Novos desafios na formação do professor

14/10/2005 18:24

Com a informática e as novas tecnologias, a forma de ensinar mudou. Se antes a educação estava pautada na figura do professor como única fonte do saber, agora a Internet, com sua avalanche de informações, tem mudado essa situação, gerando novos desafios para a formação de docentes. Em homenagem ao Dia do Professor, comemorado neste sábado, dia 15, três professores da UFSC comentam esses novos desafios que estão colocados na formação dos professores do futuro.

Uma das áreas do conhecimento mais difíceis de ser ensinada é a das ciências exatas. Os estudantes brasileiros, ao lado dos da Indonésia e Tunísia, são os que têm menores índices de aprendizagem de Matemática, segundo resultado do exame Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), aplicado em alunos de 15 anos em 41 países em 2003.

Para suprir essa deficiência, os alunos da Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica da UFSC, do Centro de Física e Matemática, têm desenvolvido sites na Internet sobre temas do conteúdo programático dessas disciplinas nos ensinos Médio e Fundamental. “Buscamos fazer uma ligação entre a ciência externa, das novas descobertas, com a interna, sobre como utilizamos esse conhecimento”, explica o professor José André Angotti, coordenador da pós-graduação. O endereço eletrônico da pós-graduação é www.ppgect.ufsc.br.

As novas tecnologias vieram para melhorar a forma como é feita a educação. Essa é a opinião da professora Tamara Benakouche, coordenadora da Pós-Graduação em Sociologia Política na UFSC. Para ela, isso é uma evolução natural da sociedade pós-moderna, onde a informação tem um papel-chave. Por isso, ela acredita que com a maior quantidade de conhecimento disponibilizado na rede, os alunos hoje em dia podem participar mais das aulas. Contudo, a exigência para quem está lecionando aumentou. “O professor não pode mais trabalhar sozinho”, afirma Tamara. Entre os novos parceiros na educação de jovens estão hoje os jornais, a Internet e os vídeos, de acordo com a professora. “O professor agora tem a função de sistematizar esse conhecimento que o aluno adquire fora da sala de aula, instigando-o ao debate”, afirma.

Apesar de otimista com a nova realidade da sala de aula, Tamara critica a forma como os novos professores saem da universidade. “As licenciaturas não estão formando professores para essa nova sociedade”, afirma. Isso porque os alunos na universidade não são estimulados a utilizar todos os recursos das novas tecnologias. Mas a culpa não está só na universidade. “São vários pequenos gargalos que impedem uma mudança de pensamento na sala de aula”, afirma. Entre eles, o principal, segundo a professora, é a baixa remuneração dos professores.

Para o professor Marcos Laffin, Pró-reitor de Ensino e Graduação da UFSC (PREG), há atualmente uma visão humanística do professor. “Eles precisam ter uma prática social que interaja no contexto onde atua”, afirma. Essa prática impediria, de acordo com o professor, a mera reprodução de conhecimento, sem agregar valor a ele ou problematiza-lo. “O professor precisa compreender a diversidade de seus alunos, diversificando sua abordagem sobre os seus conteúdos”, afirma. Mas para o pró-reitor, esse processo só acontece quando há uma articulação entre a escola/Academia e o meio onde ela está inserida. “O conhecimento precisa ter significado para o aluno, assim se dá a formação cidadã”, diz.

Atenta a essas novas tendências na educação, a UFSC desenvolveu um programa de acompanhamento de novos professores. Chamado de Profor (Programa de Formação Continuada) esse projeto visa oferecer oportunidades de atualização para professores da UFSC. Voltado para novos professores durante o estágio probatório, o curso também é aberto aos demais professores que desejam atualizar-se. O endereço eletrônico do programa é www.reitoria.ufsc.br/profor.

Por Leo Branco/bolsista de jornalismo da Agecom