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O professor Arno Blass e o ex-Reitor da UFSC Caspar Stemmer participam nesta sexta (19) às 10h, no auditório da Reitoria, de uma sessão de autógrafos do livro `Caspar Erich Stemmer – Administração, ciência e tecnologia`, publicado em co-edição pela Paralelo 15 Editores e Capes – Comissão de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação, dentro da série Biografias da Biblioteca Anísio Teixeira. A receita com a venda do livro, que custa R$ 20,00, será inteiramente revertida para a Associação dos Amigos do HU. A série homenageia personalidades marcantes na montagem da pós-graduação no Brasil

Blass, o autor, faz um retrato de alguém que dedicou mais de três décadas de sua vida à UFSC, trouxe novos conceitos e idéias à universidade e que hoje, segundo ele, tem o reconhecimento daqueles que, no passado, fizeram oposição. Figura carimbada na área de política científica, Stemmer introduziu, a partir de 1965, inovações que provocaram estranheza e até mesmo rejeição em certos setores mais conservadores do corpo docente.

Mas afinal, que inovações foram essas? Arno Blass relembra que Stemmer implementou uma programação definida e obrigatória de estágios, concebida em sintonia com o currículo e desenvolvida ao longo de toda a duração do curso; criou estímulos ao aperfeiçoamento cultural (não técnico) dos alunos; engajou os docentes em programas de treinamento pedagógico e profissional, que logo desembocaram na chamada pós-graduação stricto sensu; deu início ao estabelecimento de parcerias de cooperação mútua com o segmento industrial, e implantou a um sistema de contratação de docentes em regime probatório, por um período de dois anos, condicionada a renovação dos contratos à prestação de provas de recondução.

Pelo texto de Blass, o leitor fica sabendo também que Caspar Stemmer estimulou a implantação do regime de dedicação exclusiva dos docentes, que ainda não era regulamentado por lei. E logo que conseguiu a massa crítica necessária, partiu para a criação dos primeiros cursos de pós-graduação da universidade, os embriões dos primeiros grupos de pesquisa.

Arno Blass diz que, embora hoje pode parecer que nada de revolucionário ou de inovador exista nessas iniciativas, salienta que Stemmer, na verdade, se antecipou à Reforma Universitária de 1967, que as universidades só estariam obrigadas a viabilizar a partir de 1971.

Em 1976, nomeado pelo presidente Ernesto Geisel, assumiu a reitoria da UFSC. E uma prática iria caracterizar a sua gestão: a visita surpresa a setores aleatórios da universidade, geralmente pela manhã. Para ele, a administração deveria ser entendida como atividade meio; processos deveriam ter tramitação rápida e soluções corretas; todos deveriam ser ouvidos e os recursos aplicados rapidamente e de maneira eficiente.

As origens

Caspar Heinrich Stemmer era filho de uma família de Bochum, na região do Ruhr, na Alemanha. Graduado em Economia, emigrou para a Argentina, e depois para o Brasil, em virtude da situação crítica do país, logo após o término da Primeira Grande Guerra. Chegando a Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, empregou-se como contador na fábrica de calçados Kremer & Cia.

Casou com Wally Cordelia, filha dos seus patrões, e teve três filhos: Hildegarde Juliane, nascida em 1929 e que morreria pouco tempo depois, Caspar, em 1930 e ainda Fritz, o caçula. Stemmer, o filho, freqüentou o jardim de infância evangélico em Hamburgo Velho, o primário no Grupo Escolar Antônio Vieira e o Colégio São Jacó, dos Irmãos Maristas, onde ficou até o fim do ginásio.

Cursou a Escola de Engenharia da URGS e tornou-se, mais tarde, professor e diretor da Escola de Engenharia Industrial, depois Centro Tecnológico da UFSC. Ao assumir a direção, buscou inspiração e seguiu com rigor princípios enunciados por Zeferino Vaz, o criador da Unicamp. Vaz costumava dizer que “o pior inimigo da universidade é a transigência com a mediocridade”. E Stemmer, que certa vez foi chamado por um jornalista de Sistemmer, preconizava maior rigor na seleção de professores.