Intercâmbio para integração do Mercosul

12/11/2004 10:23

foto Paulo Noronha/Agecom

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25 professores argentinos que lecionam português em diversas províncias do país estão em Florianópolis até dia 17 num programa que visa capacitar através de vivências que vão além das salas de aula e dos livros.

Cientes que a integração econômica e política no Mercosul somente poderá se apoiar em uma maior integração educacional e cultural e política os Ministros de Educação, Ciência e Tecnologia da Argentina, Daniel Filmus e da Educação, do Brasil, Tarso Genro assinaram uma declaração conjunta, em junho de 2004,em Buenos Aires, para incentivar o ensino do espanhol no Brasil e do português na Argentina, através treinamento dos docentes de cada país para o ensino do espanhol e do português, entre outras propostas. É o primeiro programa, de fato, de cooperação no âmbito da educação.

Em julho de 2004 a primeira turma de professores brasileiros que leciona espanhol, esteve na Argentina se capacitando e passando por vivências que vão além das salas de aula.

Novembro é a vez dos argentinos. Vinte e cinco professores argentinos das províncias de San Juan, Córdoba, Entre Rios , Misiones, Santa Fé, Buenos Aires, Jujuy e Corrientes que lecionam português, como língua estrangeira – em diferentes níveis estão em Florianópolis de 2 a 17 de novembro, fazendo parte deste acordo bilateral de capacitação.

A maioria dos professores já veio várias vezes ao Brasil, mas nunca para participar de atividades de capacitação, se inserir na comunidade, e “ aprender coisas que livros não dão “ diz a professora Azucena Vega, de Córdoba.

As atividades do grupo foram coordenadas pelo professor Gilvam Müller, do Departamento de Língua e Literatura da UFSC, coordenador do IPOL – Instituto de Política Lingüística , que reúne professores de várias instituições do país e que assessora o MEC no Programa MERCOSUL.

O Curso é ancorado na idéia que o mais interessante para que vem a um país são as situações reais com a língua. Assim , segundo o professor Gilvam: “ Acontecem diversas atividades de interação com falantes de diversos registros”. Vários núcleos da UFSC foram chamados para compor o trabalho. O NUPILL (Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Lingüística) ministrou uma oficina, o NEP, Núcleo de estudos portugueses, que funciona como a articulação entre o IPOL e a UFSC também participou das atividades.

Os professores participaram do CELSUL – Círculo de Estudos Lingüísticos do Sul, foram recebidos pelo Reitor da UFSC, visitaram as Fortalezas da Ilha de Santa Catarina, vão assistir a um ensaio da Escola de Samba Protegidos da Princesa, a abertura do Festival de Teatro Isnard Azevedo, e a uma Conferência do Ministério da Educação sobre Educação e Raça – política de cotas, entre outras atividades.

foto Paulo Noronha/Agecom

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O grupo argentino é coordenado por Alejandro Asciutto, que trabalha na Divisão de Cooperação Internacional do Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia e estuda português na FUNCEB (Fundación Centro de Estudos Brasileiros) – segundo ele “o melhor lugar de Buenos Aires para aprender português” . Infelizmente nem todos pensam como ele e têm esse movimento de não aprender, mas melhorar o português. Assim Alejandro trabalha com técnicos que se expressam fluentemente em francês, inglês, russo, mas não falam português.

Ele também acha que o processo de construção do Mercosul “não pode passar só pelos empresários” e que falta a definição de uma política cultural- educativa que permitisse uma produção conjunta e um intercâmbio de produções. Os problemas nas instituições do Mercosul o deixaram num estado quase de hibernação, ainda há muitas dúvidas sobre o futuro da região. Os países têm dúvida acerca de como se dará o processo e a sociedade civil não tem consciência do que implica o processo”

Por Alita Diana/jornalista coordenadora da Agência de Comunicação