Construções Antigas em Santa Catarina
Construções Antigas em Santa Catarina, de Hans Broos, é obra útil e
indispensável a todos quantos desejam pesquisar uma parte importante
da história do Estado. Lançamento dia 30 de novembro, terça-feira, às 19 h,no Palácio Cruz e Sousa, Praça XV de novembro – centro-Florianópolis
A Editora Cultura em Movimento, da Fundação Cultural de Blumenau, e a Editora da UFSC (EdUFSC) publicaram, em parceria, Construções Antigas em Santa Catarina, de autoria do engenheiro arquiteto Hans
Broos, um livro de inestimável valor, que retrata, com absoluta fidelidade histórica, edificações que até hoje embelezam cidades e regiões do Estado.
Com mais de 200 reproduções fotográficas, cópias das plantas das
construções, descrição detalhada dos estilos arquitetônicos e, ainda,
relatos pormenorizados dos ambientes e do próprio estilo de vida dos
moradores, nos períodos estudados, levantados em obras de renomados
pesquisadores e historiadores, Construções Antigas em Santa Catarina já nasce como um livro clássico, que deve interessar a todos os que
desejam pesquisar uma parte importante da histórica catarinense. Obra
útil e indispensável para pesquisadores, historiadores, antropólogos,
artistas e, naturalmente, arquitetos, engenheiros, paisagistas e estudantes que se preparam para exercer estas profissões.
Investido de espírito crítico, aberto e atento à realidade, Hans Broos retrata, nas páginas deste trabalho referencial para Santa Catarina, as heranças espirituais de Portugal e da Europa, edificadas na região litorânea do Estado, entre os municípios de São Francisco do Sul e Laguna. Foram necessárias incansáveis viagens pelo Litoral catarinense, região ocupada entre os séculos XVII e XIX por imigrantes açorianos, para a execução do trabalho, que é um testemunho eloqüente das belezas arquitetônicas e paisagísticas da zona litorânea.
“Num país em que se dá tão pouco valor ao passado, o registro dessas
construções antigas, numa região tão bela como o Litoral de Santa
Catarina, talvez possa contribuir para estimular uma reflexão mais
profunda sobre o significado da ação edificadora do homem e seu papel
na transformação do seu habitat”, afirma o autor.
“Hans Broos, antes de tudo, é um filósofo, um arquiteto de formação
artística, um antropólogo social e um zeloso investigador que busca o
conhecimento!”, afirmam, na apresentação do livro, o presidente da
Fundação Cultural de Blumenau, Bráulio Maria Schloegel, e o diretor da Editora Cultura em Movimento, Dirceu Bombonatti, ressaltando o privilégio da editora em abrigar entre seus títulos esta obra, fruto da aplicação determinada do arquiteto Broos.
O autor
Arquiteto de renome no país, autor de projetos que transformaram a
face urbana do Centro de Blumenau e com obras que figuram entre as
mais representativas do país, projetadas entre as décadas de 60 e 90 do século passado, Hans Broos foi responsável pelo projeto de reconstrução do prédio da antiga prefeitura de Blumenau, entregue pelo então governador Esperidião Amin em 9 de novembro de 2001, exatamente 43 anos depois do incêndio que atingiu os 1,7 mil metros quadrados que foram revitalizados. A entrega do prédio restaurado à Fundação Cultural de Blumenau fez parte das comemorações dos 150 anos da cidade, comemorados em 2000. Em 1983, seu projeto da Hering Nordeste havia rendido à empresa blumenauense Hering o Prêmio Anual para Edifícios Industriais, concedido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB).
Itinerário da obra
Procedente da Europa, Hans Broos chegou ao Brasil em novembro de
1954, como engenheiro arquiteto, já com relativa experiência profissional.
Para o exercício da profissão e covalidar seu diploma, a legislação
brasileira de então exigia do imigrante a repetição de vários exames,
todos em língua portuguesa.
Os exames de 2º grau ele prestou em Florianópolis. Para os de
Engenharia, Arquitetura e Paisagismo teve que freqüentar a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que na época reunia os mais conceituados professores e alunos do país. A principal figura na cátedra dos arquitetos era o decano professor Dr. Lucas Mayerhofer, responsável pelo projeto de reconstrução das Missões Jesuíticas do Sul do país. Ele nomeou Hans Broos seu assistente de ensino, para acompanhar o projeto então em andamento nas Missões.
Broos prestou o exame de engenheiro arquiteto e obteve aprovação.
Na cerimônia de entrega do diploma, disse-lhe o ministro da Educação e Cultura, historiador Pedro Calmon: “Agora, o senhor pode exercer sua profissão como seus colegas brasileiros. Mas tenho dúvidas se um
europeu, embora com experiência profissional, possa se adaptar às
condições deste continente, sem conhecer previamente as dificuldades
que sem dúvida encontrará em seu caminho profissional. Conhecer as
condições de um ambiente novo é uma tarefa fora do comum e deveria
comprovar sua adaptação a longo prazo.”
Ao saber que Broos morava em Santa Catarina, telefonou ao então
governador Heriberto Hülse, indagando-lhe se não havia carência de
documentação da História e da Arquitetura no Sul do país. Como a
história da ocupação dos açorianos era, há tempos, uma questão
pendente, perguntou ao arquiteto: “Quanto o senhor precisaria para
realizar esta pesquisa e quais seriam as condições de trabalho?” Broos respondeu que necessitaria de 12 a 18 meses para realizar essa tarefa.
Para a expedição aos sítios de pesquisa, precisaria de uma camionete
com motorista, suprimentos como combustível, alimentação e uma mesa
de trabalho, adaptada à carroceria do veículo.
Hülse concordou com o investimento e de pronto forneceu os
endereços de vários prefeitos, pesquisadores e historiadores, como
Oswaldo Rodrigues Cabral. Broos cumpriu o compromisso assumido com
o ministro e entregou o resultado de sua pesquisa, 40 exemplares em
forma de livro, na secretaria do MEC, no Rio, no dia 15 de novembro de 1957. De produção artesanal, cada exemplar tinha 280 páginas
datilografadas, ilustradas com fotografias e desenhos coloridos, além de plantas e croquis.
A realização desse trabalho acadêmico propiciou ao arquiteto uma
nova etapa em sua carreira, com a realização de novos projetos e obras, além de convites para participar de congressos, grupos de trabalho e proferir palestras. A vida continuou e, passadas quase quatro décadas da conquista do seu diploma brasileiro, a vida reservou-lhe uma surpresa. No final de 1995, em razão de uma pesquisa sobre a história de São Paulo, foi consultar o acervo do Centro Cultural São Paulo. Recebido pelo diretor Hugo Mori, ambos começaram a discutir sobre técnicas construtivas antigas. Num determinado ponto da conversa, Broos referiu-se ao uso do óleo de baleia como aditivo na composição do concreto. Então, disse-lhe Mori: “Tenho aqui um interessante livro do Ministério da Educação, que traz detalhes sobre essa composição”. Foi até a Biblioteca do Centro e de lá trouxe um exemplar do livro Construções Antigas em Santa Catarina, de Hans Broos. Era o reencontro, depois de 38 anos, com a obra da qual quase havia se esquecido.
É esta obra preciosa, que transcende o enfoque meramente
acadêmico e que além da arquitetura e historiografia transita também
entre a filosofia e a sociologia, que a Editora Cultura em Movimento e a EdUFSC trazem de novo a lume, numa reedição com apurada produção
gráfica.
Construções Antigas em Santa Catarina
Hans Broos
Editora da UFSC (EdUFSC) e Editora Cultura em Movimento
204 págs.; R$ 85,00
Fones da Editora Cultura em Movimento: 47 – 326-7511 e da EdUFSC: 48 – 331-9605./ 331-9686
Contatos com Hans Broos:; 11 – 3501-9777.
Em Florianópolis, com Bernardo, pelo celular: 48 – 9911-1988.
Fonte: Marketing da Editora da UFSC