Agamben: filósofo italiano realiza conferência na UFSC

27/09/2005 17:00

Foto: JB Online

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A UFSC recebe nesta quinta-feira, 29/9, a visita de um dos filósofos mais inovadores e importantes da atualidade. Giorgio Agamben profere a conferência “O que é um movimento?“, no Centro de Cultura e Eventos da universidade, às 19h30min. O evento é uma realização dos programas de pós-Graduação em Literatura e Direito, com o apoio da Fundação Boiteux, Fapesc e da Capes.

O pensador Giorgio Agamben nasceu em Roma em 1942. Foi aluno do filósofo alemão Martin Heidegger e assim teve contato com uma das mentes mais influentes do século XX. Com o lançamento do livro “L`uomo Senza Contenuto”, em 1970, deu início às publicações, que se tornariam conhecidas em todo o mundo. Dentre suas obras estão “Stanze: La Parola e il Fantasma Nella Cultura Occidentale” e a mais marcante delas, “Homo sacer – o poder soberano e a vida nua I”, em que recorda uma esquecida figura jurídica latina:o Homo sacer, aquele cuja morte não consistia em sacrifício e cujo assassinato não implicava em pena jurídica, o “joão-ninguém”. Para o filósofo a figura do Homo sacer esta presente nas sociedades capitalistas contemporâneas, sujeito à vida nua, desprovida dos direitos humanos fundamentais.

O livro “Infância e História – destruição da experiência e origem da História, lançado este ano, é o mais novo trabalho que leva a assinatura de Agamben. A diversidade de seus objetos de estudos e sua capacidade de oferecer análises das situações sócio-jurídicas atuais são alguns dos fatores que fizeram desse professor da Universidade de Verona um dos principais filósofos contemporâneos.

Destaca-se ainda por ser um especialista na obra de Walter Benjamin, filósofo alemão da escola de Frankfurt, que formulou a conhecida teoria sobre a obra de arte na era da reprodutibilidade técnica. Agamben dirigiu as traduções italianas da “Obra Completa” de Benjamin, enriquecidas com alguns textos até então desconhecidos.

Um dos principais temas estudados por Agamben é o “estado de exceção” e suas implicações sociais. Dentro desse assunto se enquadram situações como a enfrentada pela sociedade norte-americana, principalmente depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Isso porque, depois dessa data, o governo americano, com o pretexto de aumentar a segurança nacional contra o terrorismo, implantou regras que muitas vezes desrespeitam direitos democráticos dos cidadãos. Para ele, os Estados contemporâneos, principalmente os EUA, mais do que garantir e administrar a ordem, são máquinas de produção e gestão da desordem, permitindo intervenções que lhes dão legitimidade e poder.

Destas teorias resultou uma de suas obras fundamentais, “Estado de Exceção”, que se tornou essencial para entender o Estado e a política contemporânea. O livro expõe as áreas mais obscuras do direito e da democracia, justamente as que legitimam a violência, a arbitrariedade e a suspensão dos direitos, em nome da segurança e da concentração de poder. Tudo isso também levou Agamben a recusar-se a lecionar nos EUA como protesto contra a política de segurança norte-americana.

O evento realizado na UFSC integra uma série de conferências que proferidas por Agamben. O filósofo esteve presente em São Paulo, Rio de Janeiro e Niterói. Em todos os encontros, além de discutir os assuntos relacionados com seus estudos em geral, Agamben abordou como tema principal “Oikonomia: Sobre a Gênese Teológica do Governo”.

Mais informações através do telefone da Fundação Boiteux – (48) 3233-0390

Por Julia Fecchio/bolsista de jornalismo da Agecom