Relação entre bromélias, insetos e outros animais é tema de pesquisa

21/11/2005 15:51

Mais de 300 espécies de animais são associadas às bromélias

Mais de 300 espécies de animais são associadas às bromélias

Laboratórios do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da UFSC estão estudando a importância das bromélias para a biodiversidade, principalmente da Mata Atlântica. A pesquisa “A Fauna associada às Bromélias na Mata Atlântica” é coordenada pelo professor Carlos Brisola Marcondes, do Departamento de Microbiologia e Parasitologia (MIP), com a colaboração de outros profissionais como a professora Josefina Steiner, do Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética (BEG).

O trabalho é feito, principalmente, pelo Laboratório de Entomologia Médica e pelo Laboratório de Abelhas, ambos do CCB. São feitas observações sobre várias espécies de animais, como abelhas, formigas, besouros, mosquitos, percevejos e libélulas, que utilizam as bromélias para diferentes fins, como local de reprodução, alimentação e abrigo.

De acordo com os pesquisadores, a conservação e o estudo das bromélias e dos seres vivos que necessitam dela para a sobrevivência é de grande importância. Já foram observadas cerca de 350 espécies de animais associados a essas plantas, sendo a maioria insetos. A bromélia foi escolhida para o estudo por estar presente em grande quantidade na mata e apresentar uma enorme variedade de espécies. São mais de duas mil espécies, sendo que praticamente todas elas estão nas Américas. Apenas uma espécie de bromélia ocorre fora do continente americano, na África. Boa parte das duas mil espécies dessa planta pode ser encontrada na Mata Atlântica, por isso essa floresta desperta o interesse de muitos estudiosos e está servindo de base para o projeto.

A principal característica das bromélias, responsável pela atração dos insetos, é a existência de uma estrutura chamada de “tanque”, que está localizada na base da planta e é capaz de armazenar água e ou humo. Nestes locais, os animais podem encontrar alimentos e também um lugar seguro para abrigo, reprodução e desenvolvimento.

A pesquisa é dividida em duas frentes. A primeira, desenvolvida pelo Laboratório de Entomologia Médica, preocupa-se em identificar os tipos de insetos que freqüentam a água contida nos tanques das bromélias, especialmente os mosquitos. Também é feito o estudo para descobrir a relação desses insetos com o homem, como por exemplo se ele pode ser transmissor de doenças. A segunda frente está mais ligada à questão da biodiversidade, que é estudada pelo Laboratório de Abelhas. A pesquisa nessa área está concentrada nos animais que realizam a polinização da bromélia, e aí se encontram, principalmente as abelhas.

As observações têm mostrado a presença abundante de uma abelha chamada Euglossa, também conhecida como abelha das orquídeas. Estas abelhas constroem ninhos na natureza e também em pequenas caixas que são colocadas em diferentes locais da mata. Desta forma a vida destas abelhas vem sendo observada, como reprodução, presença de parasitas, horário de atividades, etc.

A captura dos mosquitos é feita através de um procedimento conhecido como “armadilha de emergência”. São colocados sacos de pano, que induzem os insetos a entrarem em canos, por meio dos quais eles caem em frascos com álcool. Depois disso, o frasco é levado para o laboratório, onde são feitos os estudos e a catalogação das espécies.

Ninho armadilha

Ninho armadilha

A pesquisa desenvolvida na UFSC faz parte de um programa chamado “Mata Atlântica”, que reúne outros seis estudos sobre a conservação e o uso da floresta, realizados por diferentes universidades em todo Brasil. O projeto “A Fauna das Bromélias na Mata Atlântica” é financiado por um convênio firmado entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério Federal para Formação e Pesquisa da Alemanha (BMBF), órgão alemão que fomenta e financia pesquisas científicas. Atualmente já existe um uma maior interação entre a equipe da UFSC com instituições de São Paulo e do Paraná. O próximo passo da equipe é aumentar o contato com os pesquisadores de outros projetos do programa, para promover uma maior troca de conhecimentos.

Mais informações:

Professor Carlos Brisola Marcondes, telefone 3331-5208

Professora Josefina Steiner; telefone 3331-6509

Por Julia Fecchio, Bolsista de Jornalismo da Agecom/UFSC