Pesquisa de antropólogo da UFSC sobre o povo Guarani deu suporte a documentário
Nesta terça, 19, Dia do Índio, será lançado no Cinema do CIC, o Mbyá Guarany,às 19h. Entrada : R$ 2,00 mais 1k de alimento não perecível.
Uma pesquisa sobre os costumes e a cultura dos índios guarani, que vem sendo desenvolvida há mais de 15 anos pelo antropólogo do Museu Universitário da UFSC, Aldo Litaiff, se tornou um documentário.
O projeto do vídeo é do cineasta Charles Cesconetto e foi finalizado na 5ª Reunião de Antropologia do Mercosul, em 2003.
O documentário feito em aldeias dos índios Guarani Mbyá, em Santa Catarina, e ficou pronto no ano passado. Segundo Cesconetto, a realização de um documentário etnográfico é lenta, mas quando se trata de índios esse tempo é bem maior. “A aproximação é lenta e as conversas são demoradas pois é preciso respeitar o quotidiano dos índios, mas aos poucos criaremos laços de confiança”, explica Cesconetto. O documentário privilegiou a mitologia dos índios Mbyá e também utilizou depoimentos dos próprios índios.
De acordo com a pesquisa do professor Litaiff, as populações guarani vêm sofrendo violento e acelerado processo de descaracterização e destruição, sendo que grupos inteiros foram dizimados. Dos estados do sul e sudeste do Brasil, Santa Catarina é o que possui a menor quantidade de terras exclusivas para esta etnia, e as que existem são inadequadas. A falta de terras e de recursos naturais (provocados pela colonização branca e pelo acelerado processo de destruição das florestas brasileiras) pode gerar grandes períodos de fome, que continua matando a escassa população que restou do Guarani.
Tanto os Mbyá, quanto a maioria do Guarani de Santa Catarina, encontram-se hoje em situação de miséria. É comum encontrar mulheres e crianças pedindo esmola nas ruas de Florianópolis. As doenças, a subnutrição e o alcoolismo também são fatores que têm reduzido de forma dramática seu contingente populacional. Para os índios, a terra é como um ser vivo, dotado de alma e vontade, devendo eles, respeitá-la e venerá-la. Assim, entre eles, a exploração ostensiva da terra, a extração de madeira e palmito é proibida.
A comercialização do artesanato e a agricultura são atualmente as principais fontes de subsistência dos Mbyá. “Acreditamos que este documentário servirá como contribuição para a preservação da identidade étnica dos índios Mbyá, assim como para sensibilizar as autoridades para a necessidade de estabelecer dispositivos que permitam a auto sustentabilidade destas comunidades” explica Cesconetto.
O projeto foi o vencedor, em Santa Catarina, do Programa de Fomento à Produção e Teledifusão do Documentário Brasileiro – Doctv. Neste concurso, realizado em todo o país, é feita a seleção de projetos para documentários sobre temas relativos à diversidade cultural dos estados. O concurso ofereceu verba de produção no valor de R$ 90 mil para o projeto selecionado, através de assinatura de contrato de co-produção com a TV Educativa e a Fundação Padre Anchieta/TV Cultura. Desses R$ 90 mil, R$ 20 mil foram de serviços e equipamentos da TV Educativa, e os outros R$ 70 mil de recursos financeiros.
Mais informações com Aldo Litaiff no telefones (48) 331-9793 e Charles Cesconetto , fone (48) 334-3161.