Valorização e auto-estima dos Kaingáng é meta de projeto da UFSC
A UFSC está ajudando os Kaingáng do oeste do Estado a recuperarem sua auto-estima a partir de pesquisas sobre sua história. Esse é o objetivo do projeto “Kaingáng na conquista da cidadania: produção e elaboração de materiais didáticos-pedagógicos sobre a história indígena”, coordenado pela professora Ana Lúcia Vulfe Nötzold, do Laboratório de História Indígena (Labhin), vinculado ao Departamento de História, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH).
Desenvolvido desde 1999, o projeto consiste na produção de livros e materiais didáticos com a ajuda dos alunos e professores da escola da Terra Indígena Xapecó, localizada no município de Ipuaçu, a 580 km de Florianópolis. A aldeia é uma das maiores do Estado, com cerca de cinco mil habitantes e foi a primeira no Brasil a ter uma escola estadual com Ensino Médio no interior de uma terra indígena.
O trabalho de produção literária é feito a partir de duas frentes. A primeira é desenvolvida pelos bolsistas do projeto, alunos da universidade, que entrevistam os moradores mais antigos da aldeia. Nesses contatos, que depois são transcritos e publicados, são abordados aspectos da cultura Kaingáng, como as celebrações de vida e morte, entre outros. Os alunos Kaingáng são os responsáveis pela segunda parte do projeto, que consiste na realização de oficinas de ‘contação de histórias’, onde os moradores da comunidade compartilham com as crianças um pouco do histórico da aldeia. “Participam destes encontros alunos desde a pré-escola até o Ensino Médio, todos de forma espontânea”, explica a professora Ana Lúcia. No final, todo o conteúdo produzido é analisado em conjunto com os alunos participantes e seus professores, que decidem o que vai ser impresso nos livros.
Duas publicações já foram editadas pelo projeto: a primeira, em 2003, chamada “Nosso vizinho Kaingáng”, falava sobre a história da comunidade Kaingáng de Xapecó. Já a segunda, em 2004, com o nome de “O ciclo de vida Kaingáng”, focou as tradições de nascimento, casamento e envelhecimento dos Kaigáng. Com uma tiragem de mil exemplares cada um, os dois livros foram distribuídos gratuitamente em escolas e bibliotecas do Estado. Para a professora, os objetivos iniciais das publicações, que era de melhorar a imagem que outras comunidades tinham dos Kaingáng, a partir de um maior conhecimento sobre sua cultura, foi alcançado. “Eles estão se valorizando mais agora”, conta Ana Lúcia.
Um dos próximos passos do projeto será a produção de um terceiro livro, no ano que vem, relatando o artesanato produzido pelos moradores da aldeia. Antes, porém, está prevista a impressão de um jogo de memória, contendo desenhos produzidos pelos alunos da escola. “São retratos de objetos que eles consideram importantes”, diz a professora, que pretende terminar a confecção do jogo ainda neste ano. Para o futuro, Ana Lúcia espera trabalhar a relação entre a cultura Kaingáng e as outras. “Quero introduzi-los em outros relatos para que, olhando para fora, eles se conheçam melhor”, explica. Por conta disto, a intenção da professora é inscrever o projeto na edição deste ano do edital Proext, do Ministério da Educação.
Mais informações sobre o projeto no telefone (48) 3331 9642 e no site www.cfh.ufsc.br/~labhin.
Leo Branco/Bolsista Agecom



























