Lançamento de “Linguagem e gênero no cotidiano das relações sociais no Brasil” será no dia 27

24/11/2006 13:37

Os estudos sobre as relações entre linguagem e gênero, superando o preconceito existente dentro da própria comunidade científica, começam a deixar a condição de “marginalidade” nas universidades brasileiras.Contribuem para isso eventos e publicações como o livro Linguagem e gênero no trabalho, na mídia e em outros contextos, organizado pelas professoras Viviane Maria Heberle, Ana Cristina Ostermann e Débora de Carvalho Figueiredo.

Reunindo estudos científicos de vários pesquisadores e pesquisadoras de várias universidades, o livro publicado pela EdUFSC tem lançamento marcado para o dia 27 de novembro, a partir das 18h, no hall do prédio B do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC, em Florianópolis. A obra é mais um resultado concreto do Seminário Internacional Fazendo Gênero, que é promovido de dois em dois anos na UFSC. Essa coletânea de textos preenche uma lacuna na bibliografia nacional, sendo ?o primeiro programado de uma série de volumes devotados aos estudos das relações entre linguagem e gênero social”.

Inovador no contexto acadêmico brasileiro, o livro centra as suas

preocupações com aspectos referentes a linguagem e gênero em contextos sócio-culturais em que os textos e falas estão inseridos, usando, portanto, abordagens teóricas diferenciadas. Considerando a multiplicidade de abordagens e cenários de investigação, Linguagem e gênero destina-se não somente ao público acadêmico de graduação ou pós-graduação da área de Lingüística e Letras, mas também abarca a Antropologia, a Educação, a Sociologia, a Comunicação, a História e a Filosofia.

As relações entre linguagem e gênero são alvo de uma extensa variedade de estudos e publicações internacionais, em sua maioria em inglês. O novo livro, além de abordar questões concretas do cotidiano brasileiro, abre o caminho para a difusão dos conhecimentos em língua portuguesa.

Gênero é compreendido como uma categoria socialmente construída,

diferenciada da oposição biológica macho/fêmea, ou seja, permeia as

interações sociais. “Embora estejamos adotando a noção de que o gênero é construído socialmente, reconhecemos que as práticas socioculturais que constituem essa categoria, e que incluem a linguagem, são, com freqüência, objeto de resistência ou contestação. Homens ou mulheres, ao participarem de interações sociais, via linguagem, ao produzirem ou consumirem textos, alinham-se em diferentes graus com os papéis de gênero articulados nessas práticas lingüísticas, ora aceitando-os sem questionamento, ora discordando parcialmente deles, ora rejeitando-os na sua totalidade, esclarecem as organizadoras.

Três blocos temáticos formam o livro. O primeiro, intitulado Gênero, interação e trabalho, apresenta artigos enfocando a construção ou representação de gênero nas interações sociais orais no trabalho (empresas, escolas, instituições etc). Aqui um exemplo emblemático são os locais de prestação de serviços a mulheres em situação de vulnerabilidade, como é o caso da Delegacia da Mulher. O segundo grande tema é Gênero e mídia, composto de trabalhos que envolvem tanto a construção e representação de gênero na mídia quanto a própria atualização de gênero entre os consumidores de textos mediáticos.

A obra fecha com uma análise de Gênero em ambientes diversos. Aqui os pesquisadores investigam a construção social do gênero em contextos sociais distintos. Destaca-se, por exemplo, o estudo que disseca os discursos púbicos sobre os casos de violência contra a mulher construídos a partir da perspectiva da Análise do Discurso e dos Estudos Jurídicos Feministas. Interessante é também a pesquisa que trata dos aspectos da sociabilidade masculina em bares que transmitem jogos de futebol ao vivo.

Segundo adverte Ana Cristina Ostermann, denunciar e relatar para

pessoas estranhas a violência que acontece na esfera privada de seu lar constitui uma ameaça em potencial para a imagem pública ou face de uma mulher”. Isso acontece, sublinha, “mesmo quando as pessoas estranhas são profissionais cujo trabalho envolve lidar no dia-a-dia com casos de violência doméstica”.

As organizadoras são conhecidas pesquisadoras nessa área do conhecimento.

Viviane Maria Heberle é professora de língua inglesa, análise do discurso e lingüística aplicada. Possui doutorado em Letras pela UFSC, com pós-doutorado pela University of Sydney (Austrália). Atualmente dirige o Centro de Comunicação e Expressão da UFSC. Já Ana Cristina Ostermann é PhD em Lingüística pela University of Michigan (EUA). Realizou seu mestrado na UFSC em Inglês e Lingüística Aplicada. Desde 2001 atua junto ao Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada da Unisinos (RS). E Débora de Carvalho Figueiredo, assim como as outras, é autora de artigos e obras sobre a temática em questão. Formada em Direito, realizou mestrado e doutorado na UFSC na área de Inglês e Lingüística Aplicada. Leciona atualmente na Unisul.

Além das organizadoras, o livro contra com a participação de mais dez pesquisadoras: Aleksandra Piasecka-Till, Désirée Motta-Roth, Édison Gastaldo, Elizabeth Barroso Lima, Leandro Lemes do Prado, Liliana Cabral Bastos, Luiz Paulo da Moita Lopes, Maria das Graças Dias Pereira, Maria do Carmo Leite de Oliveira e Neiva Maria Jung.

Linguagem e gênero no trabalho,na mídia e em outros contextos

Viviane Maria Heberle, Ana Cristina Ostermann

e Débora de Carvalho Figueiredo (Org.)

EdUFSC – Série Geral

234 p. R$ 39,00

Contatos com as organizadoras: Viviane fones (48)3331-6606, 3331-9351 (UFSC) e heberle@cce.ufsc.br ; Ana Cristina fones ((51)3591-1100, ramal 1349 e (51)3591-0355,aço@unisinos.br e aco3@terra.com.br; Débora – fones (48) 3626-4799

(Unisul) e deborafigueiredo@terra.com.br

Fonte: EdUFSC