Habitação Social será tema de congresso
Reunir pesquisas de todo o país sobre a temática habitação social e viabilizar recomendações para futuros projetos do setor. Estes são os principais objetivos do I Congresso Brasileiro sobre Habitação
Social – Ciência e Tecnologia, que vai acontecer em Florianópolis de 27 a 29 de agosto. Organizado pelo Grupo de Estudos da Habitação da Universidade Federal de Santa Catarina (GHab/UFSC), o evento é o
primeiro no Brasil que irá discutir a habitação social não apenas como um sub-tema, como tem sido feito em diversos encontros científicos nacionais.
“Este Congresso vai preencher uma lacuna, aproximar os pesquisadores interessados na problemática habitacional brasileira, trazendo a público o conhecimento acumulado sobre o assunto. É um bom momento também para reunirmos pesquisadores e produtores de habitação social uma vez que, embora existam muitos estudos sobre o tema, ainda não se produz no país uma casa com o mínimo de qualidade para que as pessoas se sintam satisfeitas”, explica uma das organizadoras do evento, Marina Fialho de Souza.
Através de conferências, mesas-redondas e apresentação de trabalhos, serão trabalhadas três principais temáticas: concepção, uso e avaliação do espaço – estudo das relações entre o homem e o espaço da
habitação; aspectos sociais, econômicos e culturais; desenvolvimento tecnológico – estudo de novos processos construtivos e novos materiais. Paralelamente ao Congresso, ocorrerá uma Mostra de Produtos
e Equipamentos para a Habitação Social, com a exposição de materiais, componentes e ferramentas voltadas para processos e métodos construtivos deste setor.
Em 10 anos de existência, o GHab já realizou estudos sobre quase todos os conjuntos habitacionais da Grande Florianópolis. Nestes trabalhos, foi possível perceber algumas características que se apresentam em quase todos eles. Uma delas é a questão do espaço: as casas conseguem atender satisfatoriamente famílias com até quatro pessoas, embora em muitas destas casas esteja morando o dobro desse número. “Existem alguns moradores tem, inclusive, saudade do barraco, porque pelo menos lá havia espaço para toda a família”, conta Marina. Uma solução para isso seria incluir no projeto da casa uma sugestão para uma futura ampliação que não comprometesse a qualidade da moradia, em termos de iluminação e a ventilação do ambiente, por exemplo.
Outra característica dos conjuntos habitacionais que incomoda os moradores é a padronização excessiva das edificações. Segundo a professora da UFSC, é por isso que, assim que podem, as pessoas procuram modificar as casas para diferenciá-las das demais. “É importante entender que não basta ter um teto, é preciso que as pessoas se identifiquem com a sua moradia. Se isso não ocorre, o projeto é ineficiente. Temos visto que em poucas situações, a população original se mantém no conjunto habitacional. A maioria vende o imóvel e deixa o local”, explica Marina.
A utilização das áreas coletivas dos conjuntos habitacionais também não é adequada. “Existem espaços coletivos, mas a maioria deles é usada como depósito de lixo, por exemplo. Outros são verdadeiros
matagais que, inclusive, oferecem perigo para a comunidade”, conta Marina. Mais do que o problema da segurança, a má utilização dos espaços públicos compromete as relações sociais que precisam existir
nos conjunto habitacionais para que as pessoas criem laços e se fixam no local. Esse foi um dos motivos pelos quais, por exemplo, os grandes conjuntos habitacionais produzidos pelo Banco Nacional de
Habitação (BNH) não funcionaram. “Não se constrói relações sociais em um conjunto que tem 5000 mil famílias. O espaço acaba sendo degradado pelos próprios moradores que não estão satisfeitos ali”, lembra a professora.
Mais informações pelo telefone 48 331 9797. Visite o site do evento
http://www.cthab.ufsc.br

































