REUNIÃO ANUAL DA SBPC: Pôster mostra a inclusão escolar de alunos com síndrome de Down

21/07/2006 20:36

Mais de 3 mil trabalhos foram apresentados nos pôsteres

Mais de 3 mil trabalhos foram apresentados nos pôsteres

Professores que dão aulas para crianças com síndrome de Down consideram o atendimento ao aluno deficiente como uma interrupção das atividades de classe, e não utilizam esse atendimento como forma de aprendizado para as outras crianças. Esse e outros dados foram mostrados no pôster “Inclusão escolar de alunos com síndrome de Down no sistema regular de ensino segundo percepções de professores”, apresentado quarta-feira (19/7), na 58ª reunião anual da SBPC, no Campus da UFSC. A pesquisa é parte da dissertação de mestrado em Psicologia de Fernanda Teixeira, feita pela UFSC com a orientação da professora Olga Mitsue Kubo, do Departamento de Psicologia da universidade.

Fernanda entrevistou professores e alunos de uma escola particular da capital, que possui quatro estudantes com síndrome de Down, a instituição com o maior número de alunos com essa deficiência do Estado. Ela constatou que a principal conseqüência gratificante em trabalhar com essas crianças, apontada pelos docentes, foi a socialização a que elas se submetem. Entretanto, os professores acreditam que o desenvolvimento social e o aprendizado são processos independentes. “Isso não acontece, pois o desenvolvimento da socialização necessariamente conduz ao desenvolvimento cognitivo (aquisição de conhecimento) da criança”, explica Fernanda.

Além disso, a inclusão escolar é vista pelos docentes como a simples presença física do aluno com necessidades especiais em sala de aula, e não a identificam como um processo de relacionamento. “Os professores não percebem que a deficiência não é algo localizado em um indivíduo, mas é algo que, se está localizado em algum lugar, está nas relações sociais”, diz Fernanda.

Para ela, tais constatações não são culpa de profissionais mal preparados. “Nós entendemos como características das próprias escolas regulares, características dos serviços que ela oferece”. Fernanda acredita que o processo de ensino é um dos fatores que mais dificulta a inclusão de alunos com necessidades especiais.

Por Ingrid Cristina dos Santos / bolsista em Jornalismo da Agecom