REUNIÃO ANUAL DA SBPC: laboratórios da UFSC buscam melhorias na produção de corantes naturais
A ingestão de balas, sorvetes, gelatinas, refrigerantes e sucos artificiais pode estar ligada ao aparecimento de alergias, à indisposição gástrica, vômitos e até à hipertensão em crianças. A substituição de corantes sintéticos por corantes naturais na fabricação dessas e de outras sobremesas e bebidas evitaria esses problemas. Entretanto, as vantagens comerciais dos corantes sintéticos ainda é maior, o que faz com que o melhoramento na produção de corantes naturais seja foco de estudos.
Pelo menos dois grupos de pesquisa desenvolvem trabalhos nesse campo na UFSC. Eles fazem parte do Laboratório de Bioquímica (Engebio) e do Laboratório de Controle de Processos (LCP) do Departamento de Engenharia Química do Centro Tecnológico (CTC).
O primeiro trabalha com a produção de corantes naturais a partir da fermentação de matéria-prima (pode ser farelo de arroz ou glicose, por exemplo) feita por microorganismos, como o fungo Monascus ruber. Um dos principais desafios da pesquisa é fazer com que o fungo comece a fermentar a matéria-prima em menos de 12 horas, tempo que ele leva normalmente para iniciar o processo que dá origem a um corante de cor avermelhada usado na fabricação de “catchups”.
Já o Laboratório de Controle de Processos extrai do repolho roxo um corante vermelho púrpura, que também serve para aplicações na indústria alimentícia. Isso é feito através de um processo físico-químico com a utilização de solventes. O LCP também pesquisa novas formas de purificação desses corantes.
Por conterem metais pesados que têm efeito cumulativo no organismo humano, como titânio e cobalto, corantes químicos e sintéticos são substâncias densas e tóxicas, obtidas a partir de derivados do petróleo e do carvão mineral – processo que emite poluentes maléficos ao meio ambiente. O motivo pelo qual continuam a ser usados é o seu baixo custo quando comparado aos corantes naturais, sua melhor capacidade de fixação nos alimentos e maior estabilidade a luz e ao calor, além de cores mais intensas que deixam os alimentos mais atrativos para o consumo.
O que diz a legislação brasileira
No Brasil, quem produz alimentos que contenham corantes sintéticos são obrigados a alertar o consumidor, no rótulo das embalagens, sobre a condição sintética do corante utilizado nos alimentos. O país tomou essa medida a partir de recomendações da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, na sigla em inglês para Food and Agriculture Organization)
Diversos tipos de corantes sintéticos foram proibidos como o amarelo sólido, que era empregado em gelatinas, o laranja GGN, usado em pós para sorvetes, o vermelho sólido, para recheios e revestimentos de biscoitos, o azul de alizarina, corante em óleos emulsionados e gelatinas, e o escarlate GN, com uso em recheios de confeitarias.
Oito tipos ainda são permitidos no país e empregados em diversos alimentos como geléias, caramelos, gomas de mascar, frutas em caldas e iogurtes. Além disso, são utilizados em licores, refrescos e refrigerantes. São eles: os amarelos crepúsculo e tratarzina, o azul brilhante, o amaranto, os vermelhos eritrosina, ponceau (4R) e 40, e a indigotina. Outros cinco sintéticos idênticos aos naturais também são tolerados.
Informações: 3331 9554 / LCP e 3331 9842 / Engebio.
Por Talita Garcia / bolsista de Jornalismo da Agecom.