Seminário debateu saúde bucal no Brasil
No último dia 10 de agosto foi realizado o Seminário Internacional de Saúde Coletiva, no auditório do Centro de Ciências da Saúde, promovido pelo Departamento de Saúde Pública e pelo Grupo de Estudos de Odontologia em Saúde Coletiva (GEOSC). O evento reuniu, principalmente, alunos de Departamento de Estomatologia – graduandos e pós-graduandos em odontologia.
A parte nacional do Seminário foi apresentada pelo professor Marco Peres, do Departamento de Saúde Pública da UFSC que também é membro da Comissão de Assessoramento à Coordenação de Saúde Bucal do Ministério da Saúde do Brasil. Com dados obtido em uma pesquisa feita em 250 municípios e com mais de 100 mil exames, encomendada pelo programa Brasil Sorridente,do governo Federal, o professor traçou um diagnóstico e mostrou as propostas frente a este diagnóstico e os resultados já obtidos pelo programa que teve início em março de 2004.
Alguns dados são preocupantes. No Brasil, 28 % dos adultos não possuem dentes funcionais. E, de cada quatro idosos, três não possuem nenhum dente funcional, o que, além de problemas de estética, compromete a digestão. Em 2003, foram registrados mais de 11 mil novos casos e cerca de 3.300 óbitos pelo câncer bucal – entre os 10 cânceres mais preocupantes e o sexto mais dispendioso ao setor público de saúde. Além disso, cerca de 28 milhões de brasileiros nunca foram ao dentista, de acordo com Censo do IBGE de 2003. Entre os 10% mais pobres da população, metade das crianças da faixa etária entre nove e 15 anos nunca forma ao dentista. E 45% dos brasileiros não possuem acesso regular a escova de dente.
“Pode parecer contradição, mais existe estimativas de que 11% dos dentistas do mundo sejam brasileiros”, afirmou o professor Peres. As dimensões continentais do Brasil e as diferenças socioeconômicas da população são fatores que implicam nesta aparente contradição, segundo Peres. “Como fornecer flouretação para todo mundo, se o sistema de abastecimento de água não atinge toda a população” exemplifica. Apesar disso, segundo Peres, no Brasil, onde existe fornecimento de água com flúor diluído, o serviço está entre os melhores do mundo.
A criação do programa Brasil Sorridente, que de acordo com Peres, tornou pela primeira vez a Ordotondia em setor da saúde, foi um avanço sem precedentes. O investimento do governo federal no Sistema Único Saúde (SUS) para a saúde bucal aumentou de 56,54 milhões, em 2002, para 166 milhões de reais, neste ano. O programa prevê a criação de 400 Centros de Especialidades Odontológicas até 2006, que além de atendimento básico, forneceria a população acesso também a tratamentos especializados, como canal, doenças da gengiva, cirurgias odontológicas, câncer bucal em estágio mais avançado, endodontia e ortodontia. Dois destes Centros já estão funcionando, um em Sobral (CE) e um em Caruaru (PE).
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A Diretora Nacional de Estomatologia do Ministério da Saúde de Cuba, Dra. Maritza Sosa, convidada para mostrar um panorama das políticas de Saúde Bucal de Cuba, não pode comparecer ao evento, pois o vôo que chegaria se dirigiu direto para São Paulo, devido à instabilidade climática de Florianópolis. Com a agenda lotada durante visita ao Brasil, a presença de Maritza não pode ser adiada e foi cancelada.
Por Andesrson Porto/bolsista de jornalismo da Agecom































