Estudo levanta impactos ambientais provocados pela indústria cerâmica
Um estudo realizado no curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC está avaliando os impactos ambientais envolvidos no processo de produção, utilização e descarte de cerâmicas vermelhas e de revestimento em Santa Catarina. Trata-se do projeto de pesquisa Análise do Ciclo de Vida de Produtos Cerâmicos, que tem como objetivo avaliar as mudanças ocorridas no meio ambiente desde a extração da argila até o custo ambiental da eliminação do produto após ser utilizado. Integrado ao Programa de Tecnologia Para Habitação – Habitare – o projeto conta com recursos da FINEP, CNPq e Caixa Econômica Federal.
“Cada etapa do ciclo de vida do produto tem conseqüências ambientais, desde a extração da matéria-prima até a eliminação do resíduo”, explica o professor e coordenador do projeto, Sebastião Roberto Soares. Segundo ele, estão sendo analisados no Estado os processos produtivos de quatro empresas do setor sob o ponto de vista de seu desempenho ambiental, ou seja, a partir dos impactos que a produção de determinado produto gera no ambiente. Através desse diagnóstico, será possível comparar os diversos processos produtivos existentes para a fabricação de um mesmo produto, concluir qual deles tem melhor desempenho na variável ambiental e atribuir um índice comparativo entre as empresas do setor. “Posso avaliar uma empresa a partir de seu desempenho econômico, tecnológico, gerencial e também ambiental. Em um mercado competitivo, cada vez mais as empresas precisam se
preocupar com todos as variáveis porque em uma situação de escolha, frente a produtos com qualidade e preço parecidos, o consumidor geralmente vai escolher uma empresa que tem responsabilidade ambiental”, explica Soares.
De acordo com o pesquisador, as etapas do ciclo de vida da cerâmica que mais exercem influência sobre o meio ambiente são três: a extração da matéria-prima, a escolha e forma de utilização da fonte energética e a emissão dos resíduos resultantes do processo de produção. A extração da argila como matéria-prima causa alterações profundas na área onde foi retirada a matéria-prima, como erosão e modificação da paisagem. Já com relação à fonte energética necessária no processo produtivo, o tipo de combustível e a tecnologia empregada causam diferentes conseqüências ambientais. “Queimar lenha será mais problemático do que utilizar o gás como fonte de energia. Utilizar um forno com maior eficiência energética vai significar queimar menos combustível e assim gerar menos resíduo atmosférico”, completa o professor.
Durante o levantamento de dados para a pesquisa, foi possível observar que há uma distância muito grande em termos de gerenciamento, tecnologia adotada, qualidade do produto e desempenho ambiental entre as indústrias de cerâmica vermelha e de cerâmica de revestimento, como pisos e azulejos. “No caso da cerâmica vermelha, temos muitas micros e pequenas empresas que não dispõem de tecnologias e gerenciamento preocupados com a variante ambiental.
Muitas apresentam um processo quase artesanal de produção que se reflete de forma negativa no meio ambiente. Do outro lado, temos empresas de cerâmica de revestimento que tem processos produtivos muito semelhantes ao que existe de melhor no mundo”, aponta Soares.
Mais informações com o professor Sebastião Roberto Soares através do telefone 48 331 75 67.