Estudo calcula e prevê ruído de avião

19/11/2003 17:14

Pesquisadores do Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC desenvolvem um trabalho em parceria com a Embraer que possibilita a redução de ruídos no interior de aeronaves antes mesmo de serem construídas. Com a utilização de programas de computador, que aplicam a tecnologia de modelagem virtual, os alunos e professores do laboratório conseguem calcular e prever, quando o projeto ainda está no papel, a quantidade de ruídos que será gerada no avião. Esse trabalho diminui os custos na produção dos modelos e torna a fabricação mais eficiente, porque não requer construção de protótipos para realização de testes.

A UFSC foi a única universidade do Brasil a conseguir aprovar, este ano, um projeto na área de acústica junto à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão do governo federal. O professor Samir Gerges, coordenador do LVA, explica que o laboratório é considerado o maior e melhor do país em recursos humanos e instalações nessa área.

Para determinar a quantidade de ruído que será gerada no interior do avião, os pesquisadores desenvolvem um modelo matemático em que aplicam, por exemplo, os dados dos ruídos produzidos pelo motor ou outros equipamentos do avião. Além do motor, há outros fatores que causam barulho na aeronave, como o fluxo de ar que passa pela fuselagem quando o avião decola. Esse fluxo de ar faz a estrutura vibrar, devido ao atrito, e provoca ruídos no interior.

Uma manta termo-acústica geralmente é utilizada entre o painel e a fuselagem do avião para reduzir os ruídos e manter a temperatura estável. Os cálculos realizados no laboratório permitem determinar qual a espessura ideal da manta para cada tipo de avião. Atualmente os projetos são desenvolvidos para três tipos de aviões a jato para passageiros. O Embraer-190 ainda está no papel, o Embraer-170 está na fase de protótipo e o Embraer-145 já está em produção.

Excelência em testes de protetores auditivos

Na área de ruídos, a UFSC também é referência em ensaios de protetores auditivos. O Laboratório de Ruído Industrial (Lari) é o único no Brasil credenciado pelo Ministério do Trabalho para realizar a avaliação desse tipo de equipamento. Todos os fabricantes e importadores de protetores auditivos no país necessitam testar o produto no laboratório antes de comercializá-los.

O professor Samir Gerges é o coordenador do Grupo de trabalho da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sobre protetores auditivos, que tem como objetivo elaborar normas brasileiras de produção e avaliação dos protetores. Empresas fabricantes, laboratórios e industrias que utilizam os protetores, como a Petrobrás, a Companhia Vale do Rio Doce e Volkswagem, participam do grupo de trabalho.

Em setembro, o professor representou o Brasil nas reuniões de Normas ISO para Atenuação dos Protetores Auditivos, em Berlim, na Alemanha, que teve como objetivo discutir as regras mundiais de fabricação e utilização desses equipamentos.

Os protetores auditivos são aparelhos usados por trabalhadores em locais onde o nível de ruídos é muito alto, como indústrias automobilísticas e siderúrgicas, por exemplo. A exposição freqüente a um ruído superior a 85 decibéis pode causar surdez – uma perda auditiva que é irreversível. Os protetores auditivos podem ser de dois tipos: em forma de concha ou plugs. Os níveis de atenuação de ruídos são diferentes em cada modelo e variam de acordo com o seu emprego.

O trabalho desenvolvido na UFSC é de ensaio computadorizado dos equipamentos. O laboratório possui alguns ouvintes, que são remunerados para participarem dos testes. Os ensaios duram 30 minutos, em média, e são realizados em uma câmara reverberante, em que o campo sonoro é calculado. O ouvinte fica com os protetores no ouvido e só precisa apertar um botão para indicar que está escutando ou não o som produzido na câmara. Os dados são enviados para um computador, onde o programa faz o ensaio computadorizado, que indica a quantidade de atenuação do protetor que foi testado. Só neste

ano, já foram avaliados 70 tipos de protetores. Em 2002, 30 aparelhos foram.

Converse com o professor Samir Gerges, coordenador dos Laboratórios de Vibrações e Acústica e de Ruídos Industriais, pelo telefone 331 9227 ou 234 4074 ou e-mail gerges@mbox1.ufsc.br

Conheça os laboratórios de Vibrações e Acústica e de Ruídos Industriais no endereço http://www.gva.ufsc.br/

Fonte: Núcleo de Comunicação do Centro Tecnológico