Alunos de Arquitetura pedem ajuda para implementar espaço de lazer para crianças carentes
Cerca de 150 crianças carentes podem ser beneficiadas com a implementação de um projeto desenvolvido por alunos do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (ARQ/UFSC). Depois de dedicarem seis meses à elaboração de estudos técnicos, simulações, desenhos e maquetes, os integrantes do Programa de Educação Tutorial (PET/ARQ) agora buscam financiamento – R$12 mil – para criar um espaço adequado para as brincadeiras de crianças atendidas pela Casa São José, localizada no Morro da Serrinha, em Florianópolis.
Mantida pela Paróquia Santíssima Trindade, da Igreja Católica, a instituição oferece atividades recreativas, reforço escolar e alimentação às crianças da comunidade – a maioria delas tem entre seis e 10 anos. A idéia de construir um espaço mais apropriado para brincadeiras partiu do estudante do curso de Educação Física da UFSC Vitor Carneiro, que já desenvolvia atividades de extensão na Casa São José. Foi ele quem procurou os alunos de Arquitetura e Urbanismo, danço início à parceria entre os PETs dos dois cursos, em um projeto chamado “Construindo o nosso parquinho”.
O “parquinho” será construído nos fundos da Casa São José. À primeira vista, o terreno, que já é utilizado para recreação, nem de longe parece o local ideal para brincar. Isso porque em meio a seus 115 metros quadrados de área há uma grande rocha – escalada diariamente pelas crianças, apesar do perigo de queda. Além disso, o terreno é íngreme e bastante sombrio. “Vimos que era preciso transformar todas essas dificuldades em elementos-chave do projeto”, diz a estudante da sétima fase do curso de Arquitetura e Urbanismo, Milena Brandão.
Terminada a etapa de reconhecimento e diagnóstico do local – e depois de ouvir as expectativas das crianças em relação aos brinquedos que queriam que ali estivessem -, os estudantes da UFSC elaboraram o projeto arquitetônico. Para isso, tiveram que buscar referências teóricas, tanto em Arquitetura quanto em Pedagogia. “Precisávamos entender o valor e o significado das brincadeiras, a questão do lúdico. Tudo isso ajudou a criar um projeto diferente, que busca a interatividade com as crianças”, afirma a estudante.
Baixo custo e criatividade
Além de embasamento teórico, os integrantes do PET buscaram referências práticas, visitando diversos parques de recreação, em Florianópolis e São Paulo. “O problema é que muitos dos locais considerados exemplares usaram elementos sofisticados em sua construção e nós buscávamos baixo custo”, explica o estudante Walmir Rigo, que faz parte do PET. Foi então que os universitários optaram por explorar o contato com a natureza, utilizando elementos rústicos: muita madeira, cordas e pneus.
O projeto prevê a construção de um pequeno palco em madeira, que, abaixo, abrigará uma casinha – desejo das meninas atendidas pela instituição. Túneis construídos com madeiras e pneus darão acesso a essa pequena casa, tornando a entrada praticamente restrita às crianças. “Em nossos estudos, percebemos que a criança gosta muito de passagens estreitas, onde só ela consiga entrar devido ao seu tamanho”, explica Milena. Degraus em madeira, cordas e estruturas de proteção tornarão o acesso à “rocha de estimação” mais seguro. O plantio de uma árvore e de uma pequena horta que as próprias crianças possam cuidar também faz parte do projeto.
Financiamento
Para os integrantes do PET, a parte mais difícil do trabalho veio com a conclusão da maquete. Agora, é preciso arrecadar o dinheiro necessário à implementação – cerca de R$12 mil seriam suficientes para tornar o projeto realidade. “Ver o parque construído é de extrema importância para nosso aprendizado, pois poderemos identificar o que deu certo e o que não deu. Mas, mais do que isso, o benefício para a comunidade será enorme”, diz Rigo. Os estudantes acreditam que, com o dinheiro na mão, a construção pode ser concluída em, no máximo, 30 dias.
O objetivo dos integrantes do PET é fazer com que o local se torne um espaço de lazer para toda a comunidade da Serrinha. “Não há nenhum lugar, em todo o bairro, onde as famílias possam se reunir nos finais de semana, por exemplo”, afirma Milena. Segundo ela, fazer com que a comunidade sinta-se responsável pelo local pode ajudar na segurança e na conservação do parquinho. “A construção do parque significará um retorno dado pela Universidade à comunidade da Serrinha, que freqüentemente é alvo de pesquisas acadêmicas, mas depois é esquecida”, conclui a estudante.
Débora Horn, em 13 de dezembro de 2005.
CONVERSE com a estudante Milena Brandão por telefone (48 8806-3058) ou por e-mail (petarq@gmail.com)
FALE também com a coordenadora do PET ARQ, professora Vera Helena Moro Bins por telefone
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