Mapa tátil facilita locomoção de deficientes visuais

01/02/2006 17:23

Trabalho foi realizado em parceria com os interessados

Trabalho foi realizado em parceria com os interessados

Os deficientes visuais de Florianópolis possuem um instrumento inovador que facilita a locomoção no centro da capital. É o mapa tátil da região central da cidade, desenvolvido pela professora Ruth Emília Nogueira Loch, do Departamento de Geociências da UFSC, e pela aluna de geografia Luciana Almeida. Instalado no Terminal do Centro (Ticen) desde outubro de 2005, o mapa foi construído com a participação dos cegos, que falavam quais seriam as melhores texturas e formas a serem usadas para representar cada local.

O painel possui 1,20m de largura e 80cm de altura, a dimensão máxima para que os deficientes possam fazer a leitura facilmente. O mapa tem uma escala de 1:1500 e sua extensão, que foi totalmente definida pelos cegos, começa na representação da rua Padre Roma, passa pela Rio Branco e pela Mauro Ramos e termina no Terminal Central. Outros locais que também estão representados no painel são as praças, a Catedral e as diversas escadas existentes no centro. Todos eles foram considerados essenciais pelos deficientes visuais consultados.

A idéia de construir um mapa tátil foi da professora Ruth, depois que a Fundação Catarinense de Educação Especial pediu que ela transformasse os mapas dos livros didáticos comuns em mapas que pudessem ser lidos pelos cegos. A partir daí começou um trabalho que duraria nove meses até que o melhor resultado fosse atingido. Uma das etapas foi o rastreamento dos locais que seriam representados no mapa. Ruth explica que esse procedimento foi necessário porque muitos elementos existentes nos mapas usados como base para o projeto já não estavam mais presentes na realidade.

A professora Ruth comenta que no início foram construídos mapas que os cegos não conseguiam ler, pois eles tinham sido elaborados segundo a percepção de pessoas que enxergam. Ela conta que o Ticen, por exemplo, estava representado por um quadrado, como normalmente se faz com representação de prédios em mapas para pessoas sem deficiência visual, e isso os cegos não podiam ler. Foi apenas com a participação dos deficientes durante o processo da construção que as responsáveis pelo projeto puderam entender que só precisavam mostrar as áreas por onde os pedestres podem circular. A partir daí, o que passou a ser representado no mapa não foi o prédio do terminal, e sim as suas plataformas.

O painel instalado no Terminal Central de Florianópolis é o primeiro desse tipo em todo Brasil. O trabalho foi reconhecido pela Financiadora de Estudos e Projeto (Finep), através do programa Tecnologias Assistíveis, criado para estimular o desenvolvimento de projetos que beneficiem as camadas mais excluídas da sociedade. É desse programa que virão os recursos para a implementação de novas fases do trabalho. A professora e mais três bolsistas estão envolvidos na criação de padrões que deverão ser usados na construção de mapas destinados a deficientes visuais. Formas, texturas e principalmente materiais que possam ser encontrados em qualquer lugar do país serão definidos e depois reunidos em um catálogo que será elaborado pela equipe e enviado para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A criação de um mapa do Aeroporto Hercílio Luz, da Rodoviária Rita Maria e do Terminal do Centro também está nos planos da professora Ruth.

Por Julia Fecchio/ Bolsista de Jornalismo

Mais informações no site http://geocities.yahoo.com.br/cartografiatatilufsc/um.html ou pelo telefone: 3331-8593