MEC vai fechar 36 cursos de pós-graduação.

23/12/2004 14:03

A Capes divulgou, dia 21,a lista dos mestrados com notas 1 e 2, incluindo o Mestrado em Ciências Médicas da UFSC. Este resultado leva ao descredenciamento, significando que os atuais alunos até poderão concluir o curso, mas não poderão ser abertas novas vagas.

Trinta e seis cursos de mestrado e doutorado, alguns deles oferecidos por instituições prestigiadas como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade de São Paulo (USP), deverão ser fechados por falta de qualidade. Eles foram reprovados em avaliação do Ministério da Educação (MEC) e, encerrada a fase de recursos, não conseguiram mudar o resultado. Nove ficam no Estado do Rio de Janeiro.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do MEC responsável pela avaliação trienal da

pós-graduação brasileira, divulgou dia 21 a lista dos mestrados e doutorados com notas 1 e 2. Esse resultado leva ao descredenciamento,

o que significa que os atuais alunos até poderão concluir o curso, mas

não poderão ser abertas novas vagas e quem for admitido daqui para

a frente não receberá diploma. Ou seja, o curso não poderá continuar funcionando.

Na UFSC o Curso de Mestrado em Ciências Médicas recebeu o conceito 2, o que o coloca, automaticamente, na relação dos cursos a serem descredenciados. Tão logo houve a primeira informação do conceito, a UFSC apresentou recurso, que não foi aceito. Em conseqüência o curso não poderá mais abrir vagas.

Capes reprovou inicialmente 55 mestrados e doutorados

A Capes reprovou inicialmente 55 mestrados e doutorados, mas não divulgou a lista uma vez que havia ainda a possibilidade de recurso

e alteração da nota. Foi o que ocorreu com 19 cursos, o equivalente a 34% do total de reprovados na avaliação trienal de 2004, que

analisou o período de 2001 a 2003. Após a revisão, eles atingiram pelo menos a nota 3.

Somos cautelosos com o descredenciamento. É uma penalidade muito forte que pode acabar com um programa de pós-graduação. Historicamente é pequeno o número de recursos acolhidos, mas a maior proporção ocorreu nos cursos sob ameaça de

descredenciamento. Eles apresentaram recursos e provaram que tinham alguma qualidade que passara despercebida – disse o diretor de

Avaliação da Capes, Renato Janine Ribeiro.

Referência não só no Brasil, mas no exterior, o sistema de avaliação da Capes verifica a produção científica dos professores e o fluxo de

mestres e doutores formados no período, entre outros itens. A escala vai de 1 a 7, sendo que as notas 6 e 7 são dadas apenas a

doutorados de excelência em nível internacional. A última avaliação trienal analisou 2.861 cursos, agrupados em 1.819 programas de

pós-graduação.

Dos avaliados, 62 programas obtiveram nota 7 e 145, nota 6. Já 31 ficaram com nota 2 e cinco com 1, totalizando 36 programas

reprovados.

A UFRJ teve reprovado o seu mestrado em ortopedia e traumatologia, na área de medicina, que ficou com nota 2. Já a Universidade do

Estado do Rio de Janeiro (Uerj) recebeu a nota 1 também no mestrado de medicina, na área de nefrologia. Outro mestrado da Uerj, em

ciências contábeis, ficou com 2. Assim como a Uerj, a Universidade Santa Úrsula também teve um curso reprovado com 1, a nota mais

baixa da escala. Foi o mestrado em educação matemática.

Segundo Ribeiro, diversas causas podem explicar o fracasso de uma pós-graduação, desde a demissão ou aposentadoria de professores até a falta de tradição de pesquisa na área. Outro motivo é a baixa produtividade. Após a reprovação do curso pela Capes, há instituições que reformulam o programa e pedem nova autorização de funcionamento. Outras simplesmente encerram a atividade.

A USP, a mais conceituada universidade do Brasil, teve seu mestrado e doutorado em prótese dentária, na área de odontologia, reprovado com a nota 2. Ribeiro disse que a USP está ciente de que seus programas de pós-graduação em odontologia são fragmentados e que a instituição já pensa em aproximar os cursos da área.

Os pareceres dos especialistas sobre o desempenho dos cursos avaliados e os motivos de cada resultado serão publicados na internet a partir de 30 de dezembro, na página da Capes (www.capes.gov.br).

Os resultados da avaliação serão agora encaminhados ao Conselho Nacional de Educação (CNE). Segundo Renato Janine Ribeiro, o

CNE não costuma alterar nenhuma nota.

Por Alita Diana/ jornalista coordenadora da Agecom com informações de

Demétrio Weber/correspondente do jornal O GLOBO em Brasília e a partir do site da Andifes.