Lula faz crítica a reitores por não punirem grevistas
Ex-líder sindical, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem dos reitores de universidades federais, durante reunião no Palácio do Planalto, o fato de eles não terem cortado o ponto dos professores durante a greve de 112 dias no ano passado, a mais longa da história dessas instituições.
Segundo relato de reitores à Folha, o presidente se mostrou “indignado” com a duração da paralisação e disse que, quando fazia greve como metalúrgico, tinha o ponto cortado.
Lula era líder sindical no final dos anos 70, ainda no regime militar, quando os metalúrgicos do ABC paulista fizeram uma das maiores paralisações da categoria, com ele na coordenação de assembléias de trabalhadores.
O presidente também deu prazo até a sexta-feira da próxima semana para que os ministérios fechem o texto da reforma universitária, que está há seis meses na Casa Civil. Um dos pontos polêmicos é a subvinculação de recursos da educação para o ensino superior, que vinha sofrendo resistência da equipe econômica.
Por outro lado, Lula ouviu dos reitores a cobrança pela contratação de mais docentes e funcionários administrativos para suprir as 1.750 vagas de professores destinadas à expansão da rede pública. Em 2005, foram autorizadas 4.000 contratações, das quais 2.200 para unidades existentes.
Até 2007 serão criadas dez universidades, além da expansão de 42 campi -a Andifes (associação dos reitores) reúne 55 instituições federais de ensino superior.
Segundo o ministro Fernando Haddad (Educação), a reivindicação dá “consistência” à expansão. “Temos um projeto pronto para encaminhar ao Planejamento.”
Para Lula, a autonomia das instituições, prevista na reforma, deixará para os próprios reitores a decisão de cortar ou não o ponto em caso de greve. Pela legislação atual, os reitores devem enviar uma lista dos faltosos ao governo federal para que o salário seja descontado. À época da greve, os dirigentes chegaram a alegar que muitos docentes não estavam dando aulas, mas continuavam trabalhando na pós-graduação, o que não justificaria o corte.
A greve acabou sem acordo, após o governo enviar ao Congresso um projeto de lei prevendo o reajuste da categoria. Para a presidente do Andes (sindicato que representa os docentes), Marina Barbosa, a categoria não se nega a discutir o corte do ponto, mas citou o exemplo de 2001. “Quando foi adotado, o movimento reagiu com o fortalecimento da greve.”
Fonte: Folha de São Paulo, 18/1/06 por
Luciana Constantino e Pedro Dias Leite, da Sucursal de Brasília, a partir de Site da Andifes