5ª SEPEX: Compostagem e recuperação da Praia Mole são destaques
O visitante da 5a SEPEX pode encontrar na feira vários projetos na área de meio ambiente. São 13 estandes, com temas que variam entre a compostagem de material orgânico na UFSC e a recuperação das áreas degradadas na encosta da praia Mole.
Um dos maiores estandes da área de meio ambiente da SEPEX é de um projeto conhecido por “pastoreio Voisin”. Desenvolvido há sete anos pelos alunos e professores do Departamento de Zootecnia do curso de Agronomia, em parceria com a Epagri e com o curso de Agronomia da Unisul, esse projeto deu uma nova alternativa de manejo do gado para pecuaristas, mais rentável que a tradicional.
Ao invés de deixar o boi pastando livremente, essa técnica visa nortear o lugar onde ele se alimenta. Nas propriedades rurais, os alunos da universidade mapeiam o solo, e o dividem em vários pedaços, para depois separá-lo com uma corda de arame. Dessa forma, o gado tem um espaço restrito para caminhar e se alimentar. Nesse tempo, o pasto das outras áreas cresce. Após um determinado período, que varia de acordo com a região, o gado é conduzido para outras áreas da propriedade, em um rodízio de pasto que impede a sua deterioração em um curto espaço de tempo. “O agricultor neste caso pode escolher onde o seu gado deve comer”, explica Alexandre Souza, bolsista do projeto.
Desde sua criação já foram atendidas 386 propriedades em todo o estado; número que deve chegar a 400 até o final do ano. Cada aluno é responsável por uma propriedade, dada a complexidade do trabalho realizado. Mas o esforço compensa. “Quase todo mundo que participa do projeto sai com emprego da faculdade”, comemora Souza. Além de amostras do pasto cultivado nas propriedades, no estande do pastoreio Voisin o visitante pode degustar queijos produzidos nos locais atendidos pelo projeto, em uma parceria do projeto com empresas de laticínios do interior de Santa Catarina.
Ao lado do pastoreio Voisin está um projeto que vem revitalizando a mata nativa das encostas da praia Mole. Desde a construção da rodovia que liga a Lagoa da Conceição à Barra da Lagoa, na costa Leste de Florianópolis, há mais de quinze anos, a região da praia vem sofrendo com a erosão causada pela destruição de sua vegetação. Um buraco de 20 metros de extensão surgiu na área. Percebendo este problema, em 1997 alguns professores da Agronomia da UFSC iniciaram este projeto, que visa restaurar o verde que havia naquela área.
Mas o processo tem sido lento desde lá. “Não temos uma metodologia fixa, estamos testando várias técnicas diferentes”, comenta Marcelo Zanella, estudante de Agronomia e voluntário do projeto. Entre as formas escolhidas para reflorestar a região está a de colocar uma ‘palha’ de serragem sobre o solo antes de semear novas plantas. “Ela ajuda a grudar os nutrientes que eram levados do solo pela chuva”, explica. Para demonstrar os problemas causados pelo desmatamento em encostas de rios, lagos e praias, como é o caso da Mole, os organizadores do estande levaram à feira um modelo de irrigação. Feito de duas partes, uma reproduzindo um solo com plantas e o outro sem nada, esse modelo mostra que a absorção de água em regiões de florestas é muito maior do que as áreas ‘peladas’. “Encostas arborizadas previnem problemas que vão desde a erosão até o assoreamento dos rios”, diz Zanella. A partir de agora, os organizadores do projeto pretendem começar o plantio de árvores nativas da região.
Outro estande que chama a atenção dos visitantes da SEPEX é o trabalho “Compostagem de Resíduos Urbanos e Hortas Escolares”, do Grupo de Uso e Manejo do Solo do Centro de Ciências Agrárias (CCA). Há oito anos o grupo é responsável pela reciclagem de todo lixo orgânico da UFSC, que, diariamente, chega a quatro toneladas em média. No final do processo esse lixo é transformado em húmus que serve como fertilizante natural. Até lá, ele passa por um longo processo. Primeiro é feito uma leira (carreira onde o lixo é guardado), com duas camadas de palha e serragem. O que foi coletado na UFSC é jogado por cima, e depois coberto por mais uma camada de palha.
Neste meio tempo, microorganismos aeróbicos (que necessitam de oxigênio para sobrevivência) vão digerindo esse material, que é mexido com freqüência pelos alunos do CCA. Depois de em média seis meses, essa leira está pronta para receber outros animais que farão a digestão completa da mistura, como as minhocas e centopéias. No estande, os visitantes podem ver esse processo em pequenas caixas de vidro, onde todas as camadas e os organismos que decompõem o lixo podem ser vistos. “Queremos mostrar para o público o que é a compostagem, uma saída para gerar menos lixo”, comenta Rodrigo Moreira, aluno do curso de Agronomia e voluntário do projeto em escolas municipais que estão adotando esse processo para dar uma finalidade ao seu lixo. “Estamos conscientizando as crianças sobre a compostagem”, explica.
Por Léo Branco/bolsista de jornalismo da Agecom