Professor do Departamento de Engenharia Mecânica organiza livro sobre ruído
Para atender a uma antiga necessidade, tanto da comunidade científica, quanto de profissionais da indústria automobilística, acaba de ser lançado o livro Ruídos e Vibrações Veiculares, organizado pelo professor do departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (EMC/UFSC) Samir N. Y. Gerges. “A área de acústica veicular é muito carente em bibliografia. É importante suprir essa demanda por informações técnicas”, afirma. Além de Gerges, escreveram o livro os professores Roberto Jordan, do EMC, Robert Birch, da Universidade de Liverpool, e 20 alunos de mestrado e doutorado da UFSC. Depois de quase cinco anos de elaboração, a obra deve chegar às livrarias especializadas ainda este mês.
De acordo com Gerges, questões relacionadas à acústica e vibrações em veículos são consideradas áreas mais refinadas do conhecimento automotivo, ligadas ao acabamento do produto. “Cada vez mais são exigidas soluções de engenharia no que se refere ao conforto acústico de veículos, o que aumenta a necessidade de desenvolver materiais e processos para resolver problemas de ruídos e vibrações”. Na UFSC, as pesquisas nessa área estão incluídas nas atividades do Laboratório de Vibroacústica Industrial, Veicular e Aeronáutica (LARI), coordenado por Gerges.
Segundo o professor, foi depois da abertura econômica promovida pelo governo Collor a partir de 1990 que as tecnologias para aumentar o conforto do motorista e reduzir ruídos internos e externos passaram ser mais focadas pela indústria automobilística nacional. Na época, o padrão dos veículos importados era muito superior ao dos produzidos no Brasil. “Não há como negar que o ruído de um carro fabricado há três décadas – e que ainda circula pelas ruas – é muito alto. O Fusca é um bom exemplo disso”, diz Gerges. Frente à necessidade de mudança, começaram a se desenvolver pesquisas e equipamentos para quantificar ruídos e grau de conforto em veículos.
Luxo – Apesar da grande evolução verificada nas últimas décadas, a diferença de conforto vibroacústico entre carros de luxo e populares ainda é grande. “Os carros de custo mais elevado são fabricados com materiais mais nobres, de alta qualidade e precisão, o que faz com que apresentem menos ruído e vibração do que os veículos populares”, explica o professor. Entre as fontes potenciais de ruído externo presente em um automóvel, estão o motor – principalmente se for movido a óleo diesel -, os sistemas de engrenagem, escapamento e os pneus.
O professor Gerges ressalta que a evolução tecnológica ocorrida na indústria não foi acompanhada pela maioria das instituições de ensino de engenharia. “No Brasil, a UFSC é uma das poucas universidades que oferece ao aluno noções básicas sobre o tema durante a graduação”. Essa falta de estudos em vibroacústica no meio acadêmico faz com que a bibliografia em português referente à área também seja escassa.
Ruído e Vibrações Veiculares oferece, em 24 capítulos, conteúdos que vão desde a propagação e transmissão de ondas acústicas até as legislações vigentes para ruído veicular, passando por questões técnicas como análise modal e medição de ruídos de pneus. A obra tem 750 páginas. “No livro, colocamos nossa experiência de mais de 25 anos de trabalho em conjunto com a indústria automobilística”, destaca o professor.
Informações com o professor Samir Gerges :3319227/3317095 ou samir@emc.ufsc.br
Laboratório de Vibroacústica www.lari.ufsc.br
Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC www.emc.ufsc.br
LARI é referência nacional na área
O Laboratório de Vibroacústica Industrial, Veicular e Aeronáutica (LARI) é considerado um centro de excelência na área de pesquisa, desenvolvimento e ensaios de ruído e vibrações. Uma das principais atividades dos pesquisadores do LARI tem sido a solução de problemas relacionados à área em grandes companhias industriais, tais como EMBRAER, Mercedes Benz, FIAT, Petrobrás, Eletrosul, Gessy Lever, Eucatex, entre outras.
O suporte a atividades acadêmicas relacionadas a ensino e pesquisa na graduação e na pós-graduação também faz parte das atividades do LARI. A equipe do Laboratório conta com dois professores doutores, um engenheiro (também doutor), três pós-doutores, 11 doutorandos, quatro mestrandos e 11 bolsistas de iniciação científica, além de dois técnicos de nível médio. “A demanda por profissionais dessa área se expande cada vez mais. Por isso, os profissionais especializados não têm dificuldades em entrar no mercado. Na EMBRAER, por exemplo, dos 11 profissionais do grupo de acústica, sete são ex-alunos da UFSC”, conta o professor Samir Gerges.
Veículos pesados fazem mais barulho
O rendimento elevado, aliado ao preço mais baixo do óleo diesel, tornam o motor movido por esse combustível uma opção econômica para veículos nos quais a relação custo por quilômetro rodado é importante – ônibus e caminhões, por exemplo. Apesar desse e de outros atrativos, os veículos a diesel trazem uma desvantagem quando comparados aos demais: o nível de ruído. Entre as razões para essa desvantagem, estão o uso de componentes pesados na fabricação do motor e seu sistema de combustão.
Enquanto os motores movidos à gasolina, álcool ou gás natural utilizam uma faísca elétrica da vela de ignição, para inflamar o combustível e gerar a pressão necessária para movimentar pistões e realizar o trabalho mecânico, o motor a diesel usa a própria compressão do ar nesse processo. O ar, comprimido pelo motor a altíssimas pressões, sofre um aquecimento que pode chegar a 700° C. A essa temperatura e sob pressão elevada, o combustível é pulverizado no interior dos cilindros do motor, iniciando a queima.
Esse sistema de compressão, que submete o motor a pressões elevadas durante o seu funcionamento, exige o uso de componentes mais “robustos” na fabricação de veículos movidos a Diesel. Aliados, esses dois fatores são os principais responsáveis pelo excesso de barulho do motor. Mas, de acordo com o professor do EMC/UFSC Lauro Nicolazzi essa explicação é válida apenas para veículos pesados, nos quais durabilidade e força são aspectos fundamentais. “Existem motores de veículos pequenos, tais como o de 1,3 litro, fabricado pela FIAT – considerado o menor motor a diesel do mundo – que é bastante leve, relativamente pouco barulhento e de alta rotação.”
Fonte: Site da Ford. (http://www.ford.com.br/institucional/faq/faq23a.asp)
Fonte: Núcleo de Comunicação do CTC/ Por Débora Horn