SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊNERO 7: Mesa-redonda discute Preconceito e mídia
A antropóloga e professora da UFSC Carmen Rial é uma das participantes da mesa-redonda Preconceito e Mídia que integra a programação do Seminário Internacional Fazendo Gênero 7. A mesa acontece no auditório do Convivência, nesta terça-feira, dia 29, às 9h. Participam também as professoras Suzana Funck da UFSC/Universidade Católica de Pelotas e a professora Heloísa Buarque de Almeida, da Unicamp. A mesa é coordenada pela professora Carmem Suzana Tornquist, da UDESC.
Carmen Rial é coordenadora do Núcleo de Publicação de Periódicos (NUPPe) e integra o Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem (NAVI) campo em que vem desenvolvendo suas últimas pesquisas. Carmen Rial falará sobre estupro e sacrifício na guerra do Iraque.
Segundo Carmen Rial, os antropólogos que estudam guerras mostram que a paz tem sido o interlúdio entre duas guerras e não o contrário. Carmen analisou a cobertura da mídia (CNN e Fox News) sobre como se tem reagido ao papel das mulheres na guerra, onde além de auxiliares, enfermeiras ou cozinheiras, passaram a integrar efetivamente o exército. “Quando uma mulher empunha armas, como Joana d’Arc, precisa esconder seu sexo. E, revelada sua condição de mulher, resolve-se a incongruência transformando-a em santa ou bruxa,a enviando para fogueira”, analisa a pesquisadora. Ela cita como modelos paradigmáticos duas mulheres que apareceram na mídia na guerra do Iraque: a soldada Lynch, protagonista de um “sequestro” não esclarecido, vez que foi “resgatada” de um hospital onde estava se recuperando e cujo silêncio manteve o mito de santa e England, seu oposto, satanizada, por sua imagem, que mais revolta causa,nas fotos de Abu Ghraibe.
Enviadas também para a fogueira são as iraquianas estupradas pelos soldados e mercenários norte-americanos. Esta desonra que se torna não individual, mas grupal, é muitas vezes evitada pelo suicídio, meio de evitar que nestes estupros étnicos se transporte além da semente da vida, a marca étnica, a marca religiosa, enfim, toda a identidade.
Carmen fez uma análise das fotografias destes estupros, divulgadas pela Internet, buscando mostrar o quanto as mulheres são estereotipadas ou silenciadas pelo tipo de cobertura que lhes é dada na mídia global. Afinal quem viu as fotos destes estupros? Elas aparecem em sites pornográficos, revelando o horror de que, mesmo depois de estupradas e mortas, elas rendem dinheiro ao estuprador e, são novamente estupradas a cada acesso a um destes sites.
A partir das coberturas televisivas, a professora formula a hipótese de que as coberturas globais, ainda que veiculem em diferentes países e em diferentes canais de televisão as mesmas imagens, não veiculam as mesmas mensagens, isto é, à incontestável homogeneidade de imagens se contrapõe uma heterogeneidade da cobertura.
Por Alita Diana/ jornalista coordenadora da Agecm