Morre César Lattes – um dos maiores físicos do mundo

09/03/2005 16:39

Faleceu ontem (8) às 15h4min, no Hospital das Clínicas da Unicamp, aos 80 anos, de parada cardíaca, o físico César Lattes. Ele era professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Unicamp desde 1969 e estava aposentado desde 1986.

Quem foi César Lattes

Lattes, cujo nome verdadeiro é Cesare Mansueto Giulio Lattes, nasceu em Curitiba em 11 de julho de 1924. Fez seus primeiros estudos em Curitiba e em São Paulo. Graduou-se em Física e Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 1943.

Talento precoce e desde cedo mundialmente reconhecido, foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro, quando contava apenas 23 anos, tendo sido diretor do mesmo. Entre 1947 e 1948 retomou as pesquisas do físico norte-americano Carl David Anderson, responsável em 1932 pela descoberta dos raios cósmicos e dos elétrons positivos, e partiu para os Andes bolivianos, onde instalou um laboratório a mais de 5 mil metros de altura para observar os resultados da ação daqueles raios sobre chapas fotográficas.

Trabalhando com os físicos Giuseppe Occhialini e Cecil Frank Powell, Lattes verificou experimentalmente a existência dos mésons pi, os quais se desintegravam em um tipo de méson ainda desconhecido, o méson mu. Um ano depois, em colaboração com Gardner, Lattes, então com 24 anos de idade, conseguiu produzir artificialmente o méson pi, procedendo para tanto à aceleração das partículas alfa no ciclotron da Universidade de Berkeley, na Califórnia. Lattes permaneceria ainda no exterior no período 1955-57, realizando pesquisas para a evolução da Física moderna. Regressou naquele ano ao Brasil e foi nomeado professor da Universidade de São Paulo.

Um outro grande feito seu data de 1969, quando, à frente de uma equipe de físicos brasileiros e japoneses, conseguiu determinar a massa das chamadas bolas de fogo, fenômeno induzido pelo intenso choque de partículas dotadas de grande energia e que se supunha constituírem nuvens de mésons. A operação apenas se tornou exeqüível depois da revelação de chapas especiais de chumbo, designadas câmaras, as quais ficaram expostas por raios cósmicos durante anos no pico boliviano de Chacaltaya, onde Lattes iniciara 23 anos antes as suas pesquisas sobre o méson.

Em 15 de outubro último, já muito doente, Lattes recebeu do reitor Carlos Henrique de Brito Cruz, em sua casa, os títulos de professor emérito e de doutor honoris causa, que lhe haviam sido conferidos pela Unicamp em 1986. Os títulos só foram entregues em 2004 porque Lattes, avesso a homenagens públicas, passou incólume por quatro reitores sem jamais conciliar uma data para a cerimônia.

Fonte: Unicamp www.unicamp.br

Em homenagem ao cientista o CNPq deu seu nome ao Sistema de Informações em Ciência e Tecnologia, desenvolvido em parceria com o grupo Stela da UFSC – a plataforma Lattes

O Grupo Stella e a Plataforma Lattes

Grupo Stela é o laboratório de desenvolvimento de sistemas de informação e de inteligência aplicada da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Formado em 1995, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UFSC, combina a pesquisa acadêmica e o desenvolvimento de tecnologia de ponta com o auxílio de uma equipe de doutores, mestrandos e graduandos, que trabalham na criação de novas metodologias e tecnologias nas áreas de sistemas de informação, inteligência aplicada e engenharia e gestão do conhecimento.

