Células-tronco é o tema escolhido para fechar encontros do Papo Sobre Ciência antes da Reunião Anual da SBPC

Foto: Bruno Costa Silva
O encontro, que acontece no dia 22 de junho, às 10h, no Auditório do Centro de Convivência, encerra o cronograma do projeto antes da realização da 58a Reunião Anual da SBPC, que será realizada na UFSC em julho.
A existência de células com essa capacidade de diferenciação é conhecida pelos cientistas há muitos anos, e sua utilização prática já é uma realidade através dos transplantes de medula óssea para o tratamento de doenças como a leucemia, por exemplo. No entanto, mais recentemente, em meados dos anos 90, descobriu-se que essas células-tronco também podem ser encontradas em outros tecidos humanos, além dos conhecidos como hematopoéticos, que são aqueles ligados à produção de estruturas sanguíneas, como é o caso da medula óssea.
A partir dessas descobertas constatou-se a ocorrência de células-tronco em regiões como o cérebro, a pele, a placenta e o cordão umbilical dos recém-nascidos. As células-tronco retiradas desses locais são conhecidas como adultas e possuem uma capacidade mais limitada para gerar diferentes tipos de tecidos, pois elas já passaram pelo processo de diferenciação e possuem estruturas e funções biológicas específicas.
Além das células-tronco adultas, existem também as células–tronco conhecidas como embrionárias. Elas são obtidas a partir do embrião formado logo após a fertilização, até que este sofra a divisão em 64 células, o que, segundo as pesquisas, acontece no período de 14 dias. É exatamente nessa fase que se forma o primeiro grupo de células que depois sofrerá as transformações iniciais, resultando nos diferentes tipos de tecidos que formam o corpo humano.
Como as células-tronco embrionárias são retiradas do embrião antes que ocorra esse processo de diferenciação, elas podem dar origem a todas as variedades de tecidos e órgãos existentes no organismo. A dificuldade, no entanto, é descobrir o que leva uma célula-tronco a se transformar em um determinado tipo de tecido e não em outro. “Esse é o grande desafio das pesquisas atuais, saber como estimular a célula para que ela se diferencie”, afirma a professora.
Apesar disso, a enorme capacidade de diversificação das células-tronco embrionárias continua despertando o interesse dos cientistas, pois pode significar uma expressiva melhora no tratamento de inúmeras doenças, entre as quais estão as cardiovasculares. Além disso, muitas outras enfermidades como o câncer, a diabetes e o mal de Parkinson poderão ser tratadas de forma mais eficaz pela medicina. Por outro lado, as células-troncos embrionárias também são as responsáveis pelas maiores polêmicas existentes hoje sobre o tema. Vários setores da sociedade, entre eles a igreja, criticam as pesquisas feitas com essas células porque elas dependem da utilização de embriões que depois têm que ser descartados.
Células-tronco na UFSC
Polêmicas à parte, esse é um tema de vital importância para o futuro da medicina e da ciência. A professora Andréa Trentin lembra que as pesquisas ainda se encontram em estágio inicial e são feitas apenas com animais mas, apesar disso, são uma realidade e estão presentes também em laboratórios da UFSC.
Dentro do Laboratório de Neurobiologia Celular e Molecular, ligado ao Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética, um estudo recente está sendo desenvolvido com base no processo de reversão fenotípica da célula. Nessa pesquisa, são utilizadas células já diferenciadas, que são retiradas de animais e tratadas em diferentes sistemas de cultura de célula in vitro.
A partir daí, elas são estimuladas a regredir ao estágio de célula-tronco, através de um processo que pode ser chamado de “des-diferenciação”, para depois adquirir uma nova potencialidade, formando então uma célula ou um tecido diferente do inicial.
Por Julia Fecchio / Bolsista de Jornalismo da Agecom
Saiba Mais:
O Projeto Papo Sobre Ciência
Objetivo este ano é estimular a cobertura da Reunião da SBPC
O projeto Papo Sobre Ciência este ano tem uma meta especial, que é promover encontros que incentivem a cobertura e a participação em um dos principais eventos científicos do país, a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. A 58ª reunião da SBPC será realizada entre os dias 16 e 21 de julho no campus da UFSC, com o tema central “Semeando a Interdisciplinaridade”.
O Papo Sobre Ciência é organizado pela Agência de Comunicação da UFSC, responsável pela promoção dos encontros entre pesquisadores da universidade e jornalistas. Este ano foram programados momentos para discussão de temas como divulgação da ciência, aquecimento global, materiais inteligentes, Aqüífero Guarani, Projeto Plantas do Futuro e direitos dos povos indígenas e afro-descendentes. Os eventos são abertos ao público em geral.
Mais informações sobre o projeto Papo Sobre Ciência com as jornalistas Alita Diana ou Arley Reis, fone 48 3331- 9601.