Alunos da UFSC vencem o campeonato latino-americano de robótica para estudantes.
Gustavo, Mathias, Daniel, Christian, Alexandre e Giuliano – esta verdadeira seleção brasileira trouxe, pela segunda vez consecutiva, o troféu do campeonato latino-americano de robótica para estudantes, promovido pelo The Institute of Electrical and Electronics Engineers . O objetivo era fazer com que o robô Avatar funcionasse como uma máquina de resgates em Marte e recuperasse tripulantes vivos perdidos no planeta. Os estudantes do Departamento de Automação e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foram os únicos representantes brasileiros nas provas.
A história foi inventada para dar uma graça a mais à competição, que foi realizada aqui mesmo, no Planeta Terra. Marte nada
mais é do que uma pista formada por três módulos de madeira com 1,20 cm x 60 cm. Já os astronautas perdidos são representados por pequenas peças. A nave espacial é um círculo vermelho e o robô, confeccionado com peças de Lego. O herói, que à primeira vista pode parecer um simples brinquedo, precisa sair da nave espacial, retirar as peças espalhadas pelo caminho e levá-las novamente até a nave.
Os estudantes do curso de Engenharia de Controle e Automação Industrial da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) já são
experts nesse tipo de prova. Até hoje, foram primeiros colocados em todas as competições das quais participaram, e isso
inclui o campeonato latino-americano de 2003 e o desafio de robôs Copa André Ramos, em 2002. Tanto talento e dedicação
renderam a eles o que o estudante Christian Silvano chama de respeito. “Não dá para dizer que vamos ganhar tudo, mas com
certeza somos respeitados em todas as competições que participamos”, destaca.
Avatar pode parecer simples, mas não é. Equipado com sensores, é capaz de identificar a luminosidade das cores preto e
branco. Isso é necessário para que ele consiga se mover na pista (que é branca) e não se perca da sua nave espacial. Ele também tem sensores de toque, utilizados para detectar colisões com outros objetos, e um minicomputador do tipo RCX, totalmente programado pelos estudantes. Fazendo uma analogia com o ser humano, o sensor seria responsável pelos sentidos e o computador pela inteligência da máquina.
De acordo com um dos membros da equipe, o estudante Mathias Erdtmann, a principal diferenças entre o Avatar e seus concorrentes foi a robustez. Diferente de outras máquinas, ele é capaz de funcionar independente de perturbações externas: a falta ou o excesso de luz ou mesmo da disposição da pista não interferem em seu desempenho. Neste sentido, eles consideram o aprendizado na aula de Introdução à Engenharia de Controle e Automação indispensável. “Muita gente que estava competindo não tinha noção do que deveria fazer. Conosco foi diferente porque logo no começo do curso tivemos uma disciplina fundamental”, afirma o estudante Gustavo Medeiros de Freitas.
A competição – As provas do campeonato latino-americano de robótica ocorreram na Cidade do México, entre os dias 25 e
27 de outubro. Equipes do México, Venezuela, Chile, Colômbia e Argentina disputavam o podium. Só um grupo representava
o Brasil, o da Universidade Federal de Santa Catarina.
Assim que chegaram no local da competição, os estudantes se depararam com um “imprevisto”. A organização construira uma
pista totalmente diferente da que havia indicado no site. Segundo Gustavo, este foi o primeiro problema a ser superado pela
equipe. “Fizemos os nossos testes em uma pista totalmente diferente da que eles montaram. Depois, eles mudaram algumas regras e tivemos que modificar alguns pontos do nosso projeto”, recorda.
Mesmo com este revés, os campeões suaram a camisa e se debruçaram em frente ao Avatar para melhorá-lo ainda mais. Depois de algumas adaptações, ele partiu para a primeira entrada na pista (ao todo, foram quatro). “Nas duas primeiras vezes não fomos muito bem, mas na semifinal e na final melhoramos bastante”. O avanço foi tanto que somente a equipe da UFSC conseguiu resgatar duas, das três peças que contribuíam para a pontuação. Um detalhe é muito importante: os robôs tinham que se movimentar sozinhos, sem controle remoto ou interferência humana.
Com o troféu na mão, a seleção da UFSC quer, agora, fundar um grupo de estudantes que se dedique à robótica. Segundo Christian, esse seria um meio de competir em outras categorias e de diminuir problemas como a falta de tempo para desenvolver um robô do porte de Avatar. Se tudo der certo, em breve teremos mais campões pela frente.
Mão na massa – Todo o sucesso que os seis estudantes de Engenharia de Controle e Automação obtiveram é resultado de uma simples soma: a vontade de aprender e a qualidade de um dos únicos cursos da área no país. Desde a primeira fase os alunos têm contato com a prática. Um bom exemplo disso é a disciplina Introdução à Engenharia de Controle e Automação, ministrada pelos professores Jean Marie Farines e José E. R. Cury. Durante um semestre eles aprendem os principais
conceitos da profissão, integram-se ao meio universitário e “põem a mão na massa”.
A disciplina foi criada no primeiro semestre de 1999 e é baseada na metodologia de ensino e aprendizagem desenvolvida em
um trabalho de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, de autoria de Marcos Vallim, do Centro
Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet). Por meio da utilização de peças do lego, os alunos constróem
protótipos desde o seu projeto até a fase final. O kit lego suporta aplicações avançadas e estimula o estudante a construir seu
conhecimento acerca da Engenharia de Automação.
Segundo o professor Cury, essa disciplina é importante pelo fato de ser ministrada já na primeira fase. “Os alunos têm um
primeiro contato com a construção de projetos em engenharia e isso é muito positivo”, argumenta. De acordo com ele, após
essa experiência, grande parte dos estudantes descobre que realmente escolheu a profissão certa.
Os campeões: Gustavo Medeiros Freitas, Mathias José Kreutz Erdtmann, Daniel Clemes Kulkamp, Christian Emanuel Mapurunga Silvano, Alexandre Dotto, Giuliano Giorgio Vegini.
Fonte: Núcleo de Comunicação do CTC/Por Amanda Miranda.
Para falar com Gustavo Medeiros Freitas pelos telefones (48) 234 64 57 ou 9989 0796 ou com Christian Silvano pelo
e-mail christian@grad.ufsc.br
Para se comunicar com o professor José E.R. Cury telefone 331 7602.
Visite o site do grupo que construiu Avatar em www.das.ufsc.br/robota
Saiba mais sobre o curso de Engenharia de Controle e Automação www.das.ufsc.br