Laboratório de Mamíferos Aquáticos integra pesquisa internacional para monitoramento da baleia Jubarte
O Laboratório de Mamíferos Aquáticos (Lamaq) está participando de um projeto internacional de monitoramento de baleias por satélite. O objetivo é descobrir os hábitos de migração desses animais, como os caminhos por onde passam e a velocidade em que nadam. Com informações desse tipo, é possível propor medidas que garantam a sobrevivência e a preservação das baleias. O projeto é desenvolvido em parceria com cientistas da Dinamarca e dos Estados Unidos.
A espécie monitorada é a baleia Jubarte, escolhida principalmente pelo fato de estar ameaçada de extinção. Além disso, vive perto da costa, é calma e lenta, facilitando a aproximação dos cientistas na hora de fixar o aparelho que envia sinais ao satélite. O grupo sabe que a Jubarte acasala e cria os filhotes no norte do Rio de Janeiro, no Espírito Santo e no sul da Bahia, e que vai em direção à Antártica para se alimentar. O que precisa descobrir são os caminhos feitos durante a migração, se o mesmo animal vai e volta todos os anos, onde se alimenta na Antártica, os perigos pelos quais passa, o tamanho da área que precisaria de proteção e os países que fazem parte das rotas.
Atualmente não se tem esses dados sobre nenhuma espécie de baleia. Para consegui-los, os pesquisadores fixam na Jubarte um sensor de satélite chamado Tag, que manda sinais sempre que ela sai da água para respirar. O Tag é introduzido na camada de gordura da baleia através de uma ponta de metal, uma espécie de arpão que, quando puxado de volta, deixa o aparelho travado no animal. Depois de alguns meses, ele cai. A técnica é chamada de telemetria e é utilizada pela primeira vez na América Central. Só se marcou baleias antes no hemisfério norte, onde ficam as zonas de alimentação.
Além da telemetria, o monitoramento abrange mais três ramos de pesquisa: coleta de DNA, fotoidentificação e bioacústica. Na fotoidentificação, o grupo faz imagens das caudas das baleias, que têm manchas claras e escuras que diferenciam os membros de uma população. Como não se marcam todas as baleias de uma população, uma vez que a telemetria é uma tecnologia cara, pode-se, pelo menos, conhecer todas elas pelas fotos. Na bioacústica, o som emitido na zona de acasalamento é gravado. O objetivo é fazer um arquivo sonoro das espécies que passam pela costa brasileira. Já a coleta de DNA permite saber o sexo do animal e é feita com o pedaço de pele que sai no momento em que o Tag é fixado. Os cientistas podem saber, por exemplo, se a fêmea nada a mesma distância que o macho.
Atualmente o projeto monitora quatro baleias. O aparelho é fixado na época de retorno do acasalamento, em setembro. Um animal foi marcado em setembro de 2001 e os outros, em setembro do ano passado. A equipe ainda tem recursos para marcar quinze baleias, mas está avaliando o melhor local geográfico para realizar a tarefa.
Com relação à preservação da espécie, o pesquisador-chefe da equipe da UFSC que integra o projeto, Paulo Simões Lopes, explica que o Brasil tem mantido uma posição contrária à caça, mas que essa posição depende dos dados buscados pelo monitoramento. “Muitos países, como o Japão e a Noruega, querem voltar à caça. A ausência de pesquisa não é mais argumento para matar”. Em sua opinião, há maneiras de explorar economicamente os animais sem matá-los. Ele cita o exemplo da Argentina e da Austrália, que atraem turistas para ver baleias, obtendo lucros sem maltratá-las. O professor, além de pesquisador-chefe do projeto, é supervisor do Lamaq. O grupo da UFSC é o representante brasileiro no trabalho. Trabalham em conjunto com Lopes estudantes de pós-graduação, oceanógrafos, biólogos, veterinários, institutos brasileiros e dos outros países participantes.
A princípio, o estudo ia ser feito com as baleias Minke, caçadas no Brasil até 1987, chegando quase ao extermínio. Como as Minke são pequenas, rápidas e esquivas, os pesquisadores optaram pelas Jubarte. A intenção é fazer o estudo com a Jubarte e posteriormente estender a pesquisa a outras espécies.
Mais informações com o professor Paulo Simões Lopes, pelo telefone 331-9626
Imagens obtidas nos sites:
www.fgd.org.br/parcerias.asp






























