Estudo mostra como cresce o mercado informal de terras em Florianópolis

01/12/2006 13:41

Comunidades carentes  crescem na Ilha

Comunidades carentes crescem na Ilha

O boom imobiliário de Florianópolis atinge também o mercado informal. Uma pesquisa integrada ao projeto nacional Infosolo mostra que são 170 assentamentos carentes na área conurbada da Ilha de Santa Catarina, onde vivem mais de 27 mil famílias (cerca de 14% da população da região).

São propriedades sem registro oficial, onde a maior parte dos moradores não paga IPTU, os serviços básicos como eletricidade, saneamento e coleta de lixo são inexistentes ou precários. No entanto, o estudo mostra que há um dinâmico mercado de compra, venda e aluguel.

Financiado pelo Programa de Tecnologia de Habitação (Habitare), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e integrado à rede nacional de pesquisa Infosolo, em Florianópolis o levantamento é desenvolvido por dois professores (Maria Inês Sugai e Lino Peres) e estudantes do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, além de duas mestrandas (Fernanda Lonardoni e Daniela Reche), do Programa de Pós-Graduação Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade, todos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A rede Infosolo é coordenada nacionalmente pelo professor Pedro Abramo (IPPUR-UFRJ) e, em Florianópolis, pela professora Maria Inês Sugai (UFSC). Assim como os levantamentos realizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Salvador, Brasília e Belém, os dados de Florianópolis estão em fase de sistematização e análise.

Resultados preliminares

Equipe em campo

Equipe em campo

Parte do trabalho da UFSC, que também se apoiou nos resultados de uma tese, foi apresentado na Reunião Anual da SBPC, que aconteceu em julho em Santa Catarina. As análises indicam que o mercado imobiliário informal de Florianópolis tem sua organização própria, altos preços de venda e aluguel. De acordo com o levantamento, os imóveis alugados representam a maioria.

Ao relacionar o ganho domiciliar mensal com os preços de aluguéis, professores e estudantes perceberam que na maioria dos casos mais de 20% da renda ficam comprometidos. As leituras preliminares indicam ainda que na região conurbada de Florianópolis há tanto um processo de expansão destas localidades como de densificação das já existentes. Também foi verificada a verticalização das moradias, com a construção de lajes que permitem a edificação de outros andares.

Foram realizados levantamentos em seis assentamentos de baixa renda localizados em Florianópolis e nas cidades vizinhas de Palhoça e São José. Na Ilha, a pesquisa chegou à Serrinha, Tapera da Base, Morro da Queimada e Saco Grande. Em São José, ao assentamento Solemar, e, em Palhoça, aconteceu na localidade de Frei Damião.

Para o grupo, o mercado imobiliário informal determina amplas penalidades aos seus moradores. Na informalidade as famílias ficam submissas ao mesmo processo de exploração do mercado formal, em condições inadequadas e precárias, sem infra-estrutura, pagando valores próximos ao do mercado formal dos bairros vizinhos.

Os preços elevados indicam que a existência de um mercado informal de terras e moradias acaba reproduzindo a pobreza. “Impõe à população que só tem como alternativa estes assentamentos precários, formas de exploração e especulação antes comuns apenas ao mercado formal”, avalia a equipe.