INICIAÇÃO CIENTÍFICA: Estudante investiga a relação entre cultura e depressão
Será que a cultura tem influência na expressão e na busca do tratamento da depressão? Essa é uma das questões que a pesquisa do aluno da décima primeira fase do Curso de Medicina, Jaime Lin, tenta responder em seu projeto, apresentado no XIII Seminário de Iniciação Científica.
O objetivo do estudo é verificar a freqüência e perfil de sintomas depressivos, detectando padrões entre descendentes de alemães, italianos e açorianos. Foram empregados questionários quantitativos e qualitativos, a fim de caracterizar os grupos quanto à percepção e expressão de sintomas depressivos.
A pesquisa foi executada em duas etapas: uma quantitativa e outra qualitativa, composta do estudo de 20 casos de indivíduos pertencentes a uma das respectivas culturas: alemã (residentes no município de São Pedro de Alcântara) e açoriana (comunidade do Ribeirão da Ilha), além de 13 representantes da cultura italiana (município de Nova Trento).
Foi aplicado um questionário sociodemográfico e de histórico pessoal, o Inventário Beck de Depressão (BDI), e um questionário composto de 13 perguntas subjetivas: o que é depressão? O que pessoas deprimidas devem fazer? Qual atividade de lazer você mais gosta de fazer?.
No Inventário Beck de Depressão os resultados encontrados foram uma prevalência de 11,3% de depressão na amostra total, sendo que os principais sintomas encontrados por cultura foram: irritabilidade (açorianos), auto-punição (italianos) e falta de energia (alemães).
Na pesquisa qualitativa, entre os descendentes de açorianos, o padrão de percepção da depressão caracterizou-se por tristeza, isolamento e a crença de que o deprimido é preguiçoso e deveria trabalhar para afastá-la. Nos italianos, a depressão esteve relacionada ao nervosismo e a ficar remoendo coisas ruins. Observou-se que o núcleo familiar possui um papel central na comunidade estudada como fonte de lazer e de preocupações, sendo a depressão relacionada a problemas familiares ou à perda de um familiar.
A família foi citada como primeiro recurso e como a responsável por indicar o melhor tratamento. Já entre os alemães, houve dificuldade em se definir a depressão, sendo a mesma relacionada a um sentimento de insuficiência. A maioria citou o trabalho como uma fonte de lazer e como principal forma utilizada para afastar pensamentos negativos e lidar com a depressão.
“Esses resultados poderão ajudar no desenvolvimento de medidas preventivas e na prática clínica para o reconhecimento precoce da depressão e sua abordagem”, complementa Jaime.
Mais informações com Jaime, no telefone 3319149 ou pelo e-mail: letícia@hu.ufsc.br
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