Projeto da UFSC leva a prática do tênis para escolas

Foto - acervo do Projeto
Hoje, cerca de 240 mil estudantes de escolas públicas catarinenses, de 6 a 15 anos de idade, são beneficiados com a iniciativa, além de alunos de escolas do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. Este ano, o Tênis Júnior será implantado em mais 200 núcleos, como parte do Projeto Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, proporcionando a aprendizagem do tênis a mais 40 mil crianças.
“A iniciativa tem como filosofia que a escola se aproprie da cultura do tênis”, explica o coordenador do Netec, Juarez Müller Dias. Ele lembra uma pesquisa realizada pelo Núcleo entre 1997 e 1998, na qual constatou-se que apenas 23% dos cursos superiores de Educação Física do Brasil ofereciam a disciplina de tênis. Portanto, o primeiro passo para a implantação do projeto seria a capacitação de professores. Para isso, foi desenvolvido um curso destinado aos docentes, de 16 horas, abordando a teoria, a metodologia e os golpes básicos a serem trabalhados nas aulas do esporte. Aproximadamente 460 profissionais já foram qualificados. Além disso, foi desenvolvido um mecanismo de capacitação continuada entre os professores das escolas; o Netec; a Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia e a empresa Guarani. Quem coordena o projeto na Secretaria Estadual é a professora Vânia Santos Ribeiro.
Outra condição para que o projeto fosse colocado em prática era que as escolas tivessem acesso ao material necessário para o desenvolvimento do esporte. Por esse motivo, o Netec firmou um convênio com a microempresa Guarani, que adotou o projeto, enquanto que o Núcleo passou a ser responsável por uma consultoria científica e pedagógica. A microempresa, que tem sede em Palhoça, já produzia raquetes semelhantes àquelas utilizadas no Tênis Júnior e atualmente comercializa todo o material para o ensino do tênis.
Um cd-rom e um dvd para complementar a capacitação, 40 raquetes, 4 redes de suporte móvel, 100 bolinhas e uma apostila compõem o material didático-pedagógico de cada escola. A apostila é baseada na metodologia da Federação Catalã de Tênis, da Espanha.
Juarez conta que no início dos anos 80 houve um decréscimo do número de praticantes de tênis no mundo. Isso ocorreu, em parte, devido ao método de ensino, que trabalhava a técnica antes da prática e ministrava as aulas de forma individual. “Hoje o ensino é coletivo. No Projeto Tênis Júnior o professor trabalha com até 40 alunos ao mesmo tempo. Com isso o aluno fica mais motivado, mais alegre”, avalia o coordenador.
A estimativa da Secretaria Estadual de Educação é de que o projeto seja implantado, ainda este ano, em mais 100 escolas estaduais. Quando isso ocorrer, o Projeto Tênis Júnior será uma das maiores iniciativas de ensino de tênis nas escolas do mundo, de acordo com Juarez. Ele lamenta que a prefeitura de Florianópolis, terra do famoso tenista Guga Kuerten, ainda não tenha implantado o projeto. “Vamos continuar tentando porque Florianópolis é reconhecida internacionalmente como a cidade do tênis. Queremos que todas as escolas municipais passem a ensinar a prática desse esporte”.
As vantagens do projeto apontadas pelo Netec são o desenvolvimento de habilidades físicas, psico-motoras e da auto-estima dos alunos; a democratização da prática do tênis em todas as camadas socioeconômicas e a sua implantação para um grande número de usuários já que o custo por aluno/ano é baixo. Além disso, o tênis é um esporte que desenvolve a disciplina, a cooperação e a concentração das crianças, de acordo com Dias. “Nós acreditamos que a partir do momento em que a escola se apropriar da cultura do tênis muitos outros projetos vão surgir nas escolas, nas cidades. Para o profissional também é uma oportunidade nova, pois muitos professores poderão trabalhar em outros lugares, além da escola”, afirma o coordenador.
Por Ingrid Cristina dos Santos/ bolsista de jornalismo da Agecom