Projeto de reconhecimento da face será apresentado pela UFSC no Brasiltec 2003
Reconhecer tecnologicamente um ser humano não mais pela assinatura ou impressão digital, mas pelo rosto, imitando a visão. Esta é a proposta do projeto Sorface, que permitiu o desenvolvimento de um software capaz de calcular o volume da face a partir de uma imagem captada por um sistema óptico de iluminação especial. A nova forma de reconhecimento, inédita, é feita através de ferramentas de Inteligência Artificial. O projeto será um dos apresentados pela UFSC no Brasiltec 2003, que acontece de 29 de julho a 2 de agosto, no Expo Center Norte, em São Paulo.
Este sistema permite que uma face seja reconhecida em três dimensões, da mesma forma como é percebida pelo olho humano, e não apenas em duas dimensões como fazem os programas computacionais existentes e mesmo a fotografia. “Uma imagem de frente não me permite saber se a pessoa tem o nariz grande ou pequeno, assim como em uma imagem de perfil não dá para saber se o rosto é largo ou fino”, explica o professor Jorge Muniz Barreto, coordenador do projeto.
A captação da imagem é feita por uma câmera digital e uma lâmpada com uma espécie de “rede” sobre a fonte luminosa. A sombra da rede projetada sobre a face é deformada conforme o relevo do rosto. A projeção desta rede sobre o objeto, a partir de um ângulo que pode ser bem maior que a distância pupilar, garante uma precisão maior que a do olho humano (veja as figuras). “Se o objeto fosse plano, paralelo à rede, obteríamos uma imagem de sombra idêntica à rede. Como a face é volumétrica, essa sombra fica disforme”, explica o professor. A partir da sombra das linhas da rede, o computador, através de um algoritmo desenvolvido para esse projeto, resolve cálculos de trigonometria que fornecem o volume do rosto (ver figura). O reconhecimento é feito em uma fração de segundo.
“A idéia surgiu a partir da observação de um peixinho que vive a mil metros de profundidade e tem uma pequena `lâmpada`, como uma antena, com ranhuras sobre os olhos”, conta Barreto. “Como naquela profundidade tudo é muito escuro, é através da sombra projetada que ele percebe se há algum outro animal por perto. Se a sombra ficar deformada, é porque existe volume”, complementa.
O projeto foi tese de doutorado de Antonio Carlos Zimmermann, e já foi publicado em duas revistas científicas estrangeiras, nos Estados Unidos e em Cingapura. Esta primeira parte da pesquisa prevê o reconhecimento consentido, ou seja, a pessoa deve desejar ser reconhecida, já que é preciso expor a face para a captura da imagem. Pode ser utilizado, inicialmente, em bancos, por exemplo, em substituição à senha ou assinatura, ou como segurança suplementar para aqueles que desejem acessar a sala de cofres. Já há um banco analisando a nova proposta.
O trabalho é desenvolvido, em parceria, pelo Laboratório de Conexionismo e Ciências Cognitivas (L3C) e pelo Laboratório de Metrologia e Automação (Labmetro) da UFSC. Além de Zimmermann e do professor Barreto, a equipe é composta por mais onze pesquisadores, quatro deles alunos de graduação com bolsa de Iniciação Científica. O grupo já está estudando a parte teórica de uma segunda etapa do projeto, que possibilitaria o reconhecimento involuntário de faces, para utilização, por exemplo, no combate ao terrorismo.
Mais informações:
– http://www.labmetro.ufsc.br/sorface/projeto.htm
– Professor Jorge Muniz Barreto, coordenador do projeto: barreto@inf.ufsc.br, (48) 331-7515.
– Antonio Carlos Zimmermann, autor da tese de doutorado sobre o assunto: http://www.labmetro.ufsc.br/~acz/, (48) 239-2033.





