O primeiro trabalho do Grupo foi o desenvolvimento de um sistema acadêmico e administrativo para o próprio PPGEP que resultou na “Plataforma Stela”. Em 1997 o Grupo começou a realizar projetos de extensão na área de sistemas de informações. O conjunto de sistemas mais relevante daquele ano foi o que compôs a terceira versão do Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil, um projeto do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para reunir informações sobre todos os grupos de pesquisa em atividade no País. Com o êxito do Diretório dos Grupos de Pesquisa, em 1998 o Grupo Stela ampliou seu quadro de mestrandos e doutorandos e criou a linha de pesquisa “Sistemas de Informações em Ciência e Tecnologia”. O primeiro projeto dessa linha, resultado de nova parceria com o CNPq, consistiu na concepção e no desenvolvimento de uma plataforma de sistemas de informação que integrasse os aplicativos utilizados por pesquisadores, estudantes e gestores de C&T para cadastro de informações. Em 16 de agosto de 1999 foi lançada a Plataforma Lattes, junto com a primeira versão do Sistema CV-Lattes.

Entre setembro de 1999 e março de 2000, o Grupo Stela desenvolveu para a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) os sistemas Pró-Coleta, com a finalidade de auxiliar no processo de avaliação dos cursos de pós-graduação brasileiros. Tais sistemas integraram as informações do CNPq e da CAPES, evitando que os pesquisadores tivessem de redigitar dados que já estavam cadastrados no Sistema CV-Lattes.

Também em 2000, o Grupo Stela mudou-se para novas instalações e ampliou novamente o número de integrantes. Durante esse ano, foi lançada a versão 4.0 do Diretório de Grupos de Pesquisa, agora integrado à Plataforma Lattes. Com a integração, todas as informações referentes à produção dos grupos de pesquisa puderam ser extraídas diretamente da Plataforma Lattes, através dos currículos de seus participantes. A Plataforma Lattes tornou-se padrão nacional para os sistemas de C&T. Em 2001, deu-se continuidade à parceria entre o Grupo Stela e o CNPq e a CAPES, com o lançamento da versão 1.4 do Sistema CV-Lattes e a versão 4.1 do Diretório de Grupos de Pesquisa. Além disso, vários projetos novos foram iniciados e os existentes expandidos. Foi criada a Plataforma Lattes Institucional, que agrega os sistemas Lattes à rotina administrativa das universidades e possibilita a descentralização das informações. Também foi realizada a padronização XML das unidades básicas de informação da Plataforma Lattes. Em fevereiro de 2001, o CNPq reuniu em Brasília sete universidades (UFRGS, UFSC, USP, UNICAMP, UFRJ, UFBA, UFRN), no I Workshop de Definição da Linguagem de Marcação da Plataforma Lattes. O resultado foi a formação da Comunidade LMPL, que, entre março e maio do mesmo ano, estabeleceu de forma colaborativa e interativa o padrão XML para os currículos Lattes. Isso viabilizou a integração das bases de dados das universidades com as bases do Governo, racionalizando o processo de gestão de informação de C&T no País.

A Plataforma Lattes ganhou repercussão internacional com o desenvolvimento do Sistema CvLAC (Currículo Latino-Americado e do Caribe). Esse software, desenvolvido pelo Grupo Stela, é resultado de um convênio entre o CNPq, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e o Centro Americano e do Caribe em Ciências da Saúde (BIREME). O CvLAC permite a integração e o intercâmbio de currículos de todos os pesquisadores dos países participantes. Atualmente, além do Brasil, participam Cuba, Chile, Colômbia, México e Venezuela

Fonte: site www.stela.ufsc.br

Neste mês o Grupo Stela encerra 5 anos de atividades de concepção e desenvolvimento associadas à Plataforma Lattes do CNPq. Seus projetos atuais estão ligados ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Os 9 anos do Grupo Stela também levaram à criação do Instituto Stela, um “start up” acadêmico formado por doutores, doutorandos, mestrandos e graduandos oriundos do Grupo. Um dos principais projetos do Instituto é o “Portal Inovação” do MCT. Esse projeto

deverá ser o espaço de interação entre universidade e empresa e, como tal, é parte do conjunto de instrumentos que o governo está estabelecendo para apoiar a aplicação da Lei de Inovação.

Fonte: Professor Roberto Pacheco