Agricultores movimentam 3º Congresso Brasileiro de Agroecologia

18/10/2005 08:29

Em frente ao curso de Comunicação Social da UFSC, cerca de 400 estudantes dos três estados do Sul, ligados à Via Campesina (articulação de camponeses da qual o MST faz parte) e à Escola Latino-Americana de Agroecologia do assentamento da Lapa no Paraná, montaram acampamento. Segundo o coordenador do setor de produção e meio-ambiente do MST, Marcelo Alves, foi a maneira que estes jovens encontraram de participar do 3º Congresso Brasileiro de Agroecologia, que começou nesta segunda-feira, 17/10, no Centro de Eventos da UFSC.

Mesmo antes da abertura do evento, ocorreu no local uma reunião promovida pela Câmara Italiana de Comércio e Indústria de Santa Catarina com os agricultores interessados em exportar. Participaram cerca de 15 associações e cooperativas agroecológicas, além de produtores individuais. Participaram também a Epagri, o Sebrae, e o Ministério da Agricultura. Os produtores preencheram fichas de adesão ao consórcio declarando o que plantam, quanto produzem e se têm condições de manter continuidade no fornecimento.

Abertura

Com tema principal A Sociedade Construindo Conhecimentos para a Vida, o congresso foi aberto na noite de ontem, pelo frei Sérgio Antônio Görgen. Görgen é frade franciscano e deputado estadual pelo PT-RS. Polêmico, atua na assessoria aos movimentos sociais do campo desde o início dos anos 1980. Integrou as lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais no RS (MMTR) e da criação do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

Sua reconhecida luta pela Reforma Agrária levou-o a assumir a política agrária no governo Olívio Dutra. Frei Sérgio mantém a atuação como militante e assessor dos movimentos que compõem a Via Campesina – Brasil, nas ações de massa, jurídicas e assessoramento contra os transgênicos.

“O que está em disputa com os transgênicos na sociedade brasileira é muito mais do que a liberação de uma semente de soja. A sociedade brasileira vai decidir nos próximos anos quem vai controlar a produção de alimentos no Brasil: se uma agricultura nacional com forte base na agricultura de pequeno e médio porte ou grandes unidades produtivas e grandes latifúndios sob controle tecnológico, industrial e comercial de poucas grandes transnacionais”, diz.

Autor de diversos livros, como o Massacre da Fazenda Santa Elmira (1989), reeditado em 2003; A Resistência dos Pequenos Gigantes (1998) e os Riscos dos Transgênicos(2000), Marcha ao Coração do Latifúndio (2004) Görgen afirma que ao longo da nossa história os registros históricos quase sempre foram feitos pelo lado dos opressores. “Não ficou registro para relatar o lado dos trabalhadores, dos pobres, dos excluídos, dos oprimidos. Eu me sinto na obrigação de fazer isso, por estar no meio de camponeses que não tiveram, às vezes, o acesso ao mínimo de estudo necessário para sobreviver num mundo complicado e difícil como nós vivemos. Eu tive o privilégio de ter estado em bancos de universidade. Eu me sinto na obrigação moral de registrar essa luta dos pobres pela sobrevivência, pela melhoria das condições de vida”.

Segundo ele, mesmo que parcialmente modernizado, o latifúndio brasileiro continua sendo a grande causa estrutural da maioria dos problemas sociais. “É uma das causas históricas da brutal concentração de renda, da urbanização caótica e da fome que hoje estão destruindo o tecido social da nação brasileira”, acredita”.

Como deputado, Frei Sérgio está no seu primeiro mandato, eleito com 44.849 votos espalhados por praticamente todas as regiões do Estado. Görgen cursou Filosofia em Viamão (RS) e Teologia na PUC. Tem pós-graduação em Cooperativismo pela Unisinos.

Programação no site:

www.agroecologia2005.ufsc.br

Fonte: Jornalista Juliana Wilke

Assessoria de Imprensa do Evento

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