Opinião: O Laboratório de Moluscos Marinhos e a Inovação Social

16/12/2005 13:30

O Laboratório de Moluscos Marinhos (LMM) da UFSC ao receber das mãos do Presidente Luis Inácio Lula da Silva o Prêmio FINEP de Inovação Social 2005, em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, neste último dia 6 de dezembro, entra em uma nova safra de produção com o espírito renovado. Este foi um prêmio por tudo aquilo que vimos realizando nestes últimos 20 anos em favor do desenvolvimento da maricultura estadual em parceria com a EPAGRI.

Devemos esclarecer, no entanto, que ele é, sobretudo, um reconhecimento ao trabalho e a dedicação de centenas de maricultores que estabeleceram um novo paradigma econômico e social para a nossa zona costeira. Muitos destes foram pioneiros em uma atividade que apenas hoje começa a despontar economicamente e que ainda necessita passar por enormes processos para que possa ser devidamente regulamentada. Portanto, é com estes produtores que gostaríamos de dividi-lo e desejar, que o mesmo chame a atenção de todos os órgãos públicos envolvidos para a urgência da regulamentação completa da atividade. Para que estas centenas de famílias, que hoje vivem da produção de ostras e mexilhões, possam viver e trabalhar mais tranqüilos, em áreas regularizadas e licenciadas, produzindo moluscos de qualidade e gerando mais desenvolvimento a toda sociedade.

Hoje, percebe-se um ciclo virtuoso na maricultura catarinense. Nunca houve tantas iniciativas em favor de seu desenvolvimento. Nos últimos dias 7 e 8 do corrente, por exemplo, a Associação dos Maricultores do Sul da Ilha (AMASI) organizou o 1° Seminário sobre Qualidade da Água e Saneamento Básico da Baia Sul, momento em que algumas destas iniciativas foram apresentadas. Programas de monitoramento da qualidade microbiológica da água de cultivo e do produto, treinamento de maricultores em manuseio e higiene, desenvolvimento de depuradora de moluscos, entre outras, são algumas destas iniciativas, que virão a dar mais qualidade e segurança a nossa produção. Nunca tantos diferentes departamentos da nossa Universidade, do Governo do Estado e das outras Universidades de Santa Catarina estiveram interessados e comprometidos com o desenvolvimento da maricultura.

É essencial, no entanto, a regulamentação das áreas de produção e dos produtores, com a concessão do uso do mar, para que eles tenham mais segurança, possam investir em profissionalização e tenham o acesso ao crédito facilitado. Apenas assim chegaremos a uma produção certificada, garantindo a segurança da atividade e do consumidor.

A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP) tem procurado auxiliar, negociando a nível ministerial, apontando novos caminhos, estabelecendo normas e liberando recursos para que sejam feitos os estudos que subsidiarão a regulamentação e a regularização das áreas de cultivo. Mas é preciso agir rapidamente e em consonância com os diversos órgãos públicos envolvidos para que a atividade atinja o nível de profissionalização que todos almejam.

Desta forma, nós, técnicos do LMM, esperamos que, em 2006, toda a família produtora possa receber, enfim, a noticia que a sua área de cultivo foi definitivamente licenciada para que esta atividade continue crescendo e gerando mais empregos e renda.

Claudio Blacher

Oceanógrafo e Gerente do LMM