Construções Antigas em Santa Catarina

26/11/2004 16:52

Construções Antigas em Santa Catarina, de Hans Broos, é obra útil e

indispensável a todos quantos desejam pesquisar uma parte importante

da história do Estado. Lançamento dia 30 de novembro, terça-feira, às 19 h,no Palácio Cruz e Sousa, Praça XV de novembro – centro-Florianópolis

A Editora Cultura em Movimento, da Fundação Cultural de Blumenau, e a Editora da UFSC (EdUFSC) publicaram, em parceria, Construções Antigas em Santa Catarina, de autoria do engenheiro arquiteto Hans

Broos, um livro de inestimável valor, que retrata, com absoluta fidelidade histórica, edificações que até hoje embelezam cidades e regiões do Estado.

Com mais de 200 reproduções fotográficas, cópias das plantas das

construções, descrição detalhada dos estilos arquitetônicos e, ainda,

relatos pormenorizados dos ambientes e do próprio estilo de vida dos

moradores, nos períodos estudados, levantados em obras de renomados

pesquisadores e historiadores, Construções Antigas em Santa Catarina já nasce como um livro clássico, que deve interessar a todos os que

desejam pesquisar uma parte importante da histórica catarinense. Obra

útil e indispensável para pesquisadores, historiadores, antropólogos,

artistas e, naturalmente, arquitetos, engenheiros, paisagistas e estudantes que se preparam para exercer estas profissões.

Investido de espírito crítico, aberto e atento à realidade, Hans Broos retrata, nas páginas deste trabalho referencial para Santa Catarina, as heranças espirituais de Portugal e da Europa, edificadas na região litorânea do Estado, entre os municípios de São Francisco do Sul e Laguna. Foram necessárias incansáveis viagens pelo Litoral catarinense, região ocupada entre os séculos XVII e XIX por imigrantes açorianos, para a execução do trabalho, que é um testemunho eloqüente das belezas arquitetônicas e paisagísticas da zona litorânea.

“Num país em que se dá tão pouco valor ao passado, o registro dessas

construções antigas, numa região tão bela como o Litoral de Santa

Catarina, talvez possa contribuir para estimular uma reflexão mais

profunda sobre o significado da ação edificadora do homem e seu papel

na transformação do seu habitat”, afirma o autor.

“Hans Broos, antes de tudo, é um filósofo, um arquiteto de formação

artística, um antropólogo social e um zeloso investigador que busca o

conhecimento!”, afirmam, na apresentação do livro, o presidente da

Fundação Cultural de Blumenau, Bráulio Maria Schloegel, e o diretor da Editora Cultura em Movimento, Dirceu Bombonatti, ressaltando o privilégio da editora em abrigar entre seus títulos esta obra, fruto da aplicação determinada do arquiteto Broos.

O autor

Arquiteto de renome no país, autor de projetos que transformaram a

face urbana do Centro de Blumenau e com obras que figuram entre as

mais representativas do país, projetadas entre as décadas de 60 e 90 do século passado, Hans Broos foi responsável pelo projeto de reconstrução do prédio da antiga prefeitura de Blumenau, entregue pelo então governador Esperidião Amin em 9 de novembro de 2001, exatamente 43 anos depois do incêndio que atingiu os 1,7 mil metros quadrados que foram revitalizados. A entrega do prédio restaurado à Fundação Cultural de Blumenau fez parte das comemorações dos 150 anos da cidade, comemorados em 2000. Em 1983, seu projeto da Hering Nordeste havia rendido à empresa blumenauense Hering o Prêmio Anual para Edifícios Industriais, concedido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB).

Itinerário da obra

Procedente da Europa, Hans Broos chegou ao Brasil em novembro de

1954, como engenheiro arquiteto, já com relativa experiência profissional.

Para o exercício da profissão e covalidar seu diploma, a legislação

brasileira de então exigia do imigrante a repetição de vários exames,

todos em língua portuguesa.

Os exames de 2º grau ele prestou em Florianópolis. Para os de

Engenharia, Arquitetura e Paisagismo teve que freqüentar a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que na época reunia os mais conceituados professores e alunos do país. A principal figura na cátedra dos arquitetos era o decano professor Dr. Lucas Mayerhofer, responsável pelo projeto de reconstrução das Missões Jesuíticas do Sul do país. Ele nomeou Hans Broos seu assistente de ensino, para acompanhar o projeto então em andamento nas Missões.

Broos prestou o exame de engenheiro arquiteto e obteve aprovação.

Na cerimônia de entrega do diploma, disse-lhe o ministro da Educação e Cultura, historiador Pedro Calmon: “Agora, o senhor pode exercer sua profissão como seus colegas brasileiros. Mas tenho dúvidas se um

europeu, embora com experiência profissional, possa se adaptar às

condições deste continente, sem conhecer previamente as dificuldades

que sem dúvida encontrará em seu caminho profissional. Conhecer as

condições de um ambiente novo é uma tarefa fora do comum e deveria

comprovar sua adaptação a longo prazo.”

Ao saber que Broos morava em Santa Catarina, telefonou ao então

governador Heriberto Hülse, indagando-lhe se não havia carência de

documentação da História e da Arquitetura no Sul do país. Como a

história da ocupação dos açorianos era, há tempos, uma questão

pendente, perguntou ao arquiteto: “Quanto o senhor precisaria para

realizar esta pesquisa e quais seriam as condições de trabalho?” Broos respondeu que necessitaria de 12 a 18 meses para realizar essa tarefa.

Para a expedição aos sítios de pesquisa, precisaria de uma camionete

com motorista, suprimentos como combustível, alimentação e uma mesa

de trabalho, adaptada à carroceria do veículo.

Hülse concordou com o investimento e de pronto forneceu os

endereços de vários prefeitos, pesquisadores e historiadores, como

Oswaldo Rodrigues Cabral. Broos cumpriu o compromisso assumido com

o ministro e entregou o resultado de sua pesquisa, 40 exemplares em

forma de livro, na secretaria do MEC, no Rio, no dia 15 de novembro de 1957. De produção artesanal, cada exemplar tinha 280 páginas

datilografadas, ilustradas com fotografias e desenhos coloridos, além de plantas e croquis.

A realização desse trabalho acadêmico propiciou ao arquiteto uma

nova etapa em sua carreira, com a realização de novos projetos e obras, além de convites para participar de congressos, grupos de trabalho e proferir palestras. A vida continuou e, passadas quase quatro décadas da conquista do seu diploma brasileiro, a vida reservou-lhe uma surpresa. No final de 1995, em razão de uma pesquisa sobre a história de São Paulo, foi consultar o acervo do Centro Cultural São Paulo. Recebido pelo diretor Hugo Mori, ambos começaram a discutir sobre técnicas construtivas antigas. Num determinado ponto da conversa, Broos referiu-se ao uso do óleo de baleia como aditivo na composição do concreto. Então, disse-lhe Mori: “Tenho aqui um interessante livro do Ministério da Educação, que traz detalhes sobre essa composição”. Foi até a Biblioteca do Centro e de lá trouxe um exemplar do livro Construções Antigas em Santa Catarina, de Hans Broos. Era o reencontro, depois de 38 anos, com a obra da qual quase havia se esquecido.

É esta obra preciosa, que transcende o enfoque meramente

acadêmico e que além da arquitetura e historiografia transita também

entre a filosofia e a sociologia, que a Editora Cultura em Movimento e a EdUFSC trazem de novo a lume, numa reedição com apurada produção

gráfica.

Construções Antigas em Santa Catarina

Hans Broos

Editora da UFSC (EdUFSC) e Editora Cultura em Movimento

204 págs.; R$ 85,00

Fones da Editora Cultura em Movimento: 47 – 326-7511 e da EdUFSC: 48 – 331-9605./ 331-9686

Contatos com Hans Broos:; 11 – 3501-9777.

Em Florianópolis, com Bernardo, pelo celular: 48 – 9911-1988.

Fonte: Marketing da Editora da UFSC