Indústrias têxteis farão uso eficiente da água
Professores e estudantes de Engenharia Química da UFSC desenvolvem um projeto para diminuir o desperdício de água em indústrias têxteis catarinenses. A água será reaproveitada em cada etapa de produção, antes de ser enviada junto com os demais efluentes para as estações de tratamento. Pesquisadores da universidade testam, desde junho, três
metodologias para tornar o esse processo mais eficiente. Os estudos serão realizados durante dois anos.
O projeto `Aguatex – Racionalização do uso de água nos processos da Indústria Têxtil Catarinense` é custeado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), realizado em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL/SC) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e recebe o apoio das cinco maiores empresas têxteis catarinenses: Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), Buettner S/A Indústria e Comércio, Karsten S/A, Menegotti Ltda. e Tapajós Têxtil Ltda.
A produção têxtil brasileira está concentrada nas regiões Sul e Sudeste, que são responsáveis por 87% do número de estabelecimentos
no setor e 83% da produção total do país. Em Santa Catarina, as cidades de Joinville, Blumenau, Brusque e Jaraguá do Sul formam o
maior pólo produtivo no ramo. A fabricação de tecidos, malhas, fios e todo o tipo de material têxtil produz toneladas de dejetos que
são enviados para as estações de tratamento. A professora Selene M. A.Guelli Ulson de Souza, pesquisadora do projeto, explica que
cerca de 150 litros de água são utilizados na fabricação de cada quilo de produto têxtil acabado. Depois de aproveitada no processo
produtivo, a água é enviada para a estação de tratamento junto com os demais efluentes, como corantes, sais, detergentes e outras substâncias químicas.
O objetivo do trabalho desenvolvido na UFSC é reduzir o desperdício de água, tentando reaproveitá-la em cada etapa do processo. Serão testados e comparados três métodos de tratamento para remover os corantes e os auxiliares têxteis da água. No processo
conhecido como adsorção, o efluente passa por uma estrutura que funciona como um filtro. Dentro de uma coluna ficam partículas de
carvão, sílica e outros materiais, que retêm os contaminantes da água. O método de biofilme é semelhante ao anterior, mas utiliza
camadas de microorganismos que se desenvolvem ao redor de algum suporte, como a areia. Quando o efluente passa pela coluna, os
contaminantes são degradados pelos microorganismos, que se alimentam deles. O terceiro processo é o de filtração por membranas (ou nanofiltração). A membrana atua como uma barreira seletiva. A água atravessa, mas os corantes e alguns outros auxiliares ficam retidos.
Os testes feitos na universidade podem auxiliar, por exemplo, as indústrias a economizarem água nos banhos de lavagem realizados
após a aplicação de corantes. Geralmente, os tecidos recebem de três a oito lavagens no seu processo de produção. Em cada etapa,
a concentração de corantes na água diminui. A intenção é conseguir reutilizar a água das últimas lavagens no inicio de um novo
processo – em que não é necessário usar uma água completamente isenta de corantes e auxiliares, porque ela sairá com uma grande
concentração dessas substâncias. Os testes são realizados nos laboratórios de Simulação Numérica de Sistemas Químicos (Labsin) e de
Transferência de Massa (Labmassa), com as amostras de efluentes colhidas nas indústrias.
O projeto também prevê a criação de um banco de dados para as empresas, que contenha indicadores qualitativos e quantitativos de
consumo e geração de efluentes nas várias fases do processo produtivo. Um software que vai gerenciar a otimização do consumo de
água nas indústrias têxteis também está sendo desenvolvido por pesquisadores da UFSC.
Converse com o professor Antônio Augusto Ulson de Souza, coordenador geral do projeto, pelo telefone
331-9448, ramal 201, ou e-mail augusto@enq.ufsc.br
Converse com a professora Selene M. A. Guelli Ulson de Souza, pesquisadora do projeto, pelo telefone
331-9448, ramal 216, ou e-mail selene@enq.ufsc.br
Conheça o Laboratório de Simulação Numérica de Sistemas Químicos (Labsin) e o Laboratório de Transferência de
Massa (Labmassa) no endereço http://www.enq.ufsc.br/labs/LABSIN/