Pesquisadores da UFSC estiveram no olho do furacão “Catarina”
Os pesquisadores do Grupo de Estudos de Desastres Naturais da UFSC Emerson Marcelino (geógrafo), Roberto Fabris(geógrafo), e Frederico Rudorff ( oceanógrafo) e o professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Reynaldo Haas, estavam na região de Araranguá quando o furacão Catarina deixou um rastro de destruição no último fim de semana, matando uma pessoa
e ferindo outras 74.
Os pesquisadores, que estavam na região para fornecer informações sobre as condições meteorológicas e oceanográficas à Defesa Civil de Santa Catarina e estudar o fenômeno, passaram por momentos difíceis e só escaparam com vida porque se refugiaram num abrigo para vento.
O grupo estava no município de Balneário Arroio do Silva quando foi surpreendido por rajadas de vento de 200 km/h. Quando o olho do furacão passou por cima do local onde estavam, o vento parou, mas a pressão atmosférica caiu muito, o que provocou uma forte sensação de sono e cansaço. Posteriormente, os ventos fortíssimos do quadrante norte chegaram destruindo tudo. Segundo estimativas dos pesquisadores os ventos atingiram 180km/h, com rajadas de até 200km/h. “Nós realmente pensamos que iríamos morrer. O vento levava tudo o que aparecia pela frente” conta Haas.
A experiência fez com que o grupo entendesse o desespero das vítimas de desastres naturais. “Se nós que somos estudiosos do assunto
ficamos bastante abalados, imagine as pessoas comuns que não sabem o que está acontecendo. (…) Cestas básicas e materiais de construção também são importantes para as vítimas do furacão, mas a
assistência psicológica e social não deve ser deixada de lado, pois as vítimas ficam traumatizadas” explica Marcelino.
Segundo os pesquisadores, o fenômeno meteorológico, que é inédito na América do Sul, trata-se provavelmente de um furacão. “O fenômeno não é um tornado, porque a área de abrangência é muito grande e o funil não é visível. Também não pode ser classificado como um ciclone porque os ventos foram muito fortes. Além disso, a temperatura no olho do furacão era bem mais elevada nas bordas. Esta grande variação de temperatura, entre o olho (quente) e as bordas( frias), chegou a causar em nós choque térmico, tremíamos muito”, explica Marcelino.
A tempestade, que atingiu seu ápice no período das 3h às 3h30 da madrugada de domingo, desabrigou dezenas de famílias nos municípios de Balneário Arroio do Silva, Araranguá, Sombrio, Içara, Criciúma, Balneário Gaivota, Turvo e Passo de Torres, os mais atingidos. O vento danificou as linhas de transmissão elétrica e de comunicação isolando sete cidades, totalizado 11 mil pessoas sem telefone. Na região agrícola, as plantações de milho, feijão e arroz foram as mais atingidas.
O furacão foi detectado pela primeira vez pelos pesquisadores Reynaldo Haas, da UFSC, e Augusto Pereira Filho, da Universidade de São Paulo, na sexta-feira à tarde. O fenômeno então foi confirmado pela agência americana NOAA, responsável pela prevenção de Furacões
nos Estados Unidos. De acordo com Reynaldo Haas, o número de mortes não foi maior devido ao bom trabalho desempenhado pela Defesa Civil de Santa Catarina e Climerh.
Mais informações pelo telefone 331 9597, ramal 204
Por Gutieres Baron/ bolsista de jornalismo da Agecom