Exposição Percursos na Galeria de Arte da UFSC
Os sete artistas fazem parte do Clube de Gravura “Gravar Gravando Gravura”, de Florianópolis
Abre nesta terça-feira,16, às 20 horas na Galeria
de Arte da UFSC, a exposição “PERCURSOS” com sete artistas do Clube de Gravura “Gravar Gravando Gravura”, de Florianópolis: Bruna Mansani, Eliane Veiga, Joceane Willerding, Paulo Roberto de Souza, Pérsio Medeiros, Sandra Fávero e Zulma Borges. A exposição poderá ser visitada pelo público de 17 de novembro a 3 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h. No dia 24 de novembro, às 17h30min haverá um “Encontro com os Artistas”, na Galeria, aberto a artistas, estudantes e interessados em artes visuais.
A exposição apresenta gravuras em trabalhos bidimensionais e objetos. Os objetos são livros-objetos, uma colcha em gravura na técnica de transfer(xerox), além das matrizes, (as placas de metal ou a pedra) onde foram gravadas as imagens.
Segundo uma das artistas, Zulma Borges, “A exposição é só de gravuras, não somente na visão da gravura tradicional, mas num entendimento do que é a gravura contemporânea, que supõe qualquer tipo de gravação e impressão, pois um dos objetivos do clube é também centrar sua pesquisa nessa visão contemporânea da gravura. Há objetos também, mas todos com referência a essa visão já citada.”e completa, “O tema da exposição é Percursos, e cada artista
desenvolve esse tema de acordo com sua poética.”
Sandra Favero, também expondo, comenta que “as gravuras que estarão à
disposição do público para serem apreciadas diferenciam-se no fazer pois há os artistas (Zulma Borges, Eliane Veiga, Paulo Roberto, Bruna Mansani, Joceane Willerding) que procuram explorar as possibilidades da gravura em metal, como água-forte, água-tinta e ponta-seca; da litografia (Persio Medeiros);xerografia (Eliane Veiga), e, da xilogravura (Sandra Favero); há no entanto, dentro de uma visão contemporânea, um caminho na gravura para além da gravura como matriz
e cópia impressa no suporte – papel, e que oferece outras possibilidades dentro do seu conceito onde alguns artistas ampliam seu pensamento, como no caso do meu próprio trabalho – “Incubadora” e “Sementeira”, ou ainda no tabalho de Bruna Mansani, que nos oferece gravuras como jóias ou Zulma Borges com seu livro/objeto e Eliane Veiga com sua colcha em tecido com impressões xerográfica.”
Clube de Gravura “Gravar Gravando Gravura”
O Clube de Gravura “Gravar Gravando Gravura” iniciou suas atividades em março de 2002, motivado pelo interesse que a gravura vem despertando tanto no público universitário quanto no público interessado em desenvolver sua poética voltando-se para a gravura como meio de expressão. Também, pela necessidade de manter as técnicas tradicionais da gravura como um elo expressivo potencialmente rico para instigar a produção contemporânea.
Em encontros semanais, os participantes do clube desenvolvem seus trabalhos voltando-se à construção de uma poética pessoal, aguçando a percepção na produção estética da gravura contemporânea desencadeadora de uma ação artística crítica e educativa, propondo-se à discussão e à reflexão sobre as questões dos conceitos que envolvem a gravura na contemporaneidade. O trabalho não se limita a uma prática dentro da oficina, mas também constitui uma prática de artistas em busca de espaço, enviando propostas para exposição divulgando a gravura contemporânea e a produção da universidade.
Conscientes de que a dedicação à arte da gravura exige persistência,
perseverança e conhecimento técnico, os participantes do clube
desempenham-se em buscar a perfeição técnica através da disciplina e da seriedade nos encontros de trabalho, um comprometimento efetivo na
realização de suas intenções e projetos pessoais, nunca perdendo de vista a participação num trabalho coletivo.
Essa busca do conhecimento técnico cada vez mais aprimorado, aliada ao processo criativo de cada um, permite um envolvimento afetivo com o metal, a pedra ou a madeira, a cumplicidade com as ferramentas, o paciente desenrolar das etapas do processo criativo, até desaguar num momento de ansiosa expectativa: a impressão da gravura, um tempo em suspensão, o vir-a-ser da imagem gravada. É sempre uma surpresa que pode resultar em alegria ou na promessa de mais horas de trabalho, pois o desafio persiste. O artista gravador sabe que a primeira impressão serve para mostrar o caminho que já se andou, mas que ainda existe muito chão a percorrer. O clube de gravura sabe disso e aceita o desafio.
Sobre esta exposição: “Percursos”
Percursos é o título do trabalho de Zulma Borges, mas também pode ser
transferido para o trabalho do grupo. Segundo Aurélio, “percurso” [do lat. tard. Percusu.]S.m. 1. Ato ou efeito de percorrer. 2. Espaço percorrido; trajeto: o percurso de um peregrino; o percurso de um ônibus. 3. Movimento, deslocação: o percurso de um planeta. 4. Itinerário, roteiro: o percurso da viagem.
Os nossos percursos são feitos pelo corpo, pela pele das coisas, pela
natureza, pelas constelações, pelo mundo sensível e pelo imaginário. O registro desses deslocamentos poéticos são apresentados em gravuras que constroem um roteiro com a passagem da linha e o espaço da mancha. Nessa trama cheia de vestígios abre-se um espaço de vivências sem sentido de tempo, e as lembranças que trazemos desse caminho se transformam em imagens que podem ser frágeis e sumir enquanto olhamos ou podem marcar mais que temporariamente um olhar, reforçando o sentido de apreensão do mundo.
Encontro com os Artistas
No dia 24 de novembro, às 17h30min, haverá um “Encontro com os Artistas” cujo objetivo é possibilitar que o artista que expõe na universidade possa fazer uma comunicação do seu trabalho para a comunidade universitária, artistas, professores e interessados em artes visuais. Nesses encontros o artista tem a oportunidade de falar sobre o processo criativo da sua obra, o que envolve o conceito teórico e as técnicas utilizadas na produção de uma obra de arte.
Nessa aproximação entre o artista e a comunidade também são relatadas
experiências de vida do artista, desde a sua formação, processos de
pesquisa, produção e difusão dos trabalhos. “O encontro é uma oportunidade
para socializar o conhecimento que é produzido nos ateliês e na academia”
enfatizam os coordenadores do projeto da Galeria de Arte da UFSC.
Artistas Participantes da Mostra
Bruna Mansani
O corpo presente é tratado a partir de uma relação fenomenológica entre observador e observado, onde intimidade e envolvimento são essenciais para a formação da imagem.
Eliane Veiga
Traz para essa mostra gravuras em metal em água-forte e água-tinta. Ela não se preocupa com o desenho, deixa o ácido agir formando abstrações, linhas, texturas e manchas. A gravura para ela é surpreendente e o resultado compensador.
Joceane Willerding
Este trabalho de gravura em metal, explora as técnicas de água-forte e água-tinta. Sua temática esta voltada para o cotidiano mesmo quando as imagens revelam planos sensíveis, como constelações, por exemplo.
Paulo Roberto de Souza
A natureza como princípio e estímulo a similaridades, contrastes,
subversões, simplificações e transcendências.
Pérsio Medeiros
Desenvolve suas gravuras explorando ora a litografia ora a gravura em metal reforçando sua poética sempre com perfeito domínio do desenho,
oferecendo-nos os instigantes momentos vividos entre a linha e as massas tonais.
Sandra Favero
Pesquisa em sua gravura a superfície das coisas fazendo referência à pele que essas possuem. Essa pele traria marcas, cicatrizes, acúmulos, dobras e ranhuras ocasionadas pela ação do tempo.
Zulma Borges
Apresenta um livro-objeto de gravura em metal. Sobre as imagens há um texto impresso em uma escrita simbólica. É uma escrita interior, com reflexões sobre os percursos, as lembranças, como numa indagação dessas presenças num trabalho de arte.
A artista apropria-se dos elementos da paisagem que vai recolhendo em sua trajetória de vida e os expressa nessas pequenas gravuras em ponta-seca e água-forte.
Esta exposição na Galeria de Arte é uma realização do Departamento Artístico Cultural, vinculado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da UFSC.
Fonte: DAC/PRCE