Intercâmbio para integração do Mercosul

foto Paulo Noronha/Agecom
Cientes que a integração econômica e política no Mercosul somente poderá se apoiar em uma maior integração educacional e cultural e política os Ministros de Educação, Ciência e Tecnologia da Argentina, Daniel Filmus e da Educação, do Brasil, Tarso Genro assinaram uma declaração conjunta, em junho de 2004,em Buenos Aires, para incentivar o ensino do espanhol no Brasil e do português na Argentina, através treinamento dos docentes de cada país para o ensino do espanhol e do português, entre outras propostas. É o primeiro programa, de fato, de cooperação no âmbito da educação.
Em julho de 2004 a primeira turma de professores brasileiros que leciona espanhol, esteve na Argentina se capacitando e passando por vivências que vão além das salas de aula.
Novembro é a vez dos argentinos. Vinte e cinco professores argentinos das províncias de San Juan, Córdoba, Entre Rios , Misiones, Santa Fé, Buenos Aires, Jujuy e Corrientes que lecionam português, como língua estrangeira – em diferentes níveis estão em Florianópolis de 2 a 17 de novembro, fazendo parte deste acordo bilateral de capacitação.
A maioria dos professores já veio várias vezes ao Brasil, mas nunca para participar de atividades de capacitação, se inserir na comunidade, e “ aprender coisas que livros não dão “ diz a professora Azucena Vega, de Córdoba.
As atividades do grupo foram coordenadas pelo professor Gilvam Müller, do Departamento de Língua e Literatura da UFSC, coordenador do IPOL – Instituto de Política Lingüística , que reúne professores de várias instituições do país e que assessora o MEC no Programa MERCOSUL.
O Curso é ancorado na idéia que o mais interessante para que vem a um país são as situações reais com a língua. Assim , segundo o professor Gilvam: “ Acontecem diversas atividades de interação com falantes de diversos registros”. Vários núcleos da UFSC foram chamados para compor o trabalho. O NUPILL (Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Lingüística) ministrou uma oficina, o NEP, Núcleo de estudos portugueses, que funciona como a articulação entre o IPOL e a UFSC também participou das atividades.
Os professores participaram do CELSUL – Círculo de Estudos Lingüísticos do Sul, foram recebidos pelo Reitor da UFSC, visitaram as Fortalezas da Ilha de Santa Catarina, vão assistir a um ensaio da Escola de Samba Protegidos da Princesa, a abertura do Festival de Teatro Isnard Azevedo, e a uma Conferência do Ministério da Educação sobre Educação e Raça – política de cotas, entre outras atividades.

foto Paulo Noronha/Agecom
O grupo argentino é coordenado por Alejandro Asciutto, que trabalha na Divisão de Cooperação Internacional do Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia e estuda português na FUNCEB (Fundación Centro de Estudos Brasileiros) – segundo ele “o melhor lugar de Buenos Aires para aprender português” . Infelizmente nem todos pensam como ele e têm esse movimento de não aprender, mas melhorar o português. Assim Alejandro trabalha com técnicos que se expressam fluentemente em francês, inglês, russo, mas não falam português.
Ele também acha que o processo de construção do Mercosul “não pode passar só pelos empresários” e que falta a definição de uma política cultural- educativa que permitisse uma produção conjunta e um intercâmbio de produções. Os problemas nas instituições do Mercosul o deixaram num estado quase de hibernação, ainda há muitas dúvidas sobre o futuro da região. Os países têm dúvida acerca de como se dará o processo e a sociedade civil não tem consciência do que implica o processo”
Por Alita Diana/jornalista coordenadora da Agência de Comunicação