INICIAÇÃO CIENTÍFICA: estudante de Adminstração pesquisa transformação de grupos folclóricos

18/10/2006 17:45

Foto: Núcleo de Estudos Açorianos/UFSC

Foto: Núcleo de Estudos Açorianos/UFSC

Até o folclore precisou se adaptar às mudanças do mundo moderno. A transformação foi comprovada pela acadêmica da sexta fase de Administração da UFSC, Rubia Sedemaka Silva. A pesquisa “Adaptação e resistência; um estudo sobre os grupos folclóricos da região conurbada” durou um ano e os resultados encontrados mostram que para conseguir apoio financeiro e patrocínio os grupos têm se transformado em associações. O trabalho foi apresentado na tarde de quarta-feira, no XVI Seminário de Iniciação Cientifica da UFSC.

O objetivo do estudo foi descobrir como a lógica de mercado tem influenciado as representações folclóricas. Para isso foram analisados seis grupos folclóricos dos municípios de Palhoça, Biguaçu, São José, Florianópolis e Santo Amaro da Imperatriz. Na primeira etapa foi realizado um mapeamento e a aluna confessou uma certa dificuldade para encontrar os grupos. “Alguns são conhecidos apenas na localidade onde os integrantes vivem”, conta.

O levantamento mostrou também que os grupos enfrentam várias dificuldades para continuar existindo. Alguns não cobram cachê nas apresentações, mas essa acaba sendo a principal fonte de recursos da maioria dos grupos. Então, a criação da associação é necessária para o cadastramento em locais de promoção de cultura e inclusive pela própria prefeitura. O cadastro permite que ocorra a indicação para futuras apresentações e a própria divulgação da existência do grupo.

O problema na criação da associação, ponto que foi objeto de estudo, é que também é necessária uma divisão de cargos, com uma hierarquia que não existia antes. “Os grupos contam que antes era simplesmente diversão, mas agora é preciso administrar”, descreve Rubia. A situação se complica ainda mais porque os integrantes trabalham em outras áreas – o grupo folclórico é uma atividade paralela e sem fins lucrativos.

Por todos estes empecilhos e ainda por sentir uma desvalorização da cultura, a maioria dos integrantes dos grupos sente que o folclore pode estar acabando. “Eles chegam a acreditar que as tradições podem morrer”, conta a pesquisadora.

Para Rubia Sedemaka Silva, a experiência foi um desafio importante. “No início eu queria simplesmente aproveitar a oportunidade, mas depois percebi que com o estudo e o contato com diferentes pensamentos era possível criar uma consciência crítica”. A aluna contou com a orientação da professora Eloise Delagnello, através do grupo de estudos “Observatório da realidade organizacional”, do Curso de Administração.

Informações com Rubia Sedemaka Silva, e-mail: rubiass@gmail.com

Por Juliana Dal Piva / Bolsista de Jornalismo na Agecom