Livro da EdUFSC discute a formação de professores em SC

22/12/2005 14:35

Navegar é preciso. Investigar e discutir a formação de professores,

especialmente pedagogos, para entender os antigos e os atuais

problemas educacionais do Brasil, também. Daí para o livro Professores para a escola catarinense – contribuições teóricas e processos de formação, publicado pela Editora da UFSC (EdUFSC) é um pulo, ou melhor, um salto.

“São muitas e valiosas as contribuições dos pesquisadores da área de

educação, principalmente daqueles ligados às universidades públicas.

Buscar na história das políticas educacionais, tanto nacionais como nas mais localizadas, é um importante caminho para compreender as

fragilidades e as insuficiências de nossos sistemas de ensino e de

formação dos profissionais da educação”, dizem as autoras Maria

Hermínia Lage Fernandes Laffin, Marilene Dandolini Raupp e Zenilde

Durli (organizadoras), que integram o Grupo de Pesquisa Ensino e

Formação de Educadores (GPEFESC) da Universidade Federal de Santa

Catarina.

No livro, pela ordem, o primeiro grupo de trabalhos localiza as

investigações nas décadas de 30 e 50 do século passado. Esse

conjunto de relatos aponta para os diferentes aspectos e fatos que

marcaram, e ainda marcam, o processo de formação de professores no

Estado e a relação que tiveram com as políticas educacionais da época.

O segundo grupo analisa os resultados mais recentes dos estudos e

pesquisas produzidas em programas de pós-graduação em educação,

formação de professores em geral, cata evidências empíricas e os

fundamentos teóricos que orientaram as ações dos agentes sociais da

época numa leitura atenta e crítica.

Hoje, o principal curso de formação de professores – o curso de

Pedagogia – vive um intenso e polêmico processo de debates sobre sua

identidade científica, sua estrutura acadêmico-curricular e sua

localização institucional. Assim, o primeiro artigo, de um total de dez, esmiuça a relação entre a formação de professores e a implementação de um processo chamado de “cientificização” do campo educacional.

O segundo texto traz a “Infância e Formação de Professores:

concepções produzidas no Instituto de Educação de Florianópolis nas

décadas de 1930 e 1940″, procurando compreender as causas e

conseqüências das mudanças ocorridas na organização das instituições

escolares.

No terceiro texto, Leziany Silveira Daniel joga na roda as

contribuições que João Roberto Moreira, um importante intelectual catarinense, deu para a formação de professores, particularmente pela defesa que fazia da necessária integração da psicologia e da sociologia ao incipiente campo das ciências da educação.

Letícia Carneiro de Aguiar, no oitavo ensaio, fala sobre a gênese do

curso de pedagogia em nosso estado; estudo histórico para o período

compreendido entre 1960 e 1980. Intitulado “O curso de Pedagogia em

Santa Catarina: identidade e hegemonia de classe”, o trabalho é um

desenho da atual questão da identidade do curso de Pedagogia,

resgatando e analisando sua história, situando-o no âmbito das políticas de ensino superior e das condições sociopolíticas do projeto societário de um “Estado-de-classe”. Ali, discute-se a questão da hegemonia em seus múltiplos campos: político, econômico, cultural, moral e intelectual.

O penúltimo texto, de Leda Scheibe e Zenilde Durli, aborda a

“Expansão dos cursos de Pedagogia em Santa Catarina nas décadas de

70 e 80: o contexto de privatização na formação de professores”,

trajetória que esteve vinculada ao movimento de expansão de caráter

privado das instituições de ensino superior em Santa Catarina com

implicações de natureza política e epistêmica.

O último artigo, de autoria de Vera Lúcia Bazzo, é o relato de “Uma

experiência de formação para professores do Ensino Superior na UFSC”.

Apresenta uma experiência de formação de professores do ensino

superior desenvolvido na década de 1990 na UFSC, como possibilidade

a ser utilizada para a criação de programas de formação pedagógica para docentes em outras IES de SC.

“São artigos que podem ser lidos não apenas pelos especialistas de

nossa área, mas por todos os que, preocupados com a educação de

nosso estado e de nosso país, buscam compreender as raízes de nossos

problemas educacionais”, concluem Laffin, Raupp e Durli.

Professores para a escola catarinense – contribuições teóricas e

processos de formação

Maria Hermínia Lage Fernandes Laffin

Marilene Dandolini Raupp

Zenilde Durli (organizadoras)

EdUFSC

261 p. R$ 29,00