Eventos discutem contaminação de alimentos por micotoxinas

16/06/2006 14:01

Contaminação de alimentos e produtos agrícolas, perdas econômicas e de produtividade são algumas das conseqüências provocadas pela proliferação de fungos e produção das chamadas micotoxinas. Estas substâncias tóxicas responsáveis pela contaminação de certa de 25% de todo o alimento mundial são o tema central de três eventos que serão realizados de 18 a 21 de junho em Florianópolis: o 5º Congresso Latino Americano de Micotoxicologia, o XII Encontro Nacional de Micotoxinas e o IV Simpósio de Armazenagem Qualitativa de Grãos do Mercosul.

Entre os temas que serão discutidos estão o controle físico e biológico da qualidade de grãos, novos métodos para quantificação de fungos, micotoxinas e grãos armazenados e exposição humana a micotoxinas. Na abertura dos eventos serão proferidas palestras sobre a qualidade de alimentos na América Latina do Século XXI e a qualidade de grãos para exportação da América Latina. Ainda no primeiro dia estarão em pauta os contaminantes alimentares, a questão dos subsídios agrícolas e as micotoxinas.

Cerca de 500 participantes são esperados para os eventos que têm como público-alvo indústrias alimentícias, de processamento de rações animais e de armazenamento de grãos; instituições de pesquisa e alunos de pós-graduação. Os encontros contarão com palestrantes como Magna Carvajal, cientista da Universidade Nacional do México; Martien Espanger, cientista da organização holandesa VWA e Renata Clarke, cientista da FAO – food and agricultural organization – , que descobriu os tricotecenos, uma família de micotoxinas.

A presidente dos eventos é a professora do Departamento de Ciência e Tecnologia de alimentos da UFSC, Vildes Maria Scussel, coordenadora do Laboratório de Micotoxinas e Contaminantes Alimentares. Com diversas obras publicadas e pesquisas na área, a professora foi incluída em 2002 no Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA), um comitê científico administrado em conjunto pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde (WHO).

Importância

O estudo das Micotoxinas se reveste de importante valor econômico e de saúde publica. A origem da palavra remete aos vocábulos gregos mycos (fungos) e toxicus (tóxico). A área trata de metabólitos tóxicos produzidos por fungos, encontrados em grãos, tanto no campo aberto, como na armazenagem. Índices elevados destes componentes podem levar à contaminação dos produtos agrícolas, resultando na queda na produtividade. Pode levar também à perda de animais. Isso ocorre porque certos tipos de micotoxinas – como as fumonisinas – contaminam o milho usado na composição de rações.

Estudos indicam que a proliferação de micotoxinas em grãos destinados ao consumo humano também pode oferecer risco, inclusive o desenvolvimento de câncer. As Aflatoxinas, por exemplo, atacam os grãos de arroz, amendoim e milho, principalmente no estágio de armazenamento destes produtos. A temperatura elevada e a umidade dos celeiros são fatores que contribuem para esse processo. Por serem particularmente tóxicas aos seres humanos, o Laboratório de Micotoxinas e Contaminações Alimentares – LABMICO se preocupa em desenvolver alternativas para diminuir a incidência de Aflatoxinas bem como outras micotoxinas.

O “VCLAM&EMN`2006 e IV SAG-Mercosul” estão sendo organizados pelo Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFSC, pela Sociedade Latino-Americana de Micotoxicologia (SLAM) e Associação Brasileirra de Pós-colheita (ABRAPÓS). Conta também com a colaboração da Food and Agriculture Organization (FAO), da Rede Latino-Americana de Micotoxicologia (Redelatin), da Companhia Brasileira de Armazenagem (Conab), da Fundação de Amparo a Pesquisa (Fapeu), da Sociedade Brasileira de Microbiologia (SBM), Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e Empresa de Pesquisa Agropecuária/SC (Epagri).

Mais informações em www.labmico.ufsc.br/micotoxlatinam5 ou pelos tels: 3331 5386, 3331 5387 e 3334 4888, ramal 213. Ou ainda pelo e-mail micotaxlatin.5@gmail.com

Por Manfred Matos e Ingrid C. Santos / Bolsistas de Jornalismo da Agecom