Mário José Lopes Guimarães Jr faleceu em Londres no fim de abril
Bem contente será e senhor de si quem ao fim de cada dia puder dizer: ‘Vivi. Amanhã traga ao céu o pai dos deuses negra nuvem ou claro sol, não poderá anular o passado nem mudar ou desfazer o que uma vez o tempo levou consigo.’
Horácio, Ode XXIX
Esta epígrafe que Mario, 34 anos, conhecido como Mario Guima, escolheu para a página pessoal que manteve, durante um tempo no CFH, traduz muito de sua figura.
Com uma singular erudição, bacharel em Filosofia, seu primeiro curso (inacabado) foi de Engenharia Elétrica. Mario era na verdade uma dessas raras pessoas que vivem à frente de seu tempo: seu principal interesse era de como cultura e tecnologia se relacionavam e se entrelaçavam nos processos sociais, derivando daí o objetivo de suas pesquisas: a construção de uma etnografia do ciberespaço e o surgimento de novas formas de sociabilidade. Ele mesmo um mestre em fazer amigos onde quer que fosse e se encontrasse.
Sua dissertação de mestrado, no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da UFSC, foi defendida, em 2000, sob a orientação do professor Theophilos Rifiotis, e já àquela época, usando recursos de teleconferência. “Vivendo no Palace: etnografia de um ambiente de sociabilidade no ciberespaço”, trouxe inovações na escolha do tema e ousou uma releitura no método da “observação participante”, lançando-a ao espaço virtual.
Mario tinha terminado o doutorado na Brunel University, em Londes. Havia acabado de entregar sua tese e preparava-se para voltar ao Brasil. Na quarta-feira, 27, saiu com sua sempre companheira, a bicicleta, para fotografar e se despedir de Londres. No passeio envolveu-se num acidente de trânsito fatal. Seu corpo será cremado nesta sexta. Seus amigos e sua companheira Carina estão programando uma cerimônia de despedida, para este gaúcho, dia 14, em Porto Alegre, à beira do Guaíba, na hora do pôr-do-sol, que ele tanto gostava.
Nestes anos, no Reino Unido, Mario apresentou papers em congressos em Caxambu (ANPOCS), Belfast, Viena, Manchester, Copenhague, dentre outros tantos lugares do planeta. Deu até um curso na China.
Publicou também diversos papers e ganhou muitos prêmios, desde o “Jovem Pesquisador”, no VIII Salão de Iniciação Científica da UFRGS, em 1996, ao “Arts Centre Prize in Photography”, granted by Brunel University Arts Centre at the collective exhibition “All our own work”. Beldam Gallery, Brunel University, 2002.
Seus outros interesses eram viajar, fotografar,literatura e artes em geral.Foi ator de grupos de teatro amador nos anos 90. Como fotógrafo amador trabalhou com temas diferentes como texturas, macro fotografia, retratos e nús.
Mario foi um dos que levou a antropologia para o mundo virtual. Em sua tese dava continuidade à pesquisa sobre os avatares e o ciberespaço.
Quem quiser conhecer um pouco seu trabalho:
<a href= http://www.scielo.br/pdf/ha/v10n21/20622.pdf
>De pés descalços no ciber espaço: tecnologia e cultura no cotidiano de um grupo social on-line
Por Alita Diana/ jornalista coordenadora da Agência de Comunicação, com informações pessoais e retiradas de currículos e sites disponíveis na rede.