Pesquisa de antropólogo da UFSC sobre o povo Guarani dará suporte à documentário

16/12/2003 15:34

Foto: Acervo Museu Universitário

Foto: Acervo Museu Universitário

Uma pesquisa sobre os costumes e a cultura dos índios guarani, que vem sendo desenvolvida há 15 anos pelo professor do Museu Universitário e do Departamento de Antropologia da UFSC, Aldo Litaiff, vai virar um documentário. O projeto do vídeo é do cineasta Charles Cesconetto e foi finalizado na 5° Reunião de Antropologia do Mercosul, realizada entre os dias 30 de novembro e 03 de dezembro, quando estiveram reunidos alguns dos maiores pesquisadores da cultura guarani do país, como o professor Bartolomeu Meliá. Na Reunião, pesquisadores, professores e alunos formaram um Grupo de Trabalho, para trocar experiências e conhecer as últimas pesquisas e atividades desenvolvidas sobre a questão indígena Guarani no Brasil e países vizinho.

O documentário será feito em aldeias dos índios Guarani Mbyá, em Santa Catarina, e ficará pronto em maio de 2004. Segundo Cesconetto, a realização de um documentário etnográfico é lenta, mas quando se trata de índios esse tempo é bem maior. “A aproximação é lenta e as conversas são demoradas pois é preciso respeitar o quotidiano dos índios, mas aos poucos criaremos laços de confiança”, explica Cesconetto. O documentário irá privilegiar a mitologia dos índios Mbyá e também utilizar depoimentos dos próprios índios.

De acordo com a pesquisa do professor Litaiff, as populações guarani vêm sofrendo violento e acelerado processo de descaracterização e destruição, sendo que grupos inteiros foram dizimados. Dos estados do sul e sudeste do Brasil, Santa Catarina é o que possui a menor quantidade de terras exclusivas para esta etnia, e as que existem são inadequadas. A falta de terras e de recursos naturais (provocados pela colonização branca e pelo acelerado processo de destruição das florestas brasileiras) pode gerar grandes períodos de fome, que continua matando a escassa população que restou do Guarani.

Tanto os Mbyá, quanto à maioria do Guarani de Santa Catarina, encontram-se hoje em situação de miséria. É comum encontrar mulheres e crianças pedindo esmola nas ruas de Florianópolis. As doenças, a subnutrição e o alcoolismo também são fatores que têm reduzido de forma dramática seu contingente populacional. Para os índios, a terra é como um ser vivo, dotado de alma e vontade, devendo eles, respeitá-la e venerá-la. Assim, entre eles, a exploração ostensiva da terra, a extração de madeira e palmito é proibida.

A comercialização do artesanato e a agricultura são atualmente as principais fontes de subsistência dos Mbyá. “Acreditamos que este documentário servirá como contribuição para a preservação da identidade étnica dos índios Mbyá, assim como para sensibilizar as autoridades para a necessidade de estabelecer dispositivos que permitam a auto sustentabilidade destas comunidades” explica Cesconetto.

O projeto foi o vencedor, em Santa Catarina, do Programa de Fomento à Produção e Teledifusão do Documentário Brasileiro – Doctv. Neste concurso, realizado em todo o país, é feita a seleção de projetos para documentários sobre temas relativos à diversidade cultural dos estados. O concurso oferece verba de produção no valor de R$ 90 mil para o projeto selecionado, através de assinatura de contrato de co-produção com a TV Educativa e a Fundação Padre Anchieta/TV Cultura. Desses R$ 90 mil, R$ 20 mil serão de serviços e equipamentos da TV Educativa, e os outros R$ 70 mil serão de recursos financeiros.

Mais informações com Aldo Litaiff no telefones (48) 331-9793 e Charles Cesconetto , fone (48) 334-3161.