Editora da UFSC lança tradução de Rimbaud
Qual o motivo que leva alguém a traduzir novamente algo que já teve mais de 20 traduções, como é o caso de a versão de Le bateau ivre, ou O barco ébrio, do poeta, crítico e pensador Jayro Schmidt, com texto de Paul Verlaine, edição conjunta EdUFSC e Bernúncia Editora, que será lançada no próximo dia 31, às 20h, no Café Matisse, do CIC, em Florianópolis,pergunta o poeta Fábio Brügemann. Inconformismo com as versões existentes? Mero exercício poético? Ou a procura incessante do que já se perdeu e jamais será encontrado, seja na língua original ou naquela para a qual o texto foi versado?
Para Brügemann, o que mais interessa ao tradutor, talvez, seja o ato em si da criação, pois traduzir, além de trair, é também criar, ou, citando Haroldo de Campos, recriar em outra língua e na linguagem do poeta-tradutor aquilo que está faltando para si. “Apenas um poeta pode traduzir outro, assim como apenas um prosador pode traduzir melhor outro prosador. Portanto, condição cumprida”, observa Fábio Brügemann.
O barco ébrio, acrescenta Brügemann, narrado em primeira pessoa por Rimbaud, e agora de Jayro Schmidt, é a história de qualquer um de nós que nasce, engatinha, começa a falar, passa pelas adversidades da adolescência, interpreta o mundo e, ou, se insere nele.
Já o autor diz que contextualizar Rimbaud é sempre um estudo atraente, porém espinhoso quando se pretende convertê-lo com discursos ideológicos.“Rimbaud é quem contextualiza ao fazer, no poema, uma leitura impiedosa das ideologias. É ele quem nos confia o barco da civilização, a possibilidade do ir para onde queremos?.
Jayro Schmidt lembra que O barco ébrio, que integra o segundo volume da Coleção tra(duz)ir da Editora da UFSC, organizado por Alcides Buss e Vinícius Alves, foi escrito em 1871 e publicado em 1883 a partir da cópia manuscrita de Verlaine. Na época do poema, Rimbaud ainda não havia visto o mar, mas isso, arremata, é um detalhe supérfluo.
Jean Nicholas-Arthur Rimbaud nasceu em Charleville, norte da França, em 20 de outubro de 1854, e morreu em 10 de abril de 1891 na cidade francesa de Marselha. Trabalhou como comerciante no interior da África,fazendo negócios com peles e marfim e torna-se o primeiro europeu a percorrer o rio Ugadine, seguindo a jornada como negociante da empresa onde trabalha, que o encarrega de explorar o deserto da Somália.
O primeiro volume da Coleção tra(duz)ir, O Corvo, Corvos e o Outro Corvo, de Edgar Allan Poe, foi traduzido por Vinícius Alves, incluindo A Filosofia da Composição, com tradução de Silveira de Souza.
O barco ébrio
Arthur Rimbaud (incluindo texto de Paul Verlaine)
Tradução de Jayro Schmidt
EdUFSC/Bernúncia Editora – Coleção Tra(duz)ir
75 p. R$ 20,00
Informações pelo fone (48) 3331-9605, EdUFSC, ou na Bernúncia Editora,fones 3234-5718 ou 9104-1809 com Vinícius.