EdUFSC lança livro sobre a leitura de literatura no vestibular
A inclusão da literatura no vestibular, no início dos anos 90, tinha como objetivo proporcionar o contato do aluno com obras clássicas para que, através de uma escrita correta, ele pudesse melhorar a qualidade de sua redação. Como se sabe, os vestibulares nos reservam anualmente algumas “pérolas” geográficas, históricas, matemáticas, comunicacionais e outras. São frases do tipo “a diferença entre o Romantismo e o Realismo é que os românticos escrevem romances e os realistas nos mostram como está a situação do país”.
Ou “na Grécia, a democracia funcionava muito bem, porque os que não estavam de acordo, se envenenavam”. Não menos espirituosa, embora não tão longe da verdade, “a previdência social assegura o direito à enfermidade coletiva” faz companhia para “a comunicação é importante porque comunica algo entre duas ou mais pessoas que querem se comunicar”.
A introdução da leitura de literatura no vestibular, portanto, como mais um dos requisitos para a prova de língua portuguesa nesse tipo de exame, pretendia contribuir para resolver ou amenizar as dificuldades que o candidato apresentava nas provas. Ou seja, “botar os pingos nos ii e os estudantes na linha”, para usar uma frase publicada no jornal Opinião e repetida por Claudete Amália Segalin de Andrade no livro Dez livros e uma vaga – a leitura de literatura no vestibular, Editora da UFSC, 200 páginas, R$ 23,00. Nele, Claudete reconstitui o contexto do vestibular até o momento da inserção com a intenção de conhecer o espaço ao qual a pesquisa foi delimitada.
Mostra a presença do vestibular no processo educacional brasileiro como forma de compreender essa inserção como um dos pré-requisitos para as provas de língua portuguesa, no início dos anos 90 e analisa a constituição e a caracterização das listas de obras literárias indicadas para essas provas, através de um recorte de vinte dessas obras num total de 102 indicações, em dez anos na UFSC.
Num terceiro momento, Segalin examina, através de informações colhidas por meio de doze entrevistas com professores de ensino médio de diversas escolas de Florianópolis, como se dá a recepção das referidas indicações por esses profissionais e como se produz o seu trabalho de mediação a partir dessa presença. Na sequência, ela esquadrinha, via questionários aplicados a um grupo de 117 alunos recém-ingressados na universidade, sobre o modo como se processa a recepção de tais indicações nesse grupo.
Para fechar, anexa as listas de dez anos de indicações de obras para leitura da UFSC bem como listas de indicações de leitura de outras 31 instituições de ensino superior, as entrevistas realizadas com os professores de língua portuguesa do ensino médio de Florianópolis e os questionários propostos aos estudantes de primeira fase dos cursos de Engenharia de Materiais, de Odontologia, de Letras e de Pedagogia que ingressaram na universidade federal em 1999.































