Laboratório de Moluscos Marinhos é um dos vencedores da etapa Regional Sul do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica
O trabalho de pesquisa e de transferência de tecnologia de cultivo de ostras desenvolvido pelo Laboratório de Moluscos Marinhos da UFSC é um dos três vencedores da etapa Regional do Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica, na categoria Inovação Social. A indicação já está sendo comemorada pela equipe que trabalha no laboratório e que dá suporte à atividade de cultivo desse molusco em Santa Catarina. As atividades desenvolvidas pela universidade e o repasse desse conhecimento para pescadores artesanais estão na base do crescimento da aqüicultura no Estado, hoje considerado um dos principais produtores de ostras do país.
Para o professor Jaime Fernando Ferreira, coordenador Laboratório de Moluscos Marinhos da UFSC, a premiação é importante para divulgar a interação entre as pesquisas e a comunidade. Inscrito com o título “Cultivo de Moluscos: Uma Revolução Social no Litoral Catarinense”, o projeto mostra como o trabalho da universidade resultou em benefícios sociais e ambientais.
Importância social
A transferência do trabalho desenvolvido no laboratório para os pescadores possibilitou o restabelecimento das atividades marítimas tradicionais, que passavam por um período de estagnação econômica devido ao declínio da pesca artesanal. O professor Jaime lembra que muitos pescadores deixavam de trabalhar no mar, por causa da baixa lucratividade, para se dedicar a outras atividades. Depois da valorização da produção de moluscos, essa situação foi revertida. Atualmente até os filhos dos pescadores aprendem a atividade através de uma formação técnica e deixam de abandonar as comunidades pesqueiras. Hoje já são mais de mil maricultores, reunidos em 20 associações em todo o Estado.
Várias regiões foram beneficiadas pelo crescimento do cultivo de moluscos, como o Ribeirão da Ilha. O local se transformou no maior produtor de ostras do Brasil e, impulsionado pelos restaurantes que têm os moluscos como principal prato do cardápio, consolidou-se como um importante pólo turístico da cidade. Além disso, o desenvolvimento da maricultura beneficiou a implantação e o crescimento de novos setores da economia, como fabricantes de insumos e de equipamento para cultivo.
Importância ambiental
O meio ambiente também foi favorecido pelo aumento do cultivo da ostra, espécie que exige locais apropriados para desenvolvimento. O professor Jaime explica que essa atividade só pode ser feita em locais com boa qualidade de água. Isso fez surgir uma maior conscientização por parte dos produtores, que passaram a se comprometer com a limpeza do ambiente. Além disso, o molusco concentra material particulado presente na água e cria nichos ambientais, serve de sistema para auxiliar na remoção do excesso de matéria orgânica dos ambientes e de local para desenvolvimento de grande quantidade de fauna acompanhante. Assim, é comum nos locais de cultivo voltarem os camarões, os siris e os peixes que podem novamente fazer parte das atividades de pesca dos pescadores artesanais locais.
O LMM e o projeto
No Laboratório de Moluscos Marinhos da UFSC são desenvolvidas diversas etapas essenciais para o cultivo de ostras em Santa Catarina. Entre elas, o estoque de reprodutores, a fecundação, a indução para desova e a produção de larvas que depois se transformam nas sementes de ostras que são repassadas aos pescadores. Esse trabalho, desenvolvido pelo LMM é fundamental porque o principal tipo de ostra comercializada e consumida no estado e já difundida para vários outros locais do Brasil é a japonesa, espécie que se adaptou bem às condições do mar catarinense. Além da ostra japonesa, o LMM trabalha com três espécies nativas: a ostra de mangue, a Vieira e o mexilhão. No caso da ostra japonesa, o cultivo da semente em laboratório permite maior controle da produção, que é feita de acordo com a demanda.de moluscos por parte do produtores.
Em 1997, o LMM tinha capacidade de entregar aos produtores cerca de 400 mil sementes por mês. Hoje esse número passou para 5 milhões. Atualmente, com as tecnologias desenvolvidas, o laboratório repassa ao setor produtivo aproximadamente 40 milhões de sementes no ano, com capacidade atual de triplicar essa produção, caso haja demanda e programa a entrega às necessidades e demandas do produtor por épocas e quantidades. Além da própria equipe do LMM, o trabalho conta com a parceria da EPAGRI e desperta a participação de vários outros setores da UFSC. O trabalho associado ao cultivo de moluscos envolve profissionais de mais de 20 departamentos da universidade.
Os outros dois projetos vencedores da etapa Regional do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, na categoria Inovação Social, são também ligados a instituições de ensino. Um deles tem como tema “Filtro para Desfluoretação de Águas Subterrâneas: Desenvolvimento Sustentável com Ênfase na Inovação Social” e foi desenvolvido pela Associação Pró-Ensino de Santa Cruz do Sul (Apesc). O outro projeto selecionado é do Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (ITAI) e tem como título “Projeto Ñandeva – Oficina Trinacional de Desenvolvimento Artesanal”. No dia 11 de novembro será divulgado o trabalho que vai representar a região sul na etapa nacional do Prêmio, que deve ocorrer no fim de novembro em Brasília.
Mais informações com o professor Jaime Ferreira, e-mail:jff@cca.ufsc.br, 48 232-3013
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