo auditivo e o tronco encefálico do paciente, que são as partes relativas aos estímulos eletrofisiológicos da audição. Com os resultados do BERA, a criança será encaminhada para o tratamento adequado, que pode ser clínico, cirúrgico ou até a colocação de uma prótese.
Desde maio de 2004, a triagem auditiva neonatal já é oferecida às crianças que nascem nos municípios da Grande Florianópolis. Atualmente, o HU faz cerca de 390 “testes da orelhinha” por mês e é o único hospital público que realiza o BERA com sedação. Segundo a Coordenadora do Grupo de Fonoaudiologia do Laboratório, Luciana Ferreira Cardoso, tanto as famílias quanto os pediatras já reconhecem a importância do exame.
Ela afirma que, quanto mais precocemente for identificada e tratada a deficiência auditiva, maiores serão as chances da criança ter um correto desenvolvimento da audição, da fala e da linguagem. “É preciso ver que, apesar desse tipo de programa ter um custo alto, o retorno para a sociedade também é muito grande.”
Alta complexidade
O trabalho no campo da Alta Complexidade em Próteses Auditivas vai verificar o tipo e o grau das perdas auditivas de pacientes encaminhados pela Secretaria de Estado da Saúde. Após uma pequena bateria de exames, o otorrinolaringologista vai apontar o tratamento que deve ser aplicado a cada paciente. Como na Triagem Auditiva Neonatal, o tratamento pode ser clínico, cirúrgico ou a colocação de uma prótese. No HU, serão colocadas cerca de 100 próteses gratuitas por mês.
Para o futuro, Carreirão explica que o laboratório já tem projetos montados e encaminhados para a Secretaria de Saúde e que apenas esperam a edição da portaria do Ministério da Saúde para que possam ser desenvolvidos. Entre esses projetos está o da Alta Complexidade em Via Aéreas e Digestivas Superiores da Face e do Pescoço. Este é um projeto mais amplo, englobando sete grandes serviços em alta complexidade, envolvendo a participação de otorrinolaringologistas, cirurgiões da cabeça e pescoço, neurocirurgiões, peneumologistas, cirurgiões plásticos, cirurgiões ortodonticos e cirurgiões buco-maxilo-faciais.
Todas essas especialidades já existem dentro da universidade e terão participação multidisciplinar no tratamento. Casos de fendas labio-palatais, por exemplo, serão tratados dentro dessa Alta Complexidade.
O implante cocliar, que é a colocação de uma prótese dentro do ouvido do paciente e que ainda não é feito no estado, também está entre os projetos futuros e de curto prazo. “O cirurgião otorrinolaringologista implanta no paciente a prótese em centro cirúrgico e essa prótese é ativada e controlada pela fonoaudióloga dentro do Laboratório de Estudos da Voz e Audição”, explica Carreirão. Disfônias, problemas de ronco, apnéia e distúrbios de equilíbrio também serão futuramente tratados no Hospital Universitário.
Mais informações:
Laboratório de Estudos da Voz e Audição / Hospital Universitário – 3331-9118
Por Daniel Ludwich / Bolsista de Jornalismo na Agecom