Laboratório de Moluscos Marinhos é primeiro colocado na categoria Inovação Social do Prêmio Finep

08/11/2005 12:15

Laboratório produz as ´sementes` que serão cultivadas no mar

Laboratório produz as ´sementes` que serão cultivadas no mar

O trabalho de pesquisa e de transferência de tecnologia de cultivo de ostras desenvolvido pelo Laboratório de Moluscos Marinhos da UFSC é o vencedor da etapa regional do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, na categoria Inovação Social. Os primeiros colocados nas diversas categorias agora disputam a Etapa Nacional, que terá os vencedores divulgados no dia 7 de dezembro, em Brasília. As empresas e instituições melhor colocadas na etapa regional receberam seus troféus nesta segunda, 7/11, em Curitiba. Do total de 206 empresas e instituições inscritas na Região Sul, 18 foram selecionadas para receberem o prêmio.

As atividades desenvolvidas pela universidade por meio do Laboratório de Moluscos Marinhos e o repasse desse conhecimento para pescadores artesanais estão na base do crescimento da aqüicultura no Estado, hoje considerado um dos principais produtores de ostras do país. Para o professor Jaime Fernando Ferreira, coordenador Laboratório de Moluscos Marinhos da UFSC, a premiação é importante para divulgar a interação entre as pesquisas e a comunidade.

Inscrito com o título “Cultivo de Moluscos: Uma Revolução Social no Litoral Catarinense”, o projeto mostra como o trabalho da universidade resultou em benefícios sociais e ambientais.

Importância social

Trabalho aponta novas oportunidades de geração de renda

Trabalho aponta novas oportunidades de geração de renda

A transferência do trabalho desenvolvido no laboratório para os pescadores possibilitou o restabelecimento das atividades marítimas tradicionais, que passavam por um período de estagnação econômica devido ao declínio da pesca artesanal. O professor Jaime lembra que muitos pescadores deixavam de trabalhar no mar, por causa da baixa lucratividade, para se dedicar a outras atividades. Depois da valorização da produção de moluscos, essa situação foi revertida. Atualmente até os filhos dos pescadores aprendem a atividade através de uma formação técnica e deixam de abandonar as comunidades pesqueiras. Hoje já são mais de mil maricultores, reunidos em 20 associações em todo o Estado.

Várias regiões foram beneficiadas pelo crescimento do cultivo de moluscos, como o Ribeirão da Ilha. O local se transformou no maior produtor de ostras do Brasil e, impulsionado pelos restaurantes que têm os moluscos como principal prato do cardápio, consolidou-se como um importante pólo turístico da cidade. Além disso, o desenvolvimento da maricultura beneficiou a implantação e o crescimento de novos setores da economia, como fabricantes de insumos e de equipamento para cultivo.

Importância ambiental

O meio ambiente também foi favorecido pelo aumento do cultivo da ostra, espécie que exige locais apropriados para desenvolvimento. O professor Jaime explica que essa atividade só pode ser feita em locais com boa qualidade de água. Isso fez surgir uma maior conscientização por parte dos produtores, que passaram a se comprometer com a limpeza do ambiente. Além disso, o molusco concentra material particulado presente na água e cria nichos ambientais, serve de sistema para auxiliar na remoção do excesso de matéria orgânica dos ambientes e de local para desenvolvimento de grande quantidade de fauna acompanhante. Assim, é comum nos locais de cultivo voltarem os camarões, os siris e os peixes que podem novamente fazer parte das atividades de pesca dos pescadores artesanais locais.

O LMM e o projeto

No Laboratório de Moluscos Marinhos da UFSC são desenvolvidas diversas etapas essenciais para o cultivo de ostras em Santa Catarina. Entre elas, o estoque de reprodutores, a fecundação, a indução para desova e a produção de larvas que depois se transformam nas sementes de ostras que são repassadas aos pescadores. Esse trabalho, desenvolvido pelo LMM é fundamental porque o principal tipo de ostra comercializada e consumida no estado e já difundida para vários outros locais do Brasil é a japonesa, espécie que se adaptou bem às condições do mar catarinense. Além da ostra japonesa, o LMM trabalha com três espécies nativas: a ostra de mangue, a Vieira e o mexilhão. No caso da ostra japonesa, o cultivo da semente em laboratório permite maior controle da produção, que é feita de acordo com a demanda.de moluscos por parte de produtores.

Em 1997, o LMM tinha capacidade de entregar aos produtores cerca de 400 mil sementes por mês. Hoje esse número passou para 5 milhões. Atualmente, com as tecnologias desenvolvidas, o laboratório repassa ao setor produtivo aproximadamente 40 milhões de sementes no ano, com capacidade atual de triplicar essa produção, caso haja demanda e programa a entrega às necessidades e demandas do produtor por épocas e quantidades. Além da própria equipe do LMM, o trabalho conta com a parceria da EPAGRI e desperta a participação de vários outros setores da UFSC. O trabalho associado ao cultivo de moluscos envolve profissionais de mais de 20 departamentos da universidade.

Mais informações com o professor Jaime Ferreira, e-mail:jff@cca.ufsc.br, 48 232-3013