Notícias da UFSC

Estréia neste fim de semana, sábado e domingo, dias 18 e 19 de junho, às 17 horas, no Teatro da UFSC, o espetáculo teatral “Quintal Esquecido”, o mais novo trabalho do grupo de teatro “Sonho de Criança” da comunidade de Ratones, Florianópolis. O espetáculo tem entrada franca e é aberto à comunidade.

Márcia Pompeo, professora da UDESC que supervisiona o grupo teatral, explica que “Quintal Esquecido” retrata dois diferentes universos. O primeiro – as crianças do futuro – onde as crianças brincam

isoladamente, concentradas em jogos eletrônicos e outras atividades que as distanciam da natureza. O segundo – as crianças de antigamente – que buscam no brincar a amizade e a alegria de viver, construindo juntas um mundo de harmonia e companheirismo. Entre estes dois – uma Flor – que simboliza a entrega do ser humano ao universo do imaginário, onde a brincadeira é a mola mestra para um mundo onde reinam os sonhos e as fantasia. Na peça, a destruição desta flor representa, simbolicamente, o momento em que a harmonia com a natureza é rompida.

O espetáculo é fruto do projeto “O Teatro e o Resgate das Brincadeiras Antigas da Comunidade de Ratones” proposto por Natanael Machado e Rafael Buss Ferreira, membros da comunidade de Ratones. O objetivo deste projeto era resgatar as brincadeiras antigas da comunidade, fazendo com que as crianças do hoje tenham outras opções de diversão além de computadores e videogames. Além disso, o projeto procurava estimular a criatividade e a fantasia da criança que passa a ser autora de suas formas de brincar. O projeto do CEART/UDESC “Teatro e Comunidade”, coordenado pela professora Márcia Pompeo, e apoiado pela bolsista de extensão Débora Matos, atuou na perspectiva de colaborar e apoiar o desenvolvimento do espetáculo em questão.

O grupo de teatro “Sonho de Criança” é formado por moradores da comunidade de Ratones. Teve seu inicio em 1991, através do projeto de extensão “Teatro com Crianças e Adolescentes” do Centro de Artes/UDESC, projeto este concebido e coordenado pela professora Márcia Pompeo. Atualmente, o grupo, ainda sob a supervisão da professora, é coordenado por Natanael Machado, morador da comunidade e integrante do grupo desde o ano de sua criação. Esta é a sexta montagem produzida pelo grupo. Como nas anteriores, sua

concepção nasceu e se desenvolveu a partir de improvisações, num processo de criação coletiva. O elenco é composto por 12 crianças de 6 a 14 anos, todos moradores da comunidade, que entram para formar uma

nova geração do grupo.

Assinam a direção do espetáculo Natanael Machado e Débora Matos, que coordenam reuniões semanais com o grupo, mesclando artisticamente os elementos teatrais e educacionais do projeto. Não podemos

deixar de expor o dedicado trabalho de Ive Novaes Luna (cantora do grupo Cravo da Terra) e Denise Schubert Severo, que conceberam respectivamente a música e os figurinos do espetáculo. Ambas captaram

essencialmente as experiências vividas durantes todo o processo. Ive criou três músicas que compõem a trilha sonora da peça em conjunto com outras interferências sonoras que contribuem para criar o clima

ritualístico do espetáculo. Denise entra com sua criação artística para também “fantasiar” ainda mais este universo imaginário que a peça propõe. Concebe figurinos que de alimentam o trabalho de representação dos novos atores, criando possibilidades de andar e agir de suas personagens. A direção geral é de Márcia

Pompeo, doutora em teatro na comunidade e professora do CEART/UDESC.

Apesar do espetáculo estar especialmente dirigido à comunidade de Ratones, enquanto resgate cultural, seu tema toca, de forma suave e poética, a todos que assistirem e participarem do espetáculo.

O Teatro da UFSC faz parte do DAC – Departamento Artístico Cultural / Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da

UFSC

SERVIÇO:

O QUE: Estréia teatral “Quintal Esquecido” com o grupo “Sonho de Criança”

QUANDO: Dias 18 e 19, sábado e domingo, às 17 horas

ONDE: Teatro da UFSC – Praça Santos Dumont, Trindade

QUANTO: Gratuito. Aberto ao público.

CONTATOS: Márcia Pompeo Nogueira 8409-0122 marciapompeo@udesc.br

Natanael Machado 8414-0714

Débora Matos 9981-2765

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Detalhamento do Processo de Criação, por Márcia Pompeo

O processo teve início em março de 2004 e pode ser dividido em seis diferentes etapas. Na primeira etapa

enquanto metade do grupo recebia oficinas de iniciação teatral, outra metade corria atrás de informações

sobre as brincadeiras de antigamente.

Num segundo momento, foram feitas improvisações sobre o tema: “Brincadeiras do ontem e brincadeiras do

hoje”. Muita coisa surgiu, inclusive a necessidade de aprofundar tais brincadeiras em um quintal de verdade.

Esta, poderíamos dizer que foi a terceira etapa do processo. Embasado na proposta de Ilo Krugli, o grupo

“Sonho de Criança” realizou vivências num pasto localizado em Ratones. “Caminhem e sintam o contato dos

seus pés com as folhas do chão e imaginem quantas pessoas já fizeram este caminho. Deixem seus pés

guiarem vocês para uma viagem no tempo. Entrem no quintal de antigamente” (Márcia Pompeo). O espaço,

com grandes pedras e belas árvores, propiciou uma imersão no universo imaginário de um quintal esquecido

no tempo. Este trabalho favoreceu a criação de cenas com forte significação dramática.

O grupo participou também de um ensaio que chamamos “intensivão”. Nesta quarta etapa, as crianças

receberam, durante um final de semana inteiro, no Centro de Artes-UDESC, oficinas de corpo, voz,

dramaturgia e formas animadas, que foram ministradas pelos alunos da disciplina de Estagio II: Teatro e

Comunidade, oferecida à 5° fase do curso de Artes Cênicas da UDESC.

Fomos para a quinta etapa: a estruturação dramática e os ensaios. Esta, que parecia ser a última teve de ser interrompida para um aprofundamento maior nas antigas brincadeiras realizadas pelos moradores da comunidade.

Nesta última etapa decidiu-se então realizar um encontro entre os pais dos integrantes do grupo. O curioso é que o encontro não se ateve só aos pais, mas, aprendemos a brincar com tias e avós que aderiram ao encontro. Inúmeras brincadeiras surpreenderam não só o grupo, como aos próprios familiares que já haviam arquivado, por assim dizer, parte destas, só sendo possível resgatá-las com a ajuda mútua.

Fonte: [CW] – DAC – PRCE – UFSC, com material do grupo.